O Papa Francisco recebeu e consolou nesta quarta-feira os familiares de David Haines e Alan Henning, os dois trabalhadores humanitários britânicos que foram decapitados no ano passado pelo Estado Islâmico (ISIS).

Michael Haines, irmão de David –assassinado em 13 de setembro–, e Barbara Henning, esposa de Alan –morto em 3 de outubro–, foram recebidos pelo Santo Padre na Basílica de São Pedro ao final da Audiência Geral.

Em declarações à agência AFP, Haines disse que o encontro com o Pontífice foi emocionante. Francisco "disse que rezaria por mim para que continue o trabalho que fazemos pela unidade e a tolerância, assim como pela aproximação das nossas comunidades", expressou.

Ambos os familiares chegaram ao Vaticano graças ao movimento católico Comunidade de Santo Egidio e ao Imam al-Khoei Foundation, fundação internacional próxima à maior autoridade do islã xiita iraniano, o Ayatolá Alí Sistani.

Além disso, estiveram acompanhados pelo embaixador do Reino Unido ante a Santa Sé, Nigel Baker; o imã do leste de Londres, Shah Nawaz Haque e um grupo de islâmicos e católicos que participaram de um encontro inter-religioso que ocorreu em Roma.

O embaixador Baker destacou a contribuição de Mike Haines com o compromisso inter-religioso. Por sua parte, Barbara Henning disse, depois do encontro com Francisco, que “somos nós que devemos impedir que a violência de poucos impeça a unidade entre os povos de diferentes religiões”.

Michael Haines e Alan Henning

Michael Haines, de 44 anos, era pai de duas meninas e foi sequestrado na Síria em março de 2013. Trabalhava na organização humanitária francesa Acted, à qual se uniu para ajudar a coordenar o fornecimento de água limpa, alimentos e barracas com o objetivo de aliviar a crescente crise humanitária nos acampamentos de refugiados em Atmeh, uma população da província síria de Idlib, perto da fronteira com a Turquia. Michael foi o terceiro refém ocidental –e primeiro britânico- exibido em câmara pelo grupo terrorista.

Alan Henning tinha 47 anos, estava casado e era pai de dois adolescentes. Embora não fosse um trabalhador humanitário profissional, uniu-se a um grupo de amigos muçulmanos que tinham fundado uma associação de caridade chamada "Aid4Syria". Entretanto, foi sequestrado pelos extremistas islâmicos em dezembro de 2013 e se converteu na quarta vítima ocidental do ISIS.