O Arcebispo Emérito de Salvador (BA), Dom Murilo Krieger, recordou em um artigo o Cardeal Eusébio Oscar Scheid, que faleceu por Covid-19 no dia 13 de janeiro, e resumiu suas lembranças afirmando que ela era “amigo de Deus”.

O Cardeal Scheid, Arcebispo Emérito do Rio de Janeiro, morreu na última quarta-feira, aos 88 anos, após alguns dias internado no Hospital São Francisco, em Jacareí (SP), por conta de uma forte pneumonia e de Covid-19.

Em um artigo publicado por Vatican News, Dom Murilo Krieger contou que conheceu Dom Eusébio desde que chegou a Taubaté (SP), “para iniciar o curso teológico”. “As mais de cinco décadas de conhecimento, convivência e amizade criaram entre nós laços que nem o tempo nem as distâncias enfraqueceram – pelo contrário!”, indicou o Prelado.

Dom Murilo assinalou em relação ao Cardeal Scheid, surge uma “ multidão de lembranças” em seu pensamento e coração, que o “deixam meio paralisado, sem saber o que comunicar ou por onde começar”. “Afinal, foi meu confrade, professor, formador, orientador espiritual, colega, amigo...”, assinalou.

No entanto, entre tantas memórias, o Arcebispo Emérito de Salvador destacou uma promessa de Dom Eusébio, que “se tornou uma dívida”. “Ele me dizia e repetia que queria escrever um livro sobre a Pastoral dos Enfermos e, particularmente, sobre o Sacramento da Unção dos Enfermos”, contou.

“O tempo passava e eu cobrava sua promessa, lembrando-lhe que ‘promessa é dívida’. Quando ele se tornou emérito, garantiu-me: ‘Agora escreverei o livro prometido!’. Tenho certeza de que as ideias estavam concatenadas, mas apenas em sua cabeça. Do livro mesmo, nada”, disse.

Mas, Dom Murilo revelou que, nas “últimas semanas de vida” do Cardeal Scheid, “marcadas pelo sofrimento intenso e pela solidão – essa imposta pela pandemia da Covid-19”, começou a compreender que “estava enganado”.

“O livro estava sendo escrito, mas não com palavras e frases, mas com sua dor (‘Completo em minha carne o que falta à paixão de Cristo’ – Cl 1,24), com sua solidão (‘Meu Deus, Meu Deus, por que me abandonaste?’ – Mt 27,46), com as palavras que passou a repetir, de forma sistemática: ‘Jesus... Jesus... Jesus...’”, expressou Dom Murilo.

O Arcebispo Emérito de Salvador, então, recordou que Dom Eusébio foi “religioso dehoniano, sacerdote, teólogo do Coração de Jesus (sua tese foi sobre ele), professor de Dogmática, bispo, cardeal”, enfim, “viveu intensamente”.

“De sua vida, destaco: seu amor pela Igreja (ensinava-nos a necessária fidelidade à Igreja e, particularmente, ao Papa), a profundidade de suas reflexões e o amor à Nossa Senhora”, pontuou.

Lembrou ainda que o Purpurado era “profundo conhecedor de Santa Teresinha do Menino Jesus” e “foi chamado a imitá-la de forma intensa nos últimos tempos de sua vida”.

“Alegre, sua presença nunca passava despercebida. Direto no que dizia, repetia para nós, seus alunos: ‘Todos gostam da sinceridade; poucos gostam dos sinceros!’”, relembrou.

Por fim, Dom Murilo Krieger ressaltou que as lembranças que guarda de Dom Eusébio “podem ser resumidas numa expressão bíblica: era um ‘amigo de Deus’ (Tiago 2,23)”.

“Vá em paz, Dom Eusébio! Contemple agora, sem véus, a Santíssima Trindade que o caro irmão ajudou muitos a conhecer e a encontrar, a amar e a servir!”, concluiu.

Por causa da Covid-19, não houve velório do Cardeal Eusébio Oscar Scheid. O Purpurado foi enterrado na Catedral de São Dimas, em São José dos Campos.

A Arquidiocese do Rio de Janeiro informou que será celebrada Missa pela alma de seu Arcebispo Emérito no dia 16 de janeiro, às 9h, na Catedral Metropolitana, e a Missa de sétimo dia, em 19 de janeiro, às 18h10, na Candelária. As celebrações serão transmitidas pela Rádio Catedral, WebTV Redentor e suas páginas de Facebook e YouTube.

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