O jornal oficial Granma publicou um artigo que reconhece a diminuição acelerada da natalidade e o conseguinte envelhecimento populacional como os fenômenos mais preocupantes pelos que atravessa atualmente a sociedade cubana. Entretanto, as autoridades não parecem dispostas a reverter o problema.

O artigo indica que há 28 anos a taxa de fecundidade do país está abaixo do nível de substituição populacional, "ao ficar menos de um filho por mulher em idade reprodutiva".

"Isto se traduz em uma diminuição considerável do número de nascidos", uma maior expectativa de vida –que é hoje de 77 anos– e um crescimento da quantidade de pessoas com 60 ou mais anos, enquanto a proporção de habitantes de 0 a 14 anos diminui cada vez mais.

O jornal entrevista Juan Carlos Alfonso Fraga, diretor do Centro de Estudos de População e Desenvolvimento do Departamento Nacional de Estatísticas, que afirma que este envelhecimento populacional e ausência de crianças "impactará notavelmente na segurança social, a saúde pública, e na renovação da força trabalhista e o potencial técnico e científico, entre outras esferas".

O curioso é que para Fraga, esta situação problemática é conseqüência de uma política anti-natalista que considera bem-sucedida. "Tem muito a ver com a mudança favorável registrada na condição da mulher cubana dentro da sociedade, o que pode ser apreciado não só em sua maciça incorporação ao trabalho e os altos níveis de educação, cultura e desenvolvimento profissional que desfrutam, mas também no livre acesso a métodos de planejamento familiar, e a garantia de uma saúde sexual e reprodutiva satisfatória, incluindo o aborto em condições seguras".

O jornal afirma que a "solução" ao problema passa por resolver "problemas materiais" como "a insuficiência de moradias, o custo da vida, a carência de círculos infantis e serviços de apoio ao lar, além das dificuldades com o enxoval de bebê".

Atualmente, estima-se que Cuba não chegará a 12 milhões de habitantes, mas sim a população "começará a decrescer em termos globais, mas terá um maior número de idosos".

"É quase certo que dentro de uns quantos anos, a demanda de lares de idosos, comedores, casas de repouso e outros locais de atenção e lazer para as pessoas de idade avançada, superará a de novas fábricas, escolas ou centros tecnológicos.

A sociedade cubana deve se preparar para enfrentar estes desafios", indica o jornal.