Na Santa Missa no Estádio Esportivo Barthélémy Boganda, de Bangui, o Papa Francisco fez hoje um forte apelo à evangelização, a seguir de mãos dadas com Cristo e mudar o futuro do país. Foi o último ato do Papa na República Centro-Africana antes de retornar a Roma.

“A vida eterna não é uma ilusão”, disse o Pontífice na homilia diante de milhares de centro-africanos que participaram da celebração. “Em tudo isso, Cristo ressuscitado toma-nos pela mão e leva-nos a segui-Lo”, sublinhou em seguida.

O Santo Padre lhes pediu que olhem para o futuro e “decidir resolutamente realizar uma nova etapa na história cristã do vosso país, lançar-vos para novos horizontes, fazer-vos mais ao largo para águas profundas”.

Também convidou a dar graças a Deus “pela sua presença e pela força que nos dá no dia a dia da nossa vida, quando experimentamos o sofrimento físico ou moral, uma pena, um luto; pelos atos de solidariedade e generosidade de que nos torna capazes; pela alegria e o amor que faz brilhar nas nossas famílias, nas nossas comunidades, não obstante a miséria, a violência que às vezes nos circunda ou o medo do amanhã; pela coragem que infunde nas nossas almas de querer criar laços de amizade, de dialogar com aqueles que não são como nós, de perdoar a quem nos fez mal, de nos comprometermos na construção de uma sociedade mais justa e fraterna, onde ninguém é abandonado”.

O Papa pediu que todos se maravilhem com a obra missionária que levou pela primeira vez a alegria do Evangelho a essa nação e assegurou que “é bom, sobretudo quando os tempos são difíceis, quando não faltam as provações e os sofrimentos, quando o futuro é incerto e nos sentimos cansados e com medo de falir, é bom reunir-se ao redor do Senhor, como fazemos hoje, rejubilando pela sua presença, pela vida nova e a salvação que nos propõe, como outra margem para a qual nos devemos encaminhar”. 

Um olhar para a vida eterna “sempre sustentou a coragem dos cristãos, dos mais pobres, dos mais humildes, na sua peregrinação terrena”.

Mas esta “é uma realidade que transforma já a nossa vida presente e o mundo em que vivemos”.

O Papa também pediu para romper com o “homem velho”, com o “pecador, sempre pronto a reanimar-se ao apelo do diabo (e como age no nosso mundo e nestes tempos de conflito, de ódio e de guerra!) para o levar ao egoísmo, a fechar-se desconfiado em si mesmo, à violência e ao instinto de destruição, à vingança, ao abandono e à exploração dos mais fracos”.

“Sabemos também quanta estrada têm ainda de percorrer as nossas comunidades cristãs, chamadas à santidade”, disse Francisco.

Nesta situação, “cada um pode, no seu coração, fazer a pergunta tão importante acerca da sua ligação pessoal com Jesus, examinar o que já aceitou – ou recusou – a fim de responder à sua chamada para O seguir mais de perto”.

Na última parte de sua homilia, Francisco falou da necessidade de novos mensageiros que são “ainda mais numerosos, ainda mais generosos, ainda mais jubilosos, ainda mais santos”. “Somos chamados, todos e cada um de nós, a ser este mensageiro que o nosso irmão de qualquer etnia, religião, cultura espera, muitas vezes sem o saber”.

O Papa recordou que Cristo “ressuscitou dos mortos” e que “desde então, se aceitarmos ligar-nos à sua Pessoa, as provações e os sofrimentos que vivemos sempre constituem oportunidades que abrem para um futuro novo”.

Ao final da Missa, quis enviar uma saudação especial ao Patriarca de Constantinopla, Bartolomeu I: “Antes de dar a bênção, nesta Festa de Santo André, a partir daqui do coração da África, eu gostaria de me dirigir ao meu querido irmão Bartolomeu, Patriarca Ecumênico. Faço votos de felicidade, fraternidade e peço ao Senhor que abençoe as nossas Igrejas irmãs”.