O Papa Francisco canonizou neste domingo, 15 de outubro, na Praça de São Pedro do Vaticano, os protomártires do Brasil André de Soveral, Ambrósio Francisco Ferro, Mateus Moreira e 27 companheiros, junto a outros 5 beatos.

Após escutar o Prefeito da Congregação para a Causa dos Santos , Cardeal Angelo Amato, para que os 35 beatos fossem inscritos no livro dos santos, procedeu-se a leitura de suas biografias e a recitação da ladainha dos santos.

Em seguida, diante de uma Praça de São Pedro repleta de milhares de peregrinos e enfeitada com estandartes dos novos santos, o Pontífice leu a seguinte fórmula de canonização:

“Em honra da Santíssima Trindade, para exaltação da fé católica e incremento da vida cristã, com a autoridade de nosso Senhor Jesus Cristo, dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo e a nossa, depois de termos longamente refletido, implorado várias vezes o auxílio divino e ouvido o parecer de muitos Irmãos nossos no Episcopado, declaramos e definimos como Santos os Beatos: André de Soveral, Ambrósio Francisco Ferro, Mateus Moreira e seus 27 companheiros, Cristóvão, Antônio e João, Faustino Miguez, Angelo D’Acri, e inscrevemo-los no Catálogo dos Santos, estabelecendo que, em toda a Igreja, sejam devotamente honrados entre os Santos. Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo”.

Convidados ao banquete do Reino

Posteriormente, durante a sua homilia, o Papa Francisco comparou a relação da Igreja com Deus com a dos esposos. “Nosso relacionamento com Ele não se pode limitar ao dos devotados súbditos com o rei, ao dos servos fiéis com o patrão ou ao dos alunos diligentes com o mestre, mas é, antes de tudo, o relacionamento da noiva amada com o noivo”.

“O Senhor deseja-nos, procura-nos e convida-nos, e não se contenta com o nosso bom cumprimento dos deveres e a observância das suas leis, mas quer uma verdadeira e própria comunhão de vida conosco, uma relação feita de diálogo, confiança e perdão”, afirmou.

O Papa destacou que a vida cristã é “uma história de amor com Deus”. Nela, “quem toma gratuitamente a iniciativa é o Senhor e nenhum de nós pode gloriar-se de ter a exclusividade do convite: ninguém é privilegiado relativamente aos outros, mas cada um é privilegiado diante de Deus”.

É desse “amor gratuito, terno e privilegiado” que “nasce e renasce incessantemente a vida cristã”. O Santo Padre convidou a conservar esse amor, por que “se se perde de vista o amor, a vida cristã torna-se estéril, torna-se um corpo sem alma, uma moral impossível, um conjunto de princípios e leis a respeitar sem um porquê”.

Uma das consequências de perder a consciência do amor de Deus é a rotina, o cair em “uma vida cristã rotineira, onde nos contentamos com a ‘normalidade’, sem zelo nem entusiasmo e com a memória curta”.

A partir do Evangelho do dia, no qual se conta a parábola do esposo que convida para seu casamento os seus amigos e familiares, mas muitos recusaram o convite, o Pontífice adverte sobre o perigo de dar as costas ao amor, de rechaçar o convite do esposo, o convite de Jesus Cristo.

Os convidados que recusaram o fizeram porque estavam ocupados com suas terras, seus negócios. Francisco destacou a palavra “seu”. “É a chave para entender o motivo da recusa”.

“De fato, os convidados não pensavam que as núpcias fossem tristes ou chatas, mas simplesmente ‘não se importaram’: viviam distraídos com os seus interesses, preferiam ter qualquer coisa em vez de se comprometer, como o amor exige”.

É uma atitude egoísta a que leva se afastar do amor, “não por malvadez, mas porque se prefere o seu: as seguranças, a autoafirmação, as comodidades... Então reclinamo-nos nas poltronas dos lucros, dos prazeres, de qualquer passatempo que nos faça estar um pouco alegres”.

“Mas deste modo envelhece-se depressa e mal, porque se envelhece dentro: quando o coração não se dilata, fecha-se. E quando tudo fica dependente do próprio eu – daquilo com que concordo, daquilo que me serve, daquilo que pretendo –, tornamo-nos rígidos e maus”.

Diante dessa recusa, frente a essa humilhação daqueles que foram distinguidos com o convite, o esposo segue convidando, mas desta vez, todos aqueles que estavam nos caminhos. “Às injustiças sofridas, Deus responde com um amor maior”.

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