Um grupo de cardeais reunidos em Roma solicitou conhecer o conteúdo do relatório confidencial que foi entregue a Bento XVI como resultado da filtração de documentos secretos que revelavam desencontros entre algumas autoridades do Vaticano. Bento XVI havia determinado que o conteúdo do reporte seria conhecido apenas por seu sucessor.

Após saber do vazamento de correspondência da Santa Sé aos meios de imprensa, Bento XVI nomeou uma comissão composta pelos cardeais Julián Herranz, Josef Tomko e Salvatore De Giorgi para elaborar um relatório sobre as circunstâncias e anomalias que permitiram o episódio da filtração que ficou conhecida como "Vatileaks".

Entre os cardeais que solicitaram informação sobre as conclusões da comissão se encontra o Arcebispo de Chicago (Estados Unidos), Francis George e o Arcebispo da Aparecida (Brasil) Dom Raymundo Damasceno Assis,

O Cardeal George assinalou que "à medida que avancemos haverá perguntas aos cardeais envolvidos no governo da Cúria para ver o que opinam que deve ser mudado, e nesse contexto tudo pode acontecer".

Entre os cardeais, assinalam fontes confiáveis ao grupo ACI, o caso dos "Vatileaks" é um "fato do passado" mas "a medula do assunto está em que no relatório dos cardeais se menciona problemas de funcionamento ao interior da cúria que os cardeais deveriam conhecer".

Sobre a possibilidade de que os três cardeais encarregados do relatório entregue a Bento XVI dêem informação a outros cardeais, o diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Pe. Federico Lombardi, disse que eles "saberão em que medida poderão e deverão dar informação" a quem lhes peça.

O Padre Lombardi disse que é "normal" que alguns cardeais estejam interessados em conhecer a situação da Igreja e da cúria em geral e que nesse contexto possam fazer perguntas.

No último 28 de fevereiro, quando se explicou que os três cardeais que fizeram o relatório fariam parte das congregações gerais, o Padre Lombardi precisou que "no tempo prévio ao conclave os cardeais se encontram, aconselham-se entre eles e podem ver que elementos podem aportar na avaliação da escolha do sucessor do Papa, sem necessidade de mostrar o documento específico que permanece reservado como tal ao sucessor".