“Para nós, católicos, nada substitui a participação dos fiéis à Eucaristia”, afirmou o clero da Diocese de Barretos (SP) após novas medidas restritivas impostas pelo governo de João Doria para o combate à pandemia, entre as quais está a suspensão das atividades religiosas coletivas.

O clero de Barretos e seu bispo diocesano, Dom Milton Kenan Júnior, emitiram uma nota na qual manifestam sua “insatisfação diante das medidas tomadas” pelo governo de São Paulo.

A nota recorda ainda a importância da participação presencial na Missa, ao assinalar que a Eucaristia “é a fonte e o cume da nossa vida cristã” e dela “nasce e se revigora a Igreja”.

Na quinta-feira, 11 de março, o governo de São Paulo anunciou uma fase emergencial do plano de combate à pandemia de Covid-19, que estará em vigor entre 15 e 30 de março. A nova fase exclui alguns serviços da lista de essenciais e estabelece um toque de recolher das 20h às 5h. Entre as restrições adotadas estão as atividades religiosas coletivas, como Missas e cultos. Entretanto, as igrejas poderão permanecer abertas para atendimento individual aos fiéis.

As atividades religiosas tinham sido incluídas na lista de serviços essenciais no estado de São Paulo por meio de decreto publicado no dia 2 de março no Diário Oficial.

“Até este momento, não há nenhum indício de que nossas igrejas, tendo adotadas as medidas de segurança, sejam locais de contágio; ao contrário, há comprovação de que nas igrejas que respeitam as medidas sanitárias, não há nenhum indicador de contágio ou propagação da doença”, ressalta.

Além disso, afirma considerar “insubstituível neste momento o serviço” que, como “pastores da Igreja de Deus”, prestam ao povo, “que encontra na fé e nos sacramentos o sustento para conviver e superar o momento grave pelo qual passamos”.

Diante do aumento do número de casos confirmados de Covid-19, assim como de mortes provocadas pela doença, o clero de Barretos expressa que os preocupa “sim as quadras nas praças públicas e outros ambientes e espaços públicos”, onde “as pessoas, na maioria jovens e adolescentes, circulam sem nenhum cuidado e sem a fiscalização necessária”.

Afirma ainda que “a pandemia que estamos vivenciando de modo catastrófico e mórbido” resulta “da falta de medidas governamentais eficazes que tem gerado uma situação deplorável a que chegaram vários Estados e municípios, à beira de um colapso inimaginável”.

“É lamentável que, diante da triste realidade de quase 300 mil mortes, vítimas da Covid-19, assistamos da parte das autoridades competentes medidas inócuas, contraditórias, carregadas de cunho político-partidário”, expressa, ao acrescentar que “a grande ameaça à saúde das pessoas está no discurso dissonante da parte dos que governam nossa nação e nosso Estado, na falta de uma política sanitária adequada, desde quando da chegada e propagação do vírus”.

Além disso, aponta como “perigosos” os “grupos que se servem das mídias sociais para disseminar notícias falsas, que levam a população ao descrédito, seja em relação ao isolamento social e às medidas sanitárias, como agora diante da eficácia das vacinas”.

O clero de Barreto também lamenta as mortes em decorrência da pandemia e expressa gratidão aos profissionais de saúde.

Em seguida, sublinha que “a Igreja Católica que sobreviveu a guerras, pandemias, catástrofes e outras vicissitudes nestes 2 mil anos de sua existência, sabe, por experiência própria, que o valor absoluto é sempre o da vida”.

“Nas mais graves situações, ela sempre se manteve unida e solidária, sendo um porto seguro para aqueles que corriam e correm o risco de naufragar. Não deixaremos de fazê-lo. Com nossas portas abertas ou fechadas estamos prontos para socorrer e aliviar aqueles que sofrem”, diz a nota.

Por fim, o clero informa que, “diante das disposições governamentais, nós adotaremos as medidas implantadas, na esperança de que no mais breve tempo possível elas sejam revogadas”.

“Pedimos a Deus, por intercessão de Nossa Senhora Aparecida, Rainha e Padroeira do Brasil, que ela vele por nós e interceda pelo seu povo que luta para sobreviver e reclama o seu socorro”, conclui.

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