Em sua catequese na Audiência Geral desta quarta-feira, realizada no Palácio Apostólico e sem a presença do público, o Papa Francisco assinalou a oração como aquela porta que nos permite o acesso a Deus que é amor.  

"Hoje e na próxima semana queremos ver como, graças a Jesus Cristo, a oração nos abre à Trindade, ao imenso mar de Deus-Amor. Foi Jesus que nos abriu o Céu e nos projetou para uma relação com Deus”, afirmou o Santo Padre.

“Realmente não sabíamos como se pudesse rezar: que palavras, que sentimentos e que linguagem eram apropriados para Deus. Naquele pedido dirigido pelos discípulos ao Mestre, que temos recordado frequentemente no decurso destas catequeses, há toda a hesitação do homem, as suas repetidas tentativas, muitas vezes infrutíferas, de se dirigir ao Criador: «Senhor, ensina-nos a rezar» (Lc 11, 1)", refletiu o Papa.

No seu discurso, o Pontífice refletiu ainda sobre a relação de amor que Deus estabelece com a humanidade em Jesus.

“Porque deveria o homem ser amado por Deus? Não há razões óbvias, não há proporção... A ponto que em grande parte das mitologias não se contempla o caso de um deus que se preocupa com os assuntos humanos; pelo contrário, eles são irritantes e aborrecidos, completamente insignificantes. Até para Aristóteles, Deus só pode pensar em si mesmo. No máximo, somos nós, humanos, que procuramos conquistar a divindade e ser agradáveis aos seus olhos. Disto brota o dever de “religião”, com o corolário de sacrifícios e devoções a oferecer continuamente para ter como aliado um Deus mudo e indiferente”, afirmou.

O Santo Padre asseverou ainda que nunca teríamos acreditado em um Deus que ama o homem, sua criatura, “se não tivéssemos conhecido Jesus”.

“É o escândalo que encontramos esculpido na parábola do pai misericordioso, ou na do pastor que vai em busca da ovelha perdida (cf. Lc 15). Histórias como estas não poderiam ter sido concebidas, nem sequer compreendidas, se não tivéssemos encontrado Jesus. Que tipo de Deus está disposto a morrer pelas pessoas? Que tipo de Deus ama sempre e pacientemente, sem pretender por sua vez ser amado? Que Deus aceita a tremenda falta de gratidão de um filho que pede antecipadamente a sua herança e sai de casa a esbanjar tudo? (cf. Lc 15, 12-13)”, disse o Pontífice fazendo alusão à parábola do filho pródigo.

“Assim Jesus diz-nos com a sua vida até que ponto Deus é Pai. Tam Pater nemo: ninguém é pai como ele. É difícil para nós imaginar de longe o amor com que a Santíssima Trindade está repleta, e que abismo de benevolência recíproca existe entre Pai, Filho e Espírito Santo. Os ícones orientais deixam-nos intuir algo deste mistério que é a origem e alegria de todo o universo”.

Para concluir o Papa Francisco ensinou que “Acima de tudo, tínhamos dificuldade em acreditar que este amor divino se dilatasse, chegando até ao humano: somos o termo de um amor que não encontra igual na terra. O Catecismo explica: «A santa humanidade de Jesus é, pois, o caminho pelo qual o Espírito Santo nos ensina a orar a Deus nosso Pai» (n. 2664)”.

“É a graça da nossa fé. Verdadeiramente não podíamos esperar uma vocação mais excelsa: a humanidade de Jesus pôs à nossa disposição a própria vida da Trindade”, finalizou.

Antes de se despedir, o Papa dirigiu ainda uma saudação aos fiéis de língua portuguesa:

“Queridos ouvintes de língua portuguesa, a todos vos saúdo e animo a venerar São José, o homem da presença quotidiana discreta e escondida, tomando-O como intercessor, amparo e guia nos momentos de dificuldade, vossos e dos vossos familiares, para que nunca se acabe o óleo da fé e da alegria, que brota da vida em comunhão com Deus!”.

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