Em 2020, a Grande Catedral da Imaculada Conceição de Al-Tahira, em Bakhdida (Iraque), que há cinco anos foi saqueada e queimada pelo Estado Islâmico, será restaurada, enquanto a maior comunidade cristã no Iraque luta para reconstruir e recuperar o que perdeu.

"É uma igreja muito importante porque foi construída com as doações da população local, dos trabalhadores rurais", assinalou o pároco de Bakhdida, Pe. Georges Jahola, à CNA – agência em inglês do Grupo ACI.

Pe. Georges Jahola na Catedral de Al-Tahira em Bakhdida em novembro de 2016, após a libertação da cidade. Créditos: Cortesia de Pe. Jahola

A catedral foi construída na Planície de Nínive (Iraque) entre 1932 e 1948, para a qual os agricultores católicos doavam cada ano de suas colheitas, explicou o sacerdote. O Grão Al-Tahira serviu a uma comunidade cristã em crescimento, até que o Estado Islâmico converteu a Igreja em um campo de tiro desde 2014 a 2016.

Após a libertação de Bakhdida do Estado Islâmico em 2016, as Missas foram retomadas na catedral danificada, enquanto os cristãos retornavam para reconstruir sua comunidade. A Fundação Pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (ACN) prometeu em 2019 restaurar completamente o interior do templo.

Além disso, a reconstrução das mais de seis mil casas danificadas em Bakhdida começou em maio de 2017 e, desde então, mais da metade foi concluída, disse Pe. Jahola.

"Com a ajuda de muitas ONGs, fomos capazes de reconstruir muitas casas", comentou, assinalando as contribuições da ACN, Samaritan's Purse, The Salt Foundation, SOS Chrétiens d'Orient, Malteser International, fraternidades no Iraque e outras em Bakhdida.

O escritório do governo húngaro para a Ajuda dos Cristãos Perseguidos anunciou em outubro uma parceria com a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional para contribuir com a reconstrução de casas em Bakhdida e Sinjar, no norte do Iraque.

"É o berço do cristianismo", assinalou o secretário de Estado da Hungria para a Ajuda dos Cristãos Perseguidos, Tristan Azbej, a CNA.

"Fizemos uma parceria com a Hungria, que fornecerá doações da Igreja Ortodoxa de rito sírio local para reconstruir cerca de 100 casas locais e a USAID fará doações e reconstruirá o centro de mercado para os negócios locais da cidade de Qaraqosh Baghdeda", disse.

Pe. Jahola comentou à CNA que Bakhdida precisa de novos empregos. "Os jovens não têm trabalho, por isso alguns deles vão a Erbil ou saem do Iraque”, disse. “Não é fácil. O Iraque agora também se encontra em uma situação política instável”.

Pelo menos 400 pessoas morreram desde que começaram os protestos contra o governo iraquiano em outubro.

Entre os sírios católicos, sírios ortodoxos, caldeus, armênios, assírios e muçulmanos em Bakhdida, houve um comitê que trabalhou em conjunto para gerenciar a reconstrução, disse Pe. Jahola.

A Catedral de Al-Tahira foi uma das quatro igrejas em Bakhdida que foi profanada e queimada pelo Estado Islâmico: duas igrejas católicas sírias e duas ortodoxas sírias.

“Acho que é muito importante apoiar esta cidade porque é o maior símbolo do cristianismo no Iraque. Até agora, continua sendo uma cidade cristã, mas não sabemos o que o futuro nos reserva”, afirmou.

Estima-se que 225 mil cristãos permaneçam no Iraque, de acordo com a ONG In Defense of Christians (IDC).

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