vida de um sacerdote exorcista é uma luta constante contra a ação do demônio na qual a oração é o meio fundamental de combate.

O que um exorcista reza? A esta pergunta respondeu ao Grupo ACI em 2017 o Pe. Doriam Rocha Vergara, um dos sacerdotes mais jovens do mundo dedicado a este ministério e que já realizou mais de 300 exorcismos realizados em pouco mais de 7 anos.

O sacerdote de 40 anos, pároco da igreja da Imaculada Conceição, na diocese colombiana de Valledupar, contou que, geralmente, recebe “muitos ataques. Os dias nos quais não faço exorcismos eu durmo bem e vivo bem. Entretanto, os dias que tenho sessões são noites difíceis. Primeiramente, sinto-me pesado fisicamente e com muito sono. Em seguida, tenho que ir ao Santíssimo. Fico cansado de tal maneira que fico com uma postura defensiva, o meu rosto se desfigura como se eu tivesse com raiva, e fico sem voz”.

 

Diante da ação do demônio que age tentando, provocando mudanças de humor, doença e inclusive movendo objetos, o sacerdote explicou que às vezes ele tem que fazer “autoexorcismos”, que são orações que os exorcistas rezam para se proteger.

“Eu tenho que usar os sacramentais, tomar cuidado para não receber nada que me dão da rua. À noite, não consigo dormir, tenho taquicardia, vejo algumas luzes acesas e muitas outras coisas”, continuou.

Pe. Rocha nasceu em 14 de agosto de 1980 no povoado de María Angola, localizado na região de Cesar. Estudou o curso de libertação e exorcismo no Pontifício Ateneo Regina Apostolorum em Roma, na Itália, e depois fez uma especialização em anjos e demônios.

“Os exorcistas que conheço fazem um exorcismo por semana. Eu os tenho permanentemente devido ao sofrimento das pessoas”, relatou.

“Se me perguntam o que me levou a ser sacerdote, respondo: ver o sofrimento das pessoas. Eu não podia dormir tranquilo sabendo que uma alma está se perdendo e o demônio a está destruindo”, sublinhou.

Sua vida espiritual

O sacerdote assegura que não assiste televisão no seu quarto, não tem um computador, não toma álcool nem consome tabaco e que as roupas clericais sempre o ajudam na sua missão, porque “não basta ser um sacerdote, mas também é necessário parecer um sacerdote, como diz o ditado”.

O exorcista de Valledupar se levanta às 4h e imediatamente reza o terço; às 5h, pratica exercícios; às 6h, reza o ofício de leitura sozinho ou junto com outros sacerdotes; às 6h30, reza as laudes e imediatamente depois celebra a Eucaristia.

“Celebro Missa todos os dias da minha vida, com os fiéis ou sozinho. Ao lado do meu quarto, tenho uma capela, um oratório onde está o Santíssimo e a presença da Santíssima Virgem Maria”, destacou.

Após o café da manhã, o presbítero se dedica a servir as pessoas, “que podem ser de 14 a 20 diariamente”.

“Às 12h, rezo o Ângelus; às 15h, rezo a oração da Divina Misericórdia; às 17h, rezo as vésperas; e, às 18h, celebro outra Missa. Depois disso, fico com as comunidades. No final, reso o terço novamente. Posso rezar 3 ou 4 terços diariamente. Depois, vou direto ao Santíssimo Sacramento”, indicou.

Pe. Rocha explicou que esta rotina ocorre em um dia normal, “porque às quintas-feiras há exposição do Santíssimo Sacramento tanto de manhã quanto à tarde”.

“Quando eu não consigo dormir no meu quarto, durmo no Santíssimo. Antes de dormir rezo as completas todos os dias”, concluiu.

Um chamado

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O sacerdote considera que Deus lhe concedeu um dom especial: quando era seminarista, rezava e “as pessoas caiam e eram libertadas”. “Eu ficava com medo, primeiramente que contassem para o bispo e, segundo, pois não sabia o que estava acontecendo. Deus tinha me dado o dom da cura e da libertação”, assegurou.

Depois disso, o então seminarista conversou com um exorcista que lhe assegurou que Deus estava mostrando o que queria para a sua vida.

“Comecei a ler alguns livros e a preparar-me. Depois, nomearam um exorcista oficial na minha diocese. Eu falei com o Bispo sobre a experiência que tive no povoado e ele me disse que a primeira coisa que eu tinha que fazer era uma carreira de santidade: que ajudasse o padre, o exorcista e fizesse uma carreira em santidade. Há sete anos, concedeu-me a graça de ser exorcista e de pertencer à Associação Mundial de Exorcistas”, contou o sacerdote.

Pe. Doriam disse que, quando tinha 30 anos, sentia-se muito jovem para dedicar-se ao ministério do exorcismo, mas se o Bispo lhe concedia esta missão, ele deveria cumpri-la. “Se Deus quer que eu seja um instrumento de graça, um instrumento de paz e de salvação, para libertar e ajudar tantas pessoas, onde muitos irmãos sacerdotes não acreditam, eu estarei lá”.

Para concluir, o sacerdote disse que um bom exorcista precisa se concentrar em cinco aspectos: primeiro, “ser humilde e reconhecer que não tem nenhum poder e que tudo vem de Deus; segundo, que seja obediente à sua Igreja, ao seu bispo e aos seus superiores; terceiro, que em sua vida haja ordem, vida de graça, vida de oração, vida de santidade; quarto, que em sua vida haja disciplina para comer, conversar, fazer as tarefas diárias; e finalmente, o serviço que oferece. Se uma pessoa se dedica à cura das almas, que se cure primeiro, pois não pode ser que curando muitas pessoas, você acabe se perdendo”.

Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.

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