A Conferência Episcopal Venezuelana (CEV) afirmou que a consulta popular convocada pela oposição para que o povo decida sobre a Assembleia Constituinte é legítima e criticou o fato de que o governo tenha solicitado uma simulação de votação para o mesmo, pois é uma provocação que “pode ??gerar lamentáveis conflitos”.

No último dia 3 de julho, a Mesa da Unidade Democrática (MUD) propôs que seja solicitada uma consulta popular “para que o povo decida” sobre a Assembleia Constituinte promovida pelo presidente Nicolás Maduro. Dois dias depois, a Assembleia Nacional, controlada pela oposição, aprovou que a consulta seja realizada no domingo, 16 de julho.

“No próximo dia 16 de julho, promovida pela Assembleia Nacional, haverá uma consulta popular que terá legitimidade”, afirmou a CEV em um comunicado emitido na última quarta-feira.

Entretanto, advertiu que “consideramos uma provocação do governo e do CNE (Conselho Nacional Eleitoral) convocar, para o mesmo dia, uma simulação de votações em alguns centros eleitorais do país, pois pode provocar lamentáveis conflitos. O povo continua exigindo o respeito pela sua dignidade e pelos seus próprios direitos”.

Em seu comunicado, os bispos reiteraram a sua proximidade ao povo venezuelano “nestes tempos difíceis e duros que vivemos” e reiterou o seu apelo ao governo para que “retire a sua proposta de uma Assembleia Constituinte e possibilite a realização das eleições estabelecidas no Constituição”.

A CEV assinalou que a crise que afeta o país há vários anos piorou nos últimos meses com o projeto de Maduro de convocar uma Constituinte, que é “questionada e rechaçada pela maioria do povo venezuelano”.

A Constituinte de Maduro, advertiram os bispos, “pretende impor ao país um regime ditatorial”, pois “teria um poder supraconstitucional com o propósito de eliminar os atuais órgãos do Estado, principalmente a Assembleia Nacional, eleita legitimamente pelo povo”.

“Tudo indica que o que pretendem é estabelecer um Estado socialista, marxista e militar com o desaparecimento da autonomia dos poderes, especialmente o Legislativo”, afirmou a CEV.

Em seu comunicado, os bispos também denunciaram a repressão violenta praticada contra os manifestantes que há mais de três meses protestavam nas ruas e só contribuem “para a criação de um clima de tensão e anarquia, com as suas perigosas consequências”.

“Estamos enfrentando uma terrível onda de violência. A prisão de muitas pessoas, especialmente jovens, por discordar do governo piora ainda mais essa situação”, advertiu a CEV, que recordou também as “sérias denúncias acerca das torturas e maltrato” contra os presos.

Diante disso, exigiu das Forças Armadas o cumprimento do seu mandato constitucional de “estar a serviço de todo o povo no respeito e garantia da ordem constitucional e não simplesmente de um regime, partido ou governante”.

“Apelamos à consciência de todos os seus membros: não esqueçam que também fazem parte do povo e que deverão prestar contas pelos seus atos ante a justiça humana e divina”, expressaram os bispos.

Em seu comunicado, a CEV também exigiu aos líderes políticos que se cometam “somente com o povo e nunca na busca de seus próprios interesses”, buscando os mecanismos transparentes “que conduzam eficazmente à superação da crise”.

Finalmente, os bispos convidaram os fiéis a participar em 21 de julho de um Dia de Oração e Jejum para pedir “a Deus que abençoe os esforços dos venezuelanos pela liberdade, justiça e paz”.

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