Em uma marcha feminista em Montevidéu, no Uruguai, um grupo de mulheres pichou os muros de uma igreja com frases a favor do aborto.

Foi durante o Primeiro Encontro de Mulheres realizado nos dias 3, 4 e 5 de novembro, na capital uruguaia, cujo objetivo era convidar a população feminina a assumir uma atitude política e a refletir sobre o seu papel na sociedade que definiram como “patriarcal”.

O evento terminou no domingo, 5 de novembro, com uma marcha pelo centro da cidade, na qual aproximadamente 100 mulheres gritavam “Igreja, lixo, vós sois a ditadura” e outras frases.

 Quando passavam pela Paróquia do Cordón, duas mulheres pularam as grades e picharam os muros do templo com frases como “aborto legal”, “aborta a tua moral”, entre outros.

“Uma igreja foi profanada por fora, há um abuso do que pode ser uma resposta serena e pacífica e, assim, zombam do sentimento católico de uma parte importante da nossa população”, lamentou o Arcebispo de Montevidéu, Cardeal Daniel Sturla , na Rádio Oriental, em 10 de novembro.

“Entretanto, além disso, estão prejudicando a tolerância, a liberdade e a pluralidade”, acrescentou.

O mesmo Arcebispo de Montevidéu foi alvo dos ataques quando saia da catedral e uma das manifestantes que se identificou como argentina gritou “sacerdotes pedófilos, Igreja lixo, não apoiam o aborto, mas sim os pedófilos”.

Diante dessa situação, o Cardeal ressaltou que “novamente nos chama atenção e revela o quanto existem pessoas que procuram causar dano, fazer mal e ir contra a instituição da Igreja, a qual é acusada de muitos males, sem mais elementos do que frases pichadas do lado de fora”.

“Pareceria que é possível fazer isso com a Igreja Católica, mas não com outras instituições ou religiões. Isso chama a atenção”, questionou.

O Arcebispo indicou que esses acontecimentos não são isolados e que, em setembro, uma publicidade oficial “zombava de um dos símbolos mais queridos dos católicos, que é o Sagrado Coração de Jesus”, que foi usado como símbolo a favor da diversidade, e isso é “um uso e abuso da imagem”.

Por outro lado, em uma representação da obra de Galileu Galilei, na Comédia Nacional, zombaram de algumas canções da Missa, ao alterar as suas letras.

Diante desses acontecimentos, o Cardeal Sturla destacou que ocorrem ante “certa indiferença”, pois quando outras religiões são atacadas há espanto, mas, quando acontece com a Igreja Católica, há um silêncio cúmplice e não dizem nada.

Então, o Purpurado questionou: “Falamos de laicidade só em um sentido? Ou da laicidade como espaço, como realidade da expressão coletiva e pública da sociedade, das diversas crenças que todos nós temos? Qual conceito nós temos?”.

Finalmente, o Arcebispo de Montevidéu esclareceu que “a Igreja continua realizando a sua obra de evangelização, que é a sua primeira obra”, entretanto, também “defende, como corresponde, a sua liberdade e a dos outros”.

“E também critica quando alguém, seja quem for, ataca a liberdade dos outros. Isso sim é pluralidade, liberdade e democracia”, concluiu o Cardeal Sturla.

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