Após a escalada de tensão entre Irã e Estados Unidos, depois da morte de Qasem Soleimani, o representante do Papa em Teerã faz um chamado ao diálogo.

O Arcebispo Leo Boccardi é Núncio Apostólico no Irã desde 2013. Em declarações a EWTN News, de Teerã, Boccardi assegurou que tem mantido o Vaticano informado sobre a situação com encontros regulares com a Secretaria de Estado.

“Acredito que as palavras do Santo Padre foram um convite à moderação, ao diálogo, a negociar para superar a tensão e para ver, esperar, que não haja nada disso... atos de vingança”, assegurou o Arcebispo Boccardi a EWTN News, no dia 6 de janeiro.

No Ângelus do último domingo, 5 de janeiro, o Papa fez um chamado ao diálogo e ao autocontrole diante deste “terrível ar de tensão”.

O Arcebispo Boccardi assegura que não prevê implicações imediatas para a pequena população de cristãos que vivem no Irã devido ao ataque com aviões não tripulados (ou drones) com o qual os Estados Unidos mataram Soleimani, pois não se trata de um conflito religioso.

“É uma guerra que se desenvolve entre Irã e outro oponente em particular que tem um nome e um sobrenome”, afirmou Dom Boccardi.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ordenou o ataque com drones que matou Soleimani, líder da Quds, a Guarda Revolucionária iraniana, assim como o líder da milícia iraquiana Abu Mahdi al-Muhandis, no último dia 3 de janeiro, no aeroporto internacional de Bagdá (Iraque).

O ataque aéreo se deu após um ataque contra a embaixada dos Estados Unidos em Bagdá. Os funcionários norte-americanos asseguram que Soleimani tinha planejado ataques adicionais contra os Estados Unidos.

O Departamento de Estado dos Estados Unidos classificou Soliemani como terrorista internacional, em 2011.

O presidente do Irã, Hassan Rouhani, jurou vingança após o ataque a Soleimani e Trump ameaçou através do Twitter, em 4 de janeiro, atacar locais culturais iranianos se o Irã atacar qualquer alvo norte-americano, uma medida que posteriormente foi rejeitada por funcionário do Pentágono.

Cantos de "morte à América" ​​foram escutados no funeral de Soleimani, em 6 de janeiro. Na manhã do dia 8 de janeiro, o Irã lançou 22 mísseis contra duas bases iraquianas que albergam tropas norte-americanas.

"A boa política está a serviço da paz, toda a comunidade internacional deve se colocar a serviço da paz, não apenas na região, mas em todo o mundo", assegurou Dom Boccardi à rádio italiana, em 3 de janeiro passado.

"O apelo é para reduzir a tensão, chamar todos à negociação", disse. "Devemos acreditar no diálogo".

O Núncio também afirmou que a paz no Oriente Médio é de responsabilidade da comunidade internacional, destacou que “pacta sunt servanda”, ou seja, que os pactos e os acordos devem ser respeitados, pois essa é uma norma importante da diplomacia, e enfatizou que as regras devem ser respeitadas por todos.

"Temos que nos armar com outras armas, como as da justiça e a da boa-vontade", declarou.

Por sua parte, o Cardeal Louis Raphael Sako, Patriarca da Babilônia dos Caldeus (Iraque), ecoou as palavras do núncio com as quais chama à oração, à prudência e ao diálogo.

"Tenho que dizer que estou pessoalmente muito impressionado depois de ouvir as palavras 'fazer vingança'", disse o Patriarca Sako à EWTN, em 6 de janeiro.

"Temos a sorte de ser cristãos, porque nossa cultura, nossa educação e nossa mentalidade é de paz, de respeito e de vida, não de sangue e de vingança", disse o Cardeal iraquiano.

Sako assegurou que acha que a Europa pode construir uma ponte para ajudar no diálogo entre o Irã e o Iraque, bem como com os Estados Unidos.

“A comunidade internacional tem responsabilidade pelo que está acontecendo na região do Iraque, Líbano, Síria e Irã agora. Eles devem os ajudar a se sentar e a dialogar de maneira civilizada e a buscar uma solução política, não lutando e ameaçando uns aos outros”, afirmou.

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"Peço a todos os cristãos que rezem por nós e nos tenham em suas orações", acrescentou.

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