A celebração do centenário das aparições de Fátima compreendeu um itinerário de sete anos, que culminou com a Peregrinação Internacional Aniversária de 13 de outubro e o encerramento das festividades; um período que, segundo o Bispo local, Dom António Marto, colocou “em realce a mensagem de Fátima”.

O Bispo de Leiria-Fátima fez um balanço das comemorações do centenário das aparições na Cova da Iria em uma entrevista ao semanário “Voz da Fátima”, na qual abordou não só a atualidade da mensagem da Virgem aos três pastorinhos, como também destacou a importância de Fátima para a Igreja em Portugal e no mundo.

O prelado recordou com a comemoração do centenário com sete anos de intensa atividade começou devido a “um desafio do Papa Bento XVI”, por meio do qual percebeu que não poderia “reduzir a celebração do centenário a uma série de eventos avulsos”.

Assim, constituiu uma Comissão Coordenadora, “que fez um belo programa teológico-pastoral”, a fim de dar “realce a Mensagem de Fátima na sua globalidade e harmonia, que se mudasse de registo dos simples aspetos devocionais para a beleza da Mensagem na sua integralidade”.

Para o Bispo, “fez-se um belo programa, com novas linguagens, diversificado e adaptado a várias idades”, o qual “acrescentou também uma dimensão cultural importante à própria Mensagem de Fátima”.

Dom Marto recordou as palavras do Papa Bento XVI, segundo o qual, “Fátima é a mais profética das Aparições moderna”. Nesse sentido, reforçou, “tem esta vocação histórico-universal, acompanhando a história de cada geração”, o que “exige uma atualização constante das linguagens pelas quais é comunicada, para ser transmitida às novas gerações”.

E é exatamente “um aprofundamento novo da mensagem de Fátima” que, para Dom Marto, fica deste centenário.

“Primeiro, numa visão global e harmônica em todos os seus aspetos e dimensões; em segundo lugar, no aprofundamento da dimensão mística de vivência da fé, como os Pastorinhos, que nos ensinam hoje a viver a fé de forma amorosa, transformadora da vida; em terceiro lugar, na dimensão profética abrindo-se aos problemas de hoje, sobretudo, quando o Papa Francisco fala da terceira guerra em episódios e dos grandes problemas da humanidade”.

Finalmente, indica, “fica o grande impacto deste Centenário quer em termos nacionais quer em termos internacionais, para além do acentuar da beleza da mensagem”.

Segundo o Prelado, algo que surpreendeu neste período foi a adesão à passagem da Imagem Peregrina pelas dioceses portuguesas e também por outros países, bem como o fluxo de peregrinações ao Santuário, inclusive internacionais.

Sobre a peregrinação da imagem por todas as dioceses portuguesas, assinala que este fato “conseguiu criar um elã e um entusiasmo que levou Portugal a descobrir-se um povo de fé, sob o manto de Nossa Senhora”.

Além disso, “todas as dioceses integraram nos seus planos pastorais a Mensagem de Fátima” e muitas peregrinaram ao Santuário, “o que já não acontecia há muito tempo”.

“São sinais de que o Santuário será um centro de espiritualidade para o país. Portugal não se compreende sem Fátima nem Fátima sem o país, por isso, julgo que o Santuário vai continuar a ser um lugar de referência para a Igreja portuguesa”, acrescenta.

Quanto às peregrinações internacionais ao Santuário, sublinha que houve “a presença de inúmeros grupos estrangeiros”, algo “como nunca se viu, em especial da Ásia ou do Oriente Médio”, o que “acentuou esta internacionalização”.

“Vivemos um entusiasmo grande com o Centenário, quer a nível nacional quer internacional”, afirma Dom Marto e reconhece, “sejamos realistas: não conseguiremos manter sempre este tom de festa”.

Entretanto, exorta a “continuar a promover o estudo da Mensagem e a apostar na sua divulgação”.

Quanto a perspectivas daqui para frente, o Bispo afirma não querer “fazer futurologia” e gostar “de ter um realismo saudável para não cairmos em utopias”.

“Julgo que há uma interligação entre a Mensagem e a cultura, isto é, a maneira de viver das pessoas em sociedade”, declara.

Nesse sentido, observa que “hoje vivemos o individualismo exacerbado e a cultura da indiferença”, frente à qual “o Papa Francisco propõe a cultura do encontro e da misericórdia”.

“Como o mundo está cheio de feridos e de feridas, nós devemos funcionar como um hospital de campanha que socorre quem está ferido. O Santuário é, por isso, uma casa de misericórdia por excelência”, assinala.

Mais em

Além disso, pontua a necessidade de “ser capazes de preencher um vazio que é notório nas pessoas”. Assim, indica que “o Santuário deve ser um oásis de espiritualidade. Tem sido, mas agora é preciso que seja mais para que as pessoas refresquem a sua fé, encham o seu próprio coração, que vivam neste silêncio uma nova espiritualidade”.

“Finalmente, é preciso não esquecer que se trata de um santuário mariano e aqui Nossa Senhora estende o seu manto materno, dá o seu colo concedendo o seu amor”, conclui.

Confira também: