O biólogo molecular filipino-americano e sacerdote dominicano, Pe. Nicanor Austriaco, explicou que, de acordo com os dados mais recentes, as vacinas que estão sendo testadas no mundo contra a COVID-19 "são seguras e eficazes".

Além disso, o também professor de biologia e teologia do Providence College (Rhode Island) e pesquisador do Centro de Teologia, Estudos Religiosos e Ética da Universidade de Santo Tomas, nas Filipinas, respondeu a uma série de dúvidas, medos e questionamentos sobre os possíveis efeitos de novas vacinas.

"Os números dizem tudo. E o que os números dizem é que essas vacinas são seguras e eficazes. Dezenas de milhares foram testados e desenvolveram uma resposta imunológica adequada ao vírus SARS-CoV2. Dezenas de milhares foram analisados ​​e ninguém ficou gravemente doente ou morreu por causa das vacinas”, indicou o Pe. Austriaco em um post publicado em sua conta no Facebook, em 10 de janeiro.

Segundo o presbítero, "assim que estiver disponível uma vacina COVID-19 para a qual tenho direito, seja nos Estados Unidos ou aqui nas Filipinas, pretendo me vacinar com ela".

"Por quê? Primeiro, porque essas vacinas salvarão vidas e protegerão nosso sistema de saúde. Acabarão com a pandemia e eliminarão a ameaça sempre iminente da quarentena e distanciamento social. Elas permitirão que nos abracemos novamente!”, disse.

Do mesmo modo, afirmou que confia "no processo científico que foi realizado no desenvolvimento e teste dessas vacinas."

“Essas vacinas baseiam-se em décadas de pesquisa. Não é como se os cientistas acordassem em uma manhã no início da pandemia e começassem do zero. Conhecemos o RNAm há mais de 50 anos e sabemos como se fabrica, utiliza e destrói na célula. Também conhecemos os vírus de RNA há décadas, incluindo a subclasse de vírus de RNA chamados coronavírus”, assegurou o especialista.

Mitos e verdades sobre os efeitos das vacinas

Pe. Austriaco confirmou que as vacinas terão efeitos colaterais, o que foi demonstrado em ensaios clínicos, mas pediu para não ter medo.

“Espero ter um braço dolorido durante um ou dois dias. Espero ter febre e me sentir exausto por um tempo. Mas estes são sinais de que a vacina está funcionando! Estes são sinais de que a vacina está aumentando minha resposta imunológica para que possa produzir esses preciosos anticorpos que vão eliminar o vírus COVID-19 se eu realmente me expor a eles no futuro", disse o biólogo molecular.

Também lembrou que “a dor, o desconforto e a simples inconveniência não se comparam com o que você experimentaria se tivesse um caso grave de COVID-19, ou Deus me livre, com o que outra pessoa experimentaria fosse infectada por você com COVID-19 e terminasse na UTI”.

Em relação à detecção de reações alérgicas raras às vacinas, garantiu que é "uma possibilidade real", já que "nas duas primeiras semanas da campanha de vacinação nos Estados Unidos, foram registrados 21 casos de reações alérgicas graves entre 1.893.360 vacinações". "A maioria dessas respostas alérgicas (71%) ocorreu dentro de 15 minutos após a injeção", disse.

No entanto, disse que isso não é motivo de preocupação, pois as "21 pessoas que tiveram uma resposta à punção da COVID-19 tinham um histórico de reações alérgicas negativas". "Portanto, é improvável que eu mesmo experimente essa reação", comentou.

Também disse que a solução para as respostas alérgicas é o medicamento EpiPen.

Em relação a algumas pessoas que morreram dias ou semanas após serem vacinadas, comentou que existem alguns relatos a esse respeito. No entanto, garantiu que “não há evidências de que essas pessoas morreram por causa da vacina”.

“Estamos vacinando milhões de pessoas em todo o mundo neste momento, portanto, deveríamos esperar que algumas morram semanas após receber a vacina. Por que? Porque as pessoas morrem. Especialmente as pessoas mais velhas. Era o momento deles, tivessem ou não recebido a vacina”, explicou.

Outro suposto efeito das vacinas é a infertilidade feminina. Para Pe. Austriaco, esta afirmação "baseia-se em uma suposta similaridade entre a proteína SARS-CoV2 Spike, que é o alvo das vacinas COVID-19 fabricadas nos Estados Unidos"; e "a proteína UK e Syncitin-1 encontrada na placenta humana".

“A afirmação é que uma resposta imunológica contra a proteína Spike desencadearia uma resposta imunológica semelhante contra a proteína sincitina-1 que torna as mulheres inférteis. Esta afirmação não é razoável e não está comprovada pela ciência. Spike e Syncitin-1 são completamente diferentes”, garantiu o especialista.

Acrescentou que estas “compartilham uma similaridade de 4 aminoácidos dos 1.273 aminoácidos da proteína Spike. É como dizer que dois meninos, um da Coreia e um da Dinamarca, são parecidos porque têm olhos castanhos escuros! Essas duas crianças podem ter olhos castanhos escuros, mas todo o demais é diferente neles".

"Da mesma forma, quatro entre milhares de aminoácidos semelhantes não fazem duas proteínas semelhantes entre si!", assegurou.

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Pe. Austriaco acredita que "se uma resposta de anticorpos contra COVID-19 desencadear uma resposta contra a placenta humana, então esperaríamos que a COVID-19 desencadeasse abortos espontâneos quando o corpo ataca a placenta enquanto ataca o vírus".

“Não se observou um aumento nos abortos espontâneos entre as mais de 45 mil mulheres grávidas que foram infectadas com SARS-CoV2 desde o início da pandemia”, lembrou.

“Por último, há relatórios de mulheres que engravidaram durante os ensaios clínicos da vacina após terem desenvolvido uma resposta imunológica contra o vírus SARS-CoV2. Isso mostra que a vacina não as tornou inférteis”, acrescentou.

Outro temor a que o biólogo respondeu é a possibilidade de reprogramação do DNA com o uso de vacinas. Ele confirmou que tal "afirmação é baseada em um suposto mecanismo mediante o qual o RNAm de COVID-19, que está incluído nas vacinas Pfizer e Moderna, volte a se codificar no DNA que depois se insere no próprio DNA da pessoa vacinada”.

“Novamente, esta afirmação não é razoável e não está respaldada por nenhuma ciência. Em sua maior parte, cada célula humana tem centenas de milhares de cópias de seu próprio RNAm em qualquer momento. NUNCA vimos esses RNAm codificados de novo no DNA e reinseridos no DNA do ser humano, inclusive quando a célula está infectada com um vírus de RNA que possui a enzima ou máquina molecular chamada transcriptase reversa, necessária para converter o RNA em DNA”, explicou.

Pe. Austriaco disse que "se esta afirmação fosse verdadeira, então as células humanas infectadas com um vírus de RNA conteriam novo DNA do RNAm da pessoa". "Novamente, isso NUNCA se viu", confirmou.

O presbítero dominicano disse que, como cientista, tem a obrigação de "respeitar as evidências, sejam dados da ciência ou da revelação divina, e simplesmente não há evidências de que as vacinas de RNAm reprogramam nossos genes".

Limites éticos das vacinas

Pe. Austriaco também aproveitou a oportunidade para abordar as complicações morais decorrentes das linhagens de células fetais derivadas de um aborto realizado há décadas e usadas para fabricar algumas das vacinas COVID-19.

“Como sacerdote, sei que diferentes pessoas têm diferentes limites de sensibilidade ao mal. Alguns sentem o mal de maneira primorosa. Outros nem tanto. Portanto, deveríamos esperar que diferentes pessoas cheguem a diferentes conclusões morais que podem até mesmo se opor enquanto ambas continuam sendo respostas virtuosas", disse.

A nível pessoal, o sacerdote garantiu que evitará as "vacinas feitas com essas linhagens de células". "No entanto, como o próprio Vaticano apontou, não é imoral se valer dessas vacinas moralmente controversas, especialmente se não houver outras opções disponíveis", disse.

“No final, acredito que os sucessos sem precedentes e verdadeiramente inesperados que testemunhamos na produção dessas vacinas são uma bênção do Senhor. Se tivessem me dito durante o primeiro confinamento que teríamos um punhado de vacinas seguras e eficazes prontas para uso durante o primeiro ano da pandemia, eu teria balançado a cabeça em descrença. E, no entanto, te deum laudamus!”, concluiu o Pe. Austriaco.

Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.

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