O Abade do mosteiro beneditino de Montserrat, em Barcelona (Espanha), Pe. Josep Maria Soler, pediu perdão durante a homilia de domingo pelos abusos sexuais cometidos pelo monge Andreu Soler, falecido há 10 anos.

As vítimas fizeram manifestações na porta da abadia no domingo e pediram a renúncia do Abade, que segundo afirmam, já sabia dos abusos há 20 anos e não fez nada para impedi-los.

Miquel Hurtado é uma das vítimas de abuso sexual cometido pelo monge Andreu Soler, do Mosteiro de Monsterrat, Barcelona (Espanha), que conta sua história no documentário "Exame de Consciência", da Netflix.

Diante da grande repercussão que documentário teve na mídia, o atual Abade de Montserrat, Pe. Josep Maria Soler, pediu perdão durante a homilia de domingo, 3 de fevereiro, por casos de abuso sexual na abadia.

"Nos últimos dias, os meios de comunicação têm falado sobre alguns casos de abusos a menores por parte de homens da Igreja, que são totalmente contrários à vocação recebida”, assegurou.

Destacou os fatos e as denúncias contra um dos monges, Andreu Soler, "falecido há dez anos".

"Diante desses acontecimentos, meus irmãos da comunidade e eu humildemente pedimos perdão às vítimas; somos solidários com sua dor e oferecemos o apoio da comunidade", sublinhou.

Assegurou também que "os abusos sexuais de menores por pessoas consagradas a Deus nos doem profundamente porque ferem a parte mais vulnerável das vítimas e traem a confiança que depositaram neles".

"Pedimos perdão também a todas as pessoas que, a partir do conhecimento destes fatos, ficaram escandalizadas ou perderam a confiança nas instituições da Igreja. Pedimos perdão também pelas coisas que no passado, em Montserrat, não foram feitas suficientemente bem e com isso facilitaram comportamentos indignos”, assegurou o Abade.

Nesse sentido, Pe. Soler reiterou em seu nome e no da comunidade beneditina a "mais forte condenação a qualquer tipo de abuso feito a menores. E também expressamos nosso desejo de total transparência".

Como sinal desse desejo de transparência, o Abade recordou que, em 1º de fevereiro, foi criada uma comissão externa de investigação para "analisar os casos que podem ser denunciados. E então agiremos de acordo, daremos os resultados da investigação da comissão seguindo o protocolo estabelecido pelo Papa Francisco e por nossas Igrejas particulares”.

"Temos as ferramentas necessárias para esclarecer os fatos e ajudar as vítimas de maneira justa e evangélica", assegurou.

"Os abusos são um problema que também ocorrem na Igreja e que deve ser enfrentado com decisão, segundo as orientações dadas pela Santa Sé, apesar das dificuldades, num espírito de confiança e de uma forma esperançosa. Porque reconhecer a verdade nos libertará. Nesta importante tarefa, Montserrat estará sempre presente", indicou Pe. Soler.

Por sua parte, Miquel Hurtado, um dos primeiros a denunciar publicamente o monge Andreu Soler se manifestou neste mesmo domingo no pátio da Abadia de Montserrat com Pete Saunders, ex-membro da comissão contra a pederastia no Vaticano.

Hurtado pediu a renúncia do atual Abade, pois considera que ele sabia "há 20 anos" da existência dos abusos do monge Andreu Soler e não denunciou nem à polícia, nem ao Vaticano, nem abriu uma investigação para esclarecer.

Hurtado afirmou também que a comissão criada pela abadia não é suficientemente independente e, portanto, exigiu que outra seja criada, liderada por um representante independente da sociedade catalã para garantir a imparcialidade de suas ações.

Por sua parte, a comissão criada na Abadia de Montserrat ofereceu a cada uma das supostas vítimas realizar um encontro pessoal e também forneceu um endereço de e-mail para novas queixas: transparencia.montserrat@gmail.com

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