A Arquidiocese do Rio de Janeiro se somará à campanha de doação de cestas básicas aos servidores públicos do estado que têm enfrentado a ausência do pagamento de seus salários.

Na noite do dia 19 de julho, o Arcebispo do Rio de Janeiro, Cardeal Orani João Tempesta, recebeu para uma reunião líderes do Movimento Unificado dos Servidores Públicos Estaduais (Muspe) para tratar da atual situação dos servidores e se comprometeu a colaborar na arrecadação e doação de alimentos.

“Preocupados com a falta de pagamento dos salários e, consequentemente, com a falta de alimento na mesa dos servidores, os representantes do Muspe pediram nossa intercessão e ajuda”, explicou o Purpurado, segundo o site da Arquidiocese, ‘ArqRio’.

O Cardeal informou que se colocaram “à disposição, enquanto cáritas arquidiocesana, para incentivar uma campanha de arrecadação de alimentos e também de dinheiro para a compra desses mantimentos, nessa solidariedade com aqueles que trabalham para o bem público de nosso estado”.

Também presidente do Regional Leste 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Dom Orani se disponibilizou para “poder encontrar alguns locais, em outras cidades do nosso estado, que possam ser bases de arrecadação e distribuição desses alimentos, para que os servidores tenham outras opções que favoreçam a logística de recebimento dessas cestas”.

O estado do Rio de Janeiro enfrenta uma situação de calamidade financeira. Alguns servidores públicos estão há 3 meses sem receber os seus salários e ainda falta o pagamento do 13º salário de 2016.

Diante dessa realidade, muitos dos próprios servidos se organizaram para arrecadar alimentos e montar cestas básicas que estão sendo distribuídas aos colegas. De acordo com o presidente do Sindicato dos Servidores da Carreira Socioeducativa do Estado do Rio de Janeiro (Sind-DEGASE), João Luiz Rodrigues, na “primeira semana já distribuímos 1.300 cestas básicas”.

Entretanto, disse que estão “preocupados, porque são mais de 200 mil servidores precisando desse auxílio”. “Sabemos que a Igreja tem um papel fundamental nessa ajuda humanitária e nos ajudará muito diante dessa realidade”.

Rodrigues explicou que a iniciativa se trata de “um ato de solidariedade”. “Nós temos a consciência de que nossa ação não vai pagar as contas de ninguém, mas temos também uma responsabilidade diante da decisão que o governo tomou de pagar algumas classes e outras não”.

“Entendemos que a culpa não é do servidor que recebe, mas do governo que chegou a um colapso de gestão, por isso, criamos a campanha de doação de alimentos para tentar minimizar esses efeitos da crise”, declarou.

Segundo vigário episcopal para a Caridade Social da Arquidiocese, cônego Manuel Manangão, “a Igreja no Rio de Janeiro já vem contribuindo com a arrecadação de alimentos e a cada ano são inúmeras cestas básicas que são distribuídas em um trabalho permanente em nossas comunidades”.

Ao final da reunião, o Bispo auxiliar do Rio de Janeiro e animador das Pastorais Sociais, Dom Joel Portella Amado, observou que, “por mais que a situação esteja calamitosa e sofrida, o mal não tomou conta desses servidores, que continuam lutando e sonhando”.

“Tudo isso não os isolou... Eles não ficaram uns contra os outros”, expressou e desejou que os servidores mantenham esta “unidade e sensibilidade para com um problema muito maior, crônico, e que não vai se resolver só com essa campanha”.

“Há muita coisa para fazer por esse Brasil, pelo nosso estado, pelo mundo. Eles não podem deixar esse sonho da solidariedade desaparecer, pois se a calamidade tomou conta de nós, não tomou conta de nossos corações”, concluiu.

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