O Arcebispo de Erbil, Dom Bashar Warda, assinalou que “as tensões atuais” entre Estados Unidos e Irã “não devem aumentar”, pois isso poderia se traduzir em um cenário terrível para o Iraque.

O Prelado fez essa consideração em um comunicado enviado na quarta-feira, 8 de janeiro, à Fundação Pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (ACN), no qual declara que a escalada de tensão entre Teerã e Washington não deve crescer para que o risco de uma guerra não volte a incendiar o Iraque, deitando por terra todo o esforço de recuperação e reconstrução que sido realizado após a derrota dos jihadistas do Estado Islâmico em 2017.

O pedido feito por Dom Warda se deu em um momento extremamente sensível depois do ataque com mísseis do Irã, na madrugada de quarta-feira, a duas bases militares norte-americanas no Iraque, uma delas situada precisamente em Erbil, no chamado Curdistão iraquiano.

O conflito entre Estados Unidos e Irã e o risco de uma escalada bélica teve início na última sexta-feira, 3 de janeiro, quando um ataque com drones realizado pelos Estados Unidos matou Qasem Soleimani, líder da Quds, a Guarda Revolucionária iraniana, no aeroporto internacional de Bagdá (Iraque). Logo em seguida, o Irã jurou vingança implacável.

Diante dessa situação, Dom Warda recordou que o Iraque tem sofrido “guerras por procuração desde há décadas”, a mais recente das quais terminou em maio de 2017 com a derrota do autoproclamado Estado Islâmico (ISIS).

Desde então, sublinhou o Prelado, a Arquidiocese de Erbil tem trabalhado “com outros líderes da igreja, agências cristãs, agências humanitárias, governos e ONG’s, para ajudar a reconstruir as comunidades fragmentadas em Mossul e na Planície de Nínive”.

Segundo Dom Warda, tem sido um caminho “muito desafiador arrecadar fundos e apoio internacional para nos ajudar a recuperar fisicamente o que perdemos a partir de agosto de 2014”.

Por isso, reforçou que é urgente que a guerra não volte a ameaçar tão frágil realidade. “As pessoas estão cansadas da guerra e das suas consequências trágicas. Sofreram demais e não podem mais enfrentar um futuro desconhecido. Precisam ter certezas, segurança, esperança e acreditar que o Iraque pode ser um país pacífico para se viver, em vez de ser vítima de danos colaterais sem fim”.

“Como líderes da Igreja, seguiremos sempre o caminho de Deus em busca de paz, reconciliação, diálogo mútuo e não de conflito”, afirmou o Arcebispo de Erbil, recordando as recentes palavras do Patriarca da Babilônia dos Caldeus (Iraque), Cardeal Louis Sako, o qual também alertou para o sentimento de “medo e ansiedade” do povo iraquiano perante a possibilidade de ter de enfrentar uma nova guerra.

De fato, o Patriarca Sako afirmou, após o assassinato de Soleimani, que as pessoas “têm medo de que o Iraque se transforme em um campo de batalha, em vez de uma pátria soberana capaz de proteger os seus cidadãos e riqueza”.

Tanto Dom Louis Sako, como agora Dom Bashar Warda defendem o diálogo para a paz e pedem à comunidade internacional para ajudar a fazer esse caminho. “Rezamos pela paz”, diz o Arcebispo de Erbil no final do comunicado enviado à Fundação ACN, e para que “o diálogo possa ter um resultado justo e pacífico”.

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