No último diálogo que teve com os jesuítas da Polônia, país que visitou por ocasião da Jornada Mundial da Juventude Cracóvia 2016, o Papa Francisco explicou que as situações do nosso dia a dia não são preto no branco, mas tem uma grande variedade de cinzas, razão pela qual os seminaristas e sacerdotes devem ser formados para guiar bem os fiéis.

O texto do diálogo que o Pontífice teve com este grupo de 28 sacerdotes no dia 30 de julho, foi publicado na quinta-feira, 25, por ‘La Civiltà Cattolica’, revista jesuíta dirigida pelo Pe. Antonio Spadaro, quem também participou do encontro.

“é preciso formar os futuros sacerdotes não com ideias gerais e abstratas, que são claras e diferentes, mas com este profundo discernimento de espírito, para que ajudem as pessoas em suas vidas concretas”, disse o Santo Padre em sua visita aos jesuítas.

Na ocasião, o Papa disse que os seminaristas “realmente precisam entender isto: na vida, nem tudo é preto no branco ou branco no preto. Na vida, prevalecem os aspectos cinzas. Devemos, então, ensinar a discernir este cinza”.

“Peço-lhes que trabalhem com os seminaristas. Sobretudo deem o que recebemos nos exercícios (espirituais): a sabedoria do discernimento”, afirmou.

A Igreja hoje, continuou, “precisa crescer na capacidade de discernimento espiritual” e ressaltou que em alguns seminários o plano de formação enfatiza muito a educação “à luz de aspectos que são muito claros e distintas e, portanto, para atuar com limites e critérios definidos muito rigidamente a priori”.

Ao ter estas regras definidas tão claramente, disse o Papa, a formação acaba sendo uma fórmula do tipo “deve fazer isto e não deve fazer aquilo” e assim não depende das “situações concretas” do dia a dia.

“Desse modo, os seminaristas, ao se tornarem sacerdotes, encontram dificuldade em acompanhar a vida de muitos jovens e adultos… e muita gente sai do confessionário decepcionada”, disse Francisco.

O Papa esclareceu que a direção espiritual “não é apenas um carisma sacerdotal, mas também leigo”, por isso é mais importante que os sacerdotes sejam bons nisso porque “necessitam para o seu ministério”.

Os presbíteros “recebem com frequência as confidências das consciências dos fiéis” e por isso precisam que o discernimento espiritual seja ensinado “sobretudo a eles para ajudá-los à luz dos exercícios na dinâmica do discernimento pastoral”.

O jesuíta, disse recordando o teólogo Karl Rahner, SJ, “deve ser um homem com um instinto sobrenatural”.

“Isso quer dizer que deve estar equipado com um sentido do divino e um sentido do diabólico relacionado aos acontecimentos da vida humana e da história”. “O jesuíta deve ser capaz de discernir se estiver no campo de Deus ou no campo do demônio”, ressaltou o Papa Francisco.

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