A Rede Estatal de Organizações Feministas da Espanha que reune a mais de 200 associações –a maioria delas só de nome e irreais– ameaçou este domingo, depois do sucesso das marchas a favor da vida, que “alagarão” o país com mensagens de apoio à reforma da legislação que ampliaria o aborto no país.

Conforme informaram em uma conferência de imprensa, as feministas decidiram “um conjunto de ações”, que incluirá distribuição de cartazes e folhas, envios postais com mensagens como “A favor: por uma maternidade livre e por um aborto seguro” e outros de respaldo à lei.

Os grupos feministas se reunirão em 2 de abril com a ministra de Igualdade, Bibiana Aído, cujo departamento espera ter o anteprojeto preparado no prazo de um mês, e solicitaram entrevistas com todos os grupos parlamentários.

“Será uma campanha sensata e amadurecida frente ao tremendismo desdobrado pela Igreja e os movimentos ultra católicos e pró vida”, disse Angeles Álvarez, porta-voz da Rede.

“Não podemos permitir o engano. A Igreja não está fazendo uma função eclesiástica mas sim política faz 5 anos”, disse Ana Maria Pérez de Campo, presidenta da Federação de Mulheres Separadas e Divorciadas, que também apóia o aborto.

“A Igreja se converteu em um partido extraparlamentario e fundamentalista”, disse Pérez del Campo, ao queixar-se pelo esforço da Igreja por impedir a ampliação da lei do aborto.

Mar Grande, porta-voz da organização de fachada “Católicas pelo Direito a Decidir”, disse por sua parte sentir-se “envergonhada” pela campanha da Igreja contra o “direito” ao aborto.

“Isto mostra o desejo da cúpula eclesiástica de manter espaços de poder que não lhes correspondem em uma sociedade leiga como a espanhola. Também em matéria de aborto os bispos querem dizer a última palavra mas esse poder, o de decidir sobre nosso corpo e nossa saúde, é nosso”, adicionou a “católica” abortista.

A Rede de Organizações Feministas, além de apoiar a lei de ampliação do aborto, exige que os abortos se pratiquem na rede sanitária pública e, dado que a lei deve garantir também o direito à objeção de consciência dos profissionais, pedem que o prazo de aborto livre se amplie a 16 semanas para evitar que atrasos burocráticos deixem fora a muitas mulheres.

Defendem além outro dos pontos mais polêmicos do projeto: que as jovens de 16 anos possam abortar sem consentimento paterno.