Na lista dos 50 discos mais vendidos no mundo em 2014 está apenas um brasileiro, que é sacerdote: Padre Alessandro Campos. Além de cantor, ele também é apresentador de programas de rádio e televisão. Esses trabalhos, para ele, estão ligados à sua missão evangelizadora. “A nova evangelização passa pela comunicação”, declarou em entrevista à ACI Digital.

Para Pe. Alessandro Campos, a comunicação tem grande importância no anúncio do Evangelho. “O Papa Bento XVI, o nosso saudoso Papa João Paulo II – hoje santo – e o Papa Francisco – nosso atual Papa – nos pediram uma nova evangelização”, relembrou, destacando que se trata de uma forma de atender ao pedido do próprio Cristo.

“Há muitos anos, Jesus já dizia que nós deveríamos evangelizar por cima dos telhados. É em cima dos telhados que ficam as antenas da comunicação, da televisão, do rádio e assim por diante”, declarou o sacerdote que incentiva todos a evangelizar por meio da comunicação.

Conhecido como “o Padre sertanejo do Brasil”, seu último CD, intitulado “O que é que eu sou sem Jesus? Nada, nada, nada!”, vendeu mais de 1 milhão de cópias. Diante da fama, recordou a sua canção mais tocada para explicar como vê o sucesso: “Com outra pergunta: ‘O que é que eu sou sem Jesus? Nada, nada, nada... Sem Jesus, o que é que eu sou? Nada, nada, nada...’”.

Embora afirme seu apreço pela música, Pe. Alessandro garantiu que “sempre quis ser padre” e a missão como cantor veio depois.

Alessandro Correa de Campos nasceu em Guaratinguetá (SP) e foi criado pela avó, Dona Joana, que o introduziu na fé. Sua vocação sacerdotal foi despertada aos 7 anos, ao ser levado para a Missa pela avó.

“Quando entrei na Igreja e vi a imagem de Cristo crucificado no altar me apaixonei; quando o Padre entrou cantando, disse a mim mesmo: ‘eu quero ser Padre’. Desde então, a minha brincadeira era a de celebrar Missa com bolacha e suco de groselha, vestido com a camisola de minha avó”, recordou.

Aos 13 anos, ingressou no Seminário e foi ordenado Padre aos 24 anos, em Resende (RJ). Padre Alessandro foi incardinado na Arquidiocese Militar do Brasil, tendo atuado no Colégio Militar de Brasília, como capelão. Lá, construiu a Paróquia Santa Rita de Cássia e teve início a sua relação com música e evangelização.

Neste local, sendo uma Igreja dentro de um colégio militar, o sacerdote disse ter encontrado algumas dificuldades e, por isso, buscou realizar “algo diferente que fizesse com que mais pessoas se interessassem em participar da Paróquia”. Foi, então que começou a cantar algumas canções sertanejas antes das homilias.

“Eu quis cantar os clássicos porque eles têm mensagens de vida, de superação, de fé, de natureza, família”, contou o Padre, que logo recebeu incentivos para gravar um CD.

Unir sua vocação com o dom de cantar, para ele, é uma realização. “Eu atendi ao chamado de Jesus Cristo por quem sou apaixonado e aprendi a cantar os clássicos da música sertaneja de que tanto gosto”, expressou.

Em 2014, Pe. Alessandro retornou para sua Diocese de origem, Mogi das Cruzes (SP). O seu Bispo atual, Dom Pedro Luiz Stringhini, acompanha e dirige todo o trabalho dele, permitindo-lhe ser um Padre missionário, realizar shows de evangelização, programas de rádio e TV.

Na Diocese de Mogi das Cruzes, quando ainda era seminarista, fundou sua primeira creche para crianças carentes, o Lar da Criança Santa Rita de Cássia. Atualmente, tem mais duas creches na cidade, atendendo mais de 300 famílias. Também é pároco na Paróquia do Socorro e acompanha a construção da Paróquia Santa Rita de Cássia. São para esses projetos que Pe. Alessandro reverte o dinheiro que recebe com shows e CDs.

O Padre sublinhou, porém, que este é um dos assuntos mais recorrentes nas entrevistas que concede. “Essa pergunta, sempre me fazem porque hoje há uma preocupação excessiva com o material. O materialismo comanda o coração e não o coração comanda as ações. Em uma viagem pelo interior do estado de Goiás, li em um outdoor a frase: ‘Tem pessoas tão pobres, mais tão pobres, que só tem dinheiro!’. Todos sabem que trabalhamos com o social, com o humano, que edificamos tanto o ser humano como também a casa dele, que é a casa de Deus!”, afirmou, destacando uma frase que costuma usar para falar sobre esse tema: “Não conto as moedas que ganho, conto as almas que ganho para Deus!”.

Nesse trabalho missionário, Pe. Alessandro disse contar com apoio da Igreja. “Antes de realizar algum show ou evento em uma cidade, pedimos primeiramente a bênção e depois a autorização do bispo e do padre da Diocese para apresentar a nossa proposta de evangelizar cantando música sertaneja. Só temos recebido boas-vindas! Hoje parte dos que contratam meu show são padres e até bispos”, declarou.

Assim, o sacerdote segue buscando seu objetivo, “anunciar Jesus Cristo, leva-lo para as pessoas, resgatar a felicidade das pessoas de ser de Jesus e renovar a fé de cada um”.

“Deus me deu um carisma, o de cantar. Uso o meu carisma para dizer as pessoas que Deus nos ama como nós somos! Ele nos fez para sermos felizes, cada um conforme o seu chamado. Resgatar a música sertaneja, fazendo um tributo a fé do povo sertanejo, cantando e rezando as suas raízes, me fez um Padre feliz”, concluiu.