O Primeiro Vice-presidente da Conferência Episcopal Venezuelana (CEV) e Arcebispo de Coro, Dom Roberto Lückert León, disse esperar que a recente "mensagem de amor" do Presidente Hugo Chávez se deva a uma verdadeira conversão, a qual deve concretizar-se em obras.

"Não quero duvidar da boa fé do Presidente da República, mas como ele nos enganou, e me perdoam a expressão, às vezes diz uma coisa e 15 dias depois diz outra diferente. Tomara que esta seja uma verdadeira conversão e que entenda que semeando ódio só colherá tempestades", declarou o Prelado a União Rádio.

Dom Lückert assinalou que "nunca é tarde para amar nem para se converter". Indicou que se depois de oito anos nos que utilizou uma linguagem de violência e divisão, "entendeu que a vamos construir uma Venezuela não sobre o ódio nem a violência, mas com amor e solidariedade", então "há que parabenizá-lo".

"O que semeou nestes anos foi agressão e animadversão do venezuelano contra o venezuelano. Ele é Presidente de todos os venezuelanos e não pode discriminar ninguém, porque deve governar para todos e parece que só governa para os que estão com ele", lembrou.

Nesse sentido, insistiu ao Chávez fazer concreta sua mensagem de amor e para isso lhe sugeriu conversar com os ex-trabalhadores de Petróleos da Venezuela, despedidos por manifestar-se contra o Governo. "A conversão não é só de palavra, mas sim de obras", afirmou.

"Com esta declaração amorosa que fez deveria dizer: Proponho-me como o promotor do amor, a convivência e a solidariedade e vou convocar estas pessoas que se sentiram lesadas nestes oito anos de Governo", assinalou o representante da CEV. Dom Lückert acrescentou que "outro ato de amor" seria eliminar o Imposto sobre o Valor Agregado (IVA).

O mandatário mudou seu discurso conforme se aproximam as eleições presidenciais. Depois de anos de atacar a oposição com adjetivos qualificativos e de desprestigiar a quem não pensa como ele, Chávez afirma agora que fez tudo "por amor" e que para continuar sua obra necessita do voto dos venezuelanos.

A campanha impressa começa com o título "Mensagem de amor para o povo da minha Venezuela". Parte do corpo afirma: "Por amor vocês me fizeram Presidente; governei estes anos por amor; há muito por fazer; necessito mais tempo"; e termina com a frase "Preciso do seu voto, seu voto por amor".

Nas propagandas televisivas, Hugo Chávez aparece com camisa azul e não vermelha que sempre o caracteriza. Segundo o jornal Ultima Notícias, porta-vozes do Comando Miranda, que organiza a campanha eleitoral, escolheu-se a cor azul porque de acordo com estudos psicológicos, este alude a sentimentos positivos e suaviza a imagem dura do Presidente.