“A minha vitória vem da graça de Deus e da minha entrega ao Senhor”. Assim se expressa em entrevista exclusiva à ACI Digital a atleta brasileira Juliana Gomes dos Santos, que conquistou o ouro nos 5.000 m, nos Jogos Pan-Americanos, no Canadá, e subiu ao pódio erguendo um terço.

A competição aconteceu em 21 de julho, no Estádio de Atletismo da York University e a conquista teve algo de especial para a atleta, católica e mãe de família, que na ocasião disputou os 5.000 m pela segunda vez. Juliana venceu com o tempo 15min49s97.

A atleta já havia sido ouro nos 1.500 m no Pan-Americano do Rio, em 2007, quando também carregou um terço ao subir ao pódio. “Esta foi a segunda vez que ergui o terço no pódio e nem acreditei que estava repetindo aquele feito”, declara.

Em entrevista a ACI Digital, Juliana conta que vem de uma família católica e tem grande devoção por Nossa Senhora. Casada com o maratonista Marilson Gomes dos Santos e mãe de Miguel, Juliana teve que deixar pela primeira vez a família no Brasil, quando seguiu para a competição no Canadá. 

“Quando deixei o Miguel, pensei: ‘mãe não foi feita para se separar do filho’. Por isso, me apeguei ainda mais a Nossa Senhora”.

Por conta do nascimento de Miguel, em 2011, Juliana ficou de fora do Pan de Guadalajara. Após a gravidez, a atleta diz que pediu muito a Deus para que ela pudesse voltar ao esporte. “Mas, quando tive que deixar meu filho, o sentimento que eu tinha era medo. Então, pedi o conforto de Maria, para que eu tivesse a mesma força que Ela teve ao permanecer de pé diante da cruz. Pedi que Ela não deixasse eu me perder por causa desse sentimento”.

“Algumas semanas antes, ganhei uma oração que dizia ‘Maria, nossa Mãe, passa na frente’. Comecei a rezá-la todas as noites”, lembra a esportista.

Assim, amparada por Nossa Senhora, Juliana fez do período em que esteve no Pan-Americano dias voltados para Deus. Ela conta que o local em que estavam alojados era isolado e sem televisão, por isso, seguiu os conselhos de uma irmã e aproveitou para colocar as orações em dia. A internet foi sua companheira, por meio da qual acompanhava as Missas, pregações, a oração do santo terço.

“Até na hora da corrida, parecia que eu não estava ali, e sim que eu estava sendo guiada. É muito bom sentir como nossas orações estão sendo ouvidas”, expressa.

Chegando em primeiro lugar na competição, Juliana não hesitou em erguer o seu terço e expressar sua fé. “A gente precisa ter fé e proclamar. Alguns ficaram surpresos e questionando como tive coragem. Mas, é a bandeira que carrego, que trago da minha família”, diz.

“Se estou aqui hoje, é porque Deus permitiu. Vou continuar se Ele permitir, se não, serei apenas mãe”, declara a atleta.

E, é da família que Juliana demonstra vir sua base. Ela conta que algumas de suas irmãs são evangélicas e, mesmo com as diferentes religiões, todos se respeitam na unidade cristã. “É a prova de que Deus é maior. Estamos sempre orando um pelo outro”, afirmou.

Fato marcante dessa unidade, para a atleta, foi momentos antes de ir para o Pan-Americano, quando recebeu uma foto de sua família reunida, de joelhos e com o terço nas mãos, rezando por ela. “Esta é a maior vitória”, exclama.

A fé é vivida por Juliana em seu dia a dia, não apenas em momentos específicos ou nas competições. “Meu pai fez a parte dele nos mostrando o caminho e eu busco fazer o mesmo com meu filho. Levo o Miguel, ele participa da catequese para sua idade. Busco plantar a semente, vou com meu esposo nas Missas”.

Ela também procura dar o testemunho em sua profissão, apesar de encontrar obstáculos. “Se você é evangélico e vai falar de Deus, parece que te dão mais espaço. Mas, quando diz que é católico, causa mais espanto, porque parece que o católico é mais reservado”, observa.

Entretanto, com a certeza de que Deus age em sua vida, Juliana considera necessário “mostrar a fé não só nas tribulações, mas também nas vitórias”. “É isso que procuro mostrar para as meninas que estão comigo nas competições”, afirma.

Já de volta ao Brasil, ao lado da família, Juliana dos Santos disse ao grupo ACI estar muito feliz por viver esse novo momento, como atleta, medalhista, esposa, mãe e uma mulher que não tem medo de expressar a fé.

“Deus está no meio de nós. É difícil dizer que vamos expor nossa fé, erguer o terço. Mas, não podemos ter medo. É Ele quem nos dá a vitória”, conclui.