O Núncio Apostólico no México, Dom Franco Coppola, assegurou que os enviados especiais do Papa Francisco ajudarão a Igreja no país a superar resistências e obstáculos na luta contra os abusos sexuais.

Em uma coletiva de imprensa realizada em 3 de março na sede da Conferência do Episcopado do México (CEM), Dom Coppola disse que, embora a Igreja no país tenha trabalhado na “direção certa”, os enviados especiais do Santo Padre chegarão para "ajudar a avançar sem muita resistência, sem muitos obstáculos”.

O Núncio Apostólico enfatizou que esta decisão do Papa é "uma ajuda da Santa Sé para que a Igreja no México possa cumprir sua tarefa".

No dia anterior, a CEM comunicou que o Santo Padre decidiu enviar ao México Dom Charles Scicluna, Arcebispo de Malta e vice-secretário da Congregação para a Doutrina da Fé, e Mons. Jordi Bertomeu.

A missão de Dom Scicluna e Mons. Bertomeu ocorrerá de 20 a 27 de março. Ambos se encontrarão com os bispos e religiosos mexicanos e terão dias disponíveis para receber aqueles que desejem denunciar abusos e encobrimentos.

Por sua parte, Dom Rogelio Cabrera López, presidente da CEM e Arcebispo de Monterrey, disse que o Chile, visitado em 2018 por Dom Scicluna e Mons. Bertomeu, e o México “são histórias totalmente diferentes. Não digo melhor ou pior, porque seria uma atitude muito errada. Simplesmente são caminhos diferentes”.

“A autoridade às vezes toma a iniciativa e, em outras ocasiões, recebem o pedido de ajuda. Nós pedimos o apoio da Santa Sé, com a finalidade de certificar nosso caminho”, disse.

"Estamos muito felizes de que Dom Scicluna venha fortalecer o nosso caminho, mas também sempre com a liberdade que ele deve ter de manejar a informação que ele precisa”, acrescentou.

O presidente da CEM indicou que esperam “o diagnóstico que ele nos apresentará e as tarefas que nos deixará. Ele avaliará, não sabemos, qualquer informação que receba para proceder conforme convém à disciplina eclesiástica, sabendo que desde o ano passado até o momento as normas da Igreja são cada vez mais precisas e exigentes”.

"Estamos em uma atitude totalmente aberta para que isso caminhe com mais clareza e para trabalhar sem cessar para que, pelo menos naquilo que depende de nós, se resolva da forma mais conveniente”, assinalou.

Dom Alfonso Miranda Guardiola, secretário-geral da CEM e Bispo Auxiliar de Monterrey, enfatizou que a Igreja no México trabalha “lado a lado, de mãos dadas” com a Nunciatura Apostólica, com o Centro de pesquisa e formação interdisciplinar para a proteção do menor (CEPROME), com a Conferência de Superiores Maiores de Religiosos do México (CIRM) e com “organizações nacionais e internacionais”.

“Estamos em uma grande aliança eclesial e laical, para enfrentar esse problema com toda responsabilidade. Primeiro na Igreja, para poder ajudar a resolvê-lo fora da Igreja”, assegurou.

Além disso, recordou que os bispos mexicanos são a favor de que os crimes de abuso sexual de menores não prescrevam e que estabeleceram contato com os parlamentares que promovem uma comissão especializada em crimes de abuso sexual por parte do clero.

Para o Núncio Apostólico "a gravidade da situação, da dor e do crime cometidos merecem que tentemos todos os caminhos", e encorajou a superar a desconfiança nas autoridades da Igreja.

“De fato, para tentar superar essa desconfiança, há alguns meses, disponibilizei meu e-mail publicamente”, disse e assinalou que, “após um mês de silêncio, nos últimos meses, principalmente dezembro e janeiro, recebi a sinalização de várias situações, vários abusos”.

Para Dom Coppola, “algo mudou. Havia uma situação de grande desconfiança. Eu acho que agora a situação está diferente”.

Ele informou que "a Nunciatura disponibilizou suas instalações" para as reuniões com Dom Scicluna e Mons. Bertomeu, e garantiu que "vamos garantir a confidencialidade absoluta".

Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.

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