No dia em que se celebrou a Padroeira do Brasil, 12 de outubro, o Santuário Nacional de Aparecida (SP) recebeu 160 mil fiéis, teve cinco Missas, além de procissão, consagração à Nossa Senhora e queima de fogos. Entretanto, mais do que números grandiosos, a data foi marcada por diversas expressões de fé, superação e histórias edificantes com romeiros provenientes de diferentes locais a fim de pagar promessas, pedir graças, agradecer por bênçãos alcançadas e homenagear a “Mãe Aparecida”.

Muitas famílias fizeram questão de participar unidas dessa festa e um momento propício foi a Missa das crianças, cujo dia também foi comemorado no 12 de outubro. Devotos da Virgem Aparecida levaram filhos, sobrinhos e netos para lhes transmitir a importância da fé e o amor à Mãe de Jesus.

Entre tantos peregrinos, estava dona Maria das Graças Leite, de Ponte Nova (MG), acompanhada pelo sobrinho de 8 anos e pela filha de 14 anos. Ao portal A12, ela manifestou sua preocupação em incentivar as crianças na caminhada da fé. “Para mim é muito importante trazer as crianças junto com a gente, porque é uma tradição de família, a gente cresceu na caminhada e eu acho importante que eles cresçam também”, disse.

Esse também foi o objetivo de Juvenal Oliveira, de São Paulo (SP), que levou a esposa e os filhos gêmeos de cinco anos. “Nós estamos aqui para agradecer, festejar e ensinar um pouco mais sobre a nossa crença para eles, para que eles aprendam a gostar e amar Nossa Senhora Aparecida”, contou ao portal A12. Esta foi a segunda vez que a família visitou o local. Na primeira, a esposa de Juvenal estava grávida.

Mas, não era apenas nas Missas que se podia encontrar tais demonstração de fé. Em todo o Santuário e até mesmo pelos caminhos que levam a ele, cada fiel trazia sua história e a manifestava de forma pessoal.

Na passarela da fé, que liga o Santuário Nacional à Matriz (igreja velha) e tem 392 metros de extensão, muitas pessoas fizeram o percurso de joelhos para agradecer por graças alcançadas. Uma dessas devotas foi Maria Aparecida de Melo, de 66 anos. De acordo com o site G1, a mulher que leva o nome da Santa cultivou a devoção a partir dos 26 anos, quando deu à luz seu filho caçula e, após o parto ficou em coma. Ela conta que foi Nossa Senhora quem a salvou e que esta foi a terceira vez que realizou o percurso para cumprir uma promessa.

Já na Via Dutra, rodovia que leva os romeiros até o Santuário, as demonstrações de fé eram grandes. Dividindo a pista com carros, caminhões, ônibus, muitos peregrinos seguiram a pé pelo acostamento. Foram dias de caminhada até poder celebrar o dia da Virgem Aparecida na casa da Mãe.

Dentre as várias histórias, uma delas é a do padeiro aposentado Antônio Maurício, 72 anos, que há 22 anos percorre um caminho de 191 quilômetros entre Mauá (SP) e Aparecida. Conforme revelou ao site do Diário do Grande ABC, Antônio iniciou esta peregrinação em 1988, para agradecer a recuperação de um acidente de trabalho sofrido por um parente. Depois disso, foram algumas romarias solitárias, até que outras pessoas se uniram e, desta vez, o grupo reuniu 250 peregrinos.

O grande fluxo de romeiros que seguem a pé até Aparecida é uma preocupação do Santuário, segundo indicou o reitor, Padre João Batista de Almeida, durante coletiva de imprensa na segunda-feira.

“Aumentou muito o número de peregrinos que vêm a Aparecida por essa a época a pé. Estou até preocupado com isso, pois sabemos que a Dutra é uma rodovia de muito movimento. Tudo isso influencia a nossa vida aqui no Santuário, é um desafio essa festa, mas estamos felizes em receber tantos peregrinos para celebrar essa renovação da nossa esperança, felizes em saber que não estamos sozinhos e que somos irmãos na fé, e essa fé que vai garantir dias melhores no futuro”, declarou, seguido pelo governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), que apontou a possibilidade de se pensar em roteiros alternativos para as peregrinações a pé.

Missa solene

A Missa solene do dia da padroeira foi presidida pelo Arcebispo de Salvador (BA) e Primaz do Brasil, Dom Murilo Sebastião Ramos Krieger, scj. Em sua homilia, recordou que no Santuário “ao longo de mais de 300 anos a Mãe de Jesus quer ensinar que Jesus pode modificar a nossa vida”.

“Jesus tem o poder de transformar os acontecimentos diários de nossa existência, os acontecimentos rotineiros em sinais de salvação. Maria nos ensina que devemos recorrer a Ele como ela fez”, frisou. 

Ao final da celebração, o Santuário manifestou sua gratidão aos seus colaboradores da Campanha dos Devotos e aos Devotos Mirins. Em procissão, uma família entrou com os livros contendo os nomes dos fiéis, que foram depositados embaixo do altar.