O Movimento Cristão Libertação (MCL) denunciou que o governo realizou “outro boicote” contra a Jornada Nacional da Juventude, que começa neste dia 1º de agosto, proibindo a realização de atividades fora das igrejas.

A segunda Jornada Nacional da Juventude (JNJ) seria realizada este ano em Santiago de Cuba, no entanto, o evento teve que ser reconsiderado devido à crise econômica na ilha e decidiram que as atividades, que seriam realizadas em apenas uma sede, fossem distribuídas e acontecessem em cada diocese de Cuba.

No entanto, o MCL denunciou em seu site que todas as atividades teriam que ser realizadas dentro das igrejas, “poise o governo proibiu realizá-las em locais públicos, determinando assim outro boicote à Jornada Nacional dos Jovens e à Igreja Católica".

O movimento fundado por Oswaldo Payá colocou como exemplo o caso da cidade de Santa Clara, onde a Via-Sacra já não poderá ser realizada nas ruas, mas apenas em “5 estações em cada igreja”.

Depois “da morte do Cardeal Ortega, intensificou-se o assédio contra a Igreja e espera-se mais perseguição nos próximos meses", alertou o MCL em seu comunicado de 28 de julho.

Em conversa com o Grupo ACI, uma fonte da pastoral juvenil confirmou que, há poucos dias, informou-se à Comissão Nacional de Pastoral Juvenil de Cuba que o governo não autorizou as dioceses a realizar atividades públicas da JNJ, com exceção de Santiago de Cuba.

Assim, a fonte indicou que, em 24 de julho, Pe. Jorge Luis Pérez Soto, um dos assessores da Pastoral Juvenil da Arquidiocese de Havana, reuniu-se com a equipe responsável pela JNJ na capital para reorganizar as atividades.

“Um dos principais incentivos que tínhamos para a jornada era realizar a Via-Sacra e a vigília nas ruas de Havana. Nós também íamos percorrer com a Cruz o bairro de Jesus Maria, uma das zonas mais pobres da cidade”, lamentou um dos jovens da pastoral ao Grupo ACI.

Além disso, soube-se que a Diocese de Matanzas suspendeu a Via-Sacra e decidiu que a vigília fosse realizada dentro da paróquia de La Milagrosa.

No entanto, o membro da pastoral juvenil cubana comentou que os líderes da Igreja no país mantiveram sua posição de realizar o encontro apesar dos obstáculos impostos pelo governo.

Nesse sentido, a fonte contou que durante a Missa de exéquias do Cardeal Jaime Ortega, o Arcebispo de Havana, Dom Juan García Rodríguez, afirmou em sua homilia perante as autoridades do governo que “os jovens sim comparecerão à JNJ porque era um dos desejos do Cardeal cubano”.

Em uma mensagem em vídeo publicada na segunda-feira, 29 de julho, Pe. Jorge Luis Pérez informou sobre a preocupação de alguns jovens, que se perguntam se não seria mais prudente suspender a JNJ em Havana devido à morte do Cardeal Ortega.

Em resposta, o assessor da pastoral da juventude em Havana explicou que “a resposta do cristão à realidade da morte é a esperança da ressurreição” e, além disso, “seria absolutamente contrário à vontade pastoral do nosso querido Cardeal Jaime suspender a JNJ”.

“Os jovens da Arquidiocese de Havana dedicamos então a celebração da JNJ 2019 ao nosso querido Cardeal Jaime Ortega, em cujo coração, como bom pastor, todos os jovens cubanos ocuparam um lugar especial. Queremos que a alegria destes dias e o testemunho de fé sejam nossa homenagem de recordação e gratidão, e o compromisso de viver uma existência mais autenticamente cristã”, concluiu o presbítero.

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