Os pais do bebê Charlie Gard finalizaram hoje a longa batalha judicial para levar seu filho aos Estados Unidos para um tratamento experimental, pois as últimas análises revelaram que sua saúde se deteriorou até um ponto “sem retorno”.

Em uma mensagem difundida hoje, Chris Gard e Connie Yates assinalaram que “como dedicados e amorosos pais de Charlie, decidimos que não é mais do melhor interesse dele continuar com o tratamento e deixaremos nosso filho ir e que esteja com os anjos”.

Charlie Gard, hoje com 11 meses, foi internado em setembro de 2016 no hospital Great Ormond Street de Londres (Reino Unido). No centro médico, foi diagnosticado com síndrome de esgotamento mitocondrial, uma doença genética rara que causa a fraqueza muscular progressiva e pode provocar a morte no primeiro ano de vida.

Em abril deste ano, a pedido do hospital britânico, um juiz ordenou que fosse encerrado o suporte vital de Charlie. Seus pais apelaram sem êxito até chegar ao Tribunal europeu de Direitos Humanos, que deu razão ao centro médico.

Nessa época, os pais de Charlie tinham arrecadado mais de um milhão de dólares para levá-lo aos Estados Unidos a fim de receber um tratamento experimental que poderia melhorar sua saúde.

Em julho deste ano, o Vaticano assinalou que “o Santo Padre companha com afeto e emoção o caso do pequeno Charlie Gard” e indicou que o Papa Francisco pediu que se respeite a vontade dos pais do bebê.

Mariella Enoc, presidente do Hospital Pediátrico Bambino Gesù, de Roma, chamado de “Hospital do Papa”, se ofereceu para receber Charlie, mas o hospital Great Ormond Street se negou.

Nas últimas semanas, um tribunal britânico avaliou novamente o caso do bebê, a pedido do hospital, pois receberam comunicações de especialistas que apontavam que o tratamento experimental poderia ter um importante nível de êxito.

A Câmara dos Representantes dos Estados Unidos votou no dia 18 e julho a favor de outorgar a cidadania norte-americana a Charlie e seus pais, para que o bebê pudesse se submeter ao tratamento experimental.

Em seu comunicado, os pais de Charlie assinalaram que os médicos norte-americanos e italianos “ainda estavam dispostos” na semana passada a submeter o bebê ao tratamento experimental. “Mas, há uma simples razão pela qual o tratamento já não pode se realizar e o tempo acabou”.

“Muito tempo foi desperdiçado. Agora estamos em julho e o nosso pobre menino foi deixado só deitado em um hospital por meses sem nenhum tratamento, enquanto se travavam longas batalhas no tribunal”.

“Tragicamente, tendo as anotações médicas de Charlie sido revisadas por especialistas independentes, agora sabemos que se tivessem dado a Charlie o tratamento antes, teria tido o potencial de ser um menino normal e saudável”, assinalaram.

Entretanto, disseram, “Charlie foi deixado para que sua doença se deteriorasse devastadoramente até o ponto sem retorno”.

“Teremos que viver com os ‘e o que teria acontecido se’, que nos perseguirão pelo resto de nossas vidas”, lamentaram.

“Apesar da forma como se falou de nosso filho às vezes, como se não merecesse uma oportunidade de vida, nosso filho é um total guerreiro e não poderíamos estar mais orgulhosos dele e sentiremos sua falta terrivelmente”, acrescentaram.

“Seu corpo, coração e alma poderão ir em breve, mas seu espírito viverá para a eternidade e fará uma diferença na vida das pessoas por muitos anos. Asseguramo-nos disso”.

Em seguida, os pais de Charlie Gard pediram que se respeite a sua privacidade “durante este tempo muito difícil”, dos últimos dias de seu bebê.

“Agora, vamos passar nossos últimos preciosos momentos com nosso filho Charlie, que lamentavelmente não chegará ao seu primeiro aniversário, em apenas duas semanas”.

Ao finalizar sua mensagem, os pais do bebê lhe asseguraram: “Amamos muito você. Sempre o amamos e sempre o amaremos, e lamentamos que não pudemos te salvar você”.

“Doces sonhos bebê, durma tranquilo, nosso belo pequeno. Amamos você”, concluíram.

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