“A quantos sugeriu abortar?”. Com esta interpelação, Vasco Moulian, ator e diretor de televisão no Chile, se dirigiu ao integrante da Comissão de Saúde do Senado do Partido pela Democracia (PPD), senador Guido Girardi, que apoia o projeto de lei do aborto no país.

A mensagem difundida no Facebook no último dia 14 de agosto aconteceu durante a polêmica que ocorreu três dias antes na comissão, quando o presidente de ‘Chile Siempre’, José Francisco Lagos, expôs os argumentos contra a aprovação da lei de aborto em três circunstancias: violação, inviabilidade fetal e risco para a vida da mãe.

O senador Girardi, que é médico, enfrentou José Francisco Lagos e disse que aqueles que têm uma “concepção religiosa querem impor essa visão aos que não são praticantes, nem nos sentimos representados por essas visões religiosas”.

“Se quiser, dê argumentos, mas esta comissão não deve estigmatizar, degradar ou gerar uma caricatura. Esta é uma comissão séria”, enfatizou o senador.

Lagos expressou seu desconforto pelo que disse Girardi e, além disso, enviou uma carta a um meio de comunicação lamentando que atribuam “concepções religiosas” a quem pensa diferente.

Este acontecimento motivou o ator Vasco Moulian a interpelar ao senador: “A quantos sugeriu abortar? (…) Você talvez fez com que muitos pais e mães tenham abortado, estou fazendo um prejulgamento sobre você, mas se isso não for verdade, responda-me claro e forte: ‘Vasco eu nunca sugeri que uma família abortasse’”.

Moulian, que em 2014 foi condenado a prisão em regime aberto pela dívida de pensão alimentícia para as duas filhas do seu primeiro casamento, citou como exemplo sua história atual com sua segunda esposa que passou por uma complicada gravidez de gêmeos.

“Temos uma filha entre a vida e a morte”, disse em referência à pequena Maria Graça, que nasceu em maio deste ano com síndrome de Down e sofre de cardiopatia.

“Conto-lhe que 5 médicos me disseram: Vasco por que não a aborta? (…) É difícil – diziam-me – e ainda por cima está fazendo com que a mãe corra risco de vida, pois está grávida de gêmeos, disseram 3 médicos”, relatou.

“Suplico-lhe, doutor e senador, que deixe que todo ser humano viva esta experiência. Porque o que você me sugeriu depois de ver as ultrassonografias é abortar”.

Dois dias depois, Girardi respondeu ao ator e lhe indicou que “como médico, senador e pessoa nunca sugeri que ninguém praticasse um aborto”.

Segundo o senador “a futura lei (de aborto) consagra o direito a decidir e não induz ninguém a interromper uma gravidez, mas permite que uma mulher possa escolher por interromper uma gestação se o seu caso se encaixa dentro destas três circunstancias”.

Antes de terminar, o senador sugeriu a Moulian não se unir à “campanha do terror” a qual aponta que o projeto do aborto “sugere de algum modo a decisão que as mulheres devem tomar, muito menos, estabelece o aborto como obrigação”, esclareceu o senador.

Vasco Moulian, ex-diretor de programação do Canal 13, também havia exortado o senador Girardi a confiar na “evolução da ciência, feita pelos próprios doutores”.

Além disso, Moulian se dirigiu aos seus seguidores e lhes disse: “Acreditem em mim. Se alguma vez enfrentarem um dilema assim, não duvidem. Vida para sempre”.

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