Em meio de uma controvérsia nacional, uma comunidade católica e um sacerdote devolveram ao Governo suas medalhas da Ordem de Canadá, a mais alta honra concedida no país, em protesto pela decisão oficial de conceder este galardão a Henry Morgentaler, um médico judeu de origem polonês, conhecido como o “pai do aborto” no país.
Morgentaler, que faz uns dias recebeu o prêmio, abriu em 1969 uma clínica de abortos clandestinos e se converteu no líder do movimento abortista até que em 1988 a Corte Suprema do Canadá legalizou o aborto.
Desde sua premiação, a comunidade de leigos católicos “Madonna House”, com sede em Combermere, Ontário, devolveu a medalha outorgada a sua fundadora Catherine Doherty; e o sacerdote Lucien Larre de British Columbia, que faz 25 anos recebeu o galardão, enviou sua medalha por correio às autoridades.
Além disso, a religiosa Margaret Smith, que em 2007 recebeu o mesmo prêmio por seu trabalho sanitário em Ontário do Norte, converteria-se no terceiro personagem católico que devolve o prêmio.
Representantes da Madonna House, explicaram que devolveram a medalha porque não podem estar na mesma lista de um médico abortista. Antes de morrer em 1985, Doherty escreveu uma carta em que cedia seu prêmio a toda a equipe que trabalhava com ela.
Gilbert Finn, ex-tenente governador de New Brunswick, e o detetive retirado da Polícia Frank Chauvin, também devolveram suas medalhas em protesto pelo caso Morgentaler.
O pai do aborto
Henry Morgentaler nasceu em 1923, em Lodz, Polônia e é sobrevivente do holocausto nazista. Chegou ao Canadá em 1950 junto a sua esposa e praticou medicina em Montreal.
Em 1967 se apresentou ante um comitê do Governo do Canadá para exigir que se descriminalizsse o aborto. Como não conseguiu seu propósito, dois anos depois começou a praticar abortos ilegais na clínica que fundou com este fim e foi detido por este delito. Nesse momento, o aborto só era legal no Canadá sob o suposto de risco de vida para a mãe.
Saiu em liberdade e ingressou na vida política. Para 1973, assegurava ter praticado cinco mil abortos ilegais. Foi processado judicialmente e apelou tudas as sentenças. Só purgou dez meses da prisão.
Depois da legalização do aborto, Morgentaler abriu outras cinco clínicas e atualmente tem previsto abrir filiais na zona ártica canadense. estima-se que sua rede de abortuarios lhe reportam ganhos por 11 milhões de dólares anuais.