Os bispos da Ucrânia enviaram uma carta com uma correção fraterna especial aos bispos da Alemanha frente aos vários postulados destes últimos que são contrários à doutrina católica.

Os bispos de rito latino na Ucrânia enviaram a carta a Dom Heiner Koch, presidente da Comissão para o Matrimônio e a Família do episcopado alemão.

Em primeiro lugar, a carta se refere às conclusões dos bispos em dezembro de 2019, em Berlim, onde os prelados alemães estiveram de acordo em que a homossexualidade é uma "forma normal" da identidade sexual humana.

Sobre isso, os bispos ucranianos indicaram que “os círculos LGBT estão realizando um ataque ideológico massivo contra nossos jovens e crianças para desmoralizá-los. As organizações mencionadas acima justificam e apoiam suas atividades e propaganda, também se referindo à 'nova visão' do episcopado alemão”.

"Dói-nos ver a propaganda LGBT se referindo às suas palavras para lutar contra o cristianismo e também contra todos aqueles que reconhecem a verdadeira antropologia, baseada nas Escrituras e nas leis naturais", ressaltaram.

Essa atitude dos bispos alemães também confunde os fiéis homossexuais, alertaram os prelados ucranianos.

"Alguns de nossos fiéis, que carregam o fardo da homossexualidade e outras feridas na esfera sexual, ao saber de certo tipo de declarações de sua Comissão, sentem-se impotentes em sua luta pela vida casta”, destacaram.

Além disso, "os casais que se opõem à mentalidade anticonceptiva deste mundo e se abrem ao dom da vida sentem profundas dúvidas depois de ler suas opiniões sobre a anticoncepção”.

"Alguns de nossos fiéis experimentam ressentimento ou acusações de outros cristãos que acusam a Igreja Católica de se afastar da verdade revelada por Cristo”, continuaram os ucranianos.

“Algumas comunidades protestantes nos acusam de infidelidade à Palavra de Deus e os irmãos ortodoxos, de infidelidade à tradição. Por quê? Porque veem sua posição não como um ensinamento privado ou inclusive como um caminho separado da Igreja na Alemanha, mas como a posição de toda a Igreja Católica ”, sublinharam.

A grave crise da Igreja na Alemanha

Nos primeiros dias de setembro de 2019, o Cardeal Marx disse que "pode-se chegar à conclusão de que faz sentido, sob certas condições e em certas regiões, permitir sacerdotes casados".

O Cardeal também fez outras declarações contrárias à doutrina da Igreja, nas quais encorajou o acesso à comunhão dos divorciados em nova união, promoveu que os sacerdotes católicos concedam a bênção a casais homossexuais e sugeriu que os leigos pregassem na Missa.

Em uma entrevista em 2018, o vice-presidente da Conferência Episcopal Alemã, Dom Franz-Josef Bode, disse que, se a ordenação de sacerdotes casados ​​na Amazônia fosse autorizada, os bispos alemães insistiriam em ter a mesma permissão. Em janeiro desse ano, ele também disse que era a favor de abençoar casais homossexuais.

Por outro lado, Dom Franz-Josef Overbeck, Bispo de Essen e presidente da Adveniat, instituição de ajuda da Igreja na Alemanha para a América Latina, disse que o Sínodo da Amazônia "é um ponto sem retorno" para a Igreja e que "nada será como antes” depois deste encontro.

O Prelado também apoiou publicamente a “greve das mulheres” contra a Igreja na Alemanha, convocada por um grupo de católicas após o não do Papa Francisco à ordenação de diaconisas.

Em 2016, o Episcopado Alemão aprovou a possibilidade de dar a comunhão aos divorciados em nova união, em 2017 a maioria dos bispos se manifestou a favor de dá-la aos cônjuges protestantes dos católicos.

Apesar de uma carta enviada pelo Papa Francisco aos bispos alemães em junho de 2019, o ritmo de afastamento da doutrina parece ter acelerado depois do Sínodo da Amazônia e do início do polêmico processo sinodal na Alemanha.

Em meados de julho deste ano, a Conferência Episcopal da Alemanha divulgou algumas estatísticas do ano de 2018, entre as quais destaca que, no período, mais de 216 mil fiéis decidiram abandonar a Igreja Católica.

Além disso, dos 23 milhões de batizados no país, de uma população total de 83 milhões, a porcentagem daqueles que participam da Missa Dominical é de 9,3%, ou seja, cerca de 2,1 milhões.

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No caso dos sacerdotes que servem nas dioceses do país, o número caiu para 1.161 em 2018, enquanto no ano 2000 havia mais de 17 mil.

As estatísticas também indicam que no ano 2000 havia 13.241 paróquias na Alemanha. Em 2018, caíram para 10.045.

As estatísticas de 2018 não fornecem nenhuma informação sobre o sacramento da Reconciliação ou da Confissão, uma prática que parece ter sido quase completamente abandonada pelos católicos do país, incluindo os sacerdotes.

Publicado originalmente em ACI Stampa. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.

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