O presidente da Conferência Episcopal Alemã, Dom Georg Bätzing, reiterou sua proposta para que os protestantes recebam a Eucaristia, algo que tem sido mais comumente chamado de “intercomunhão”, proposta que já foi bastante questionada pela Santa Sé.

“A comunidade de fé, que já é ecumenicamente visível de várias maneiras, busca que a unidade seja experimentada também como comunidade de eucaristia e de comunhão”, afirmou o Prelado alemão em mensagem enviada neste domingo, 8 de novembro, ao Sínodo da Igreja Evangélica (EKD) na Alemanha.

O Bispo considerou como algo “bom” que o documento “Juntos à mesa do Senhor” do grupo de trabalho ecumênico “tenha revitalizado o debate sobre as questões abertas no caminho” do que o texto chama de “hospitalidade eucarística recíproca” entre católicos e protestantes.

Segundo informa a CNA Deutsch, agência em alemão do Grupo ACI, em sua mensagem, Dom Bätzing disse que “continuarei os esforços da Conferência Episcopal e também no diálogo com Roma para garantir que este discurso intensivo seja mantido e que as conclusões dos diálogos ecumênicos sejam examinadas e se aja em consequência”.

A Congregação para a Doutrina da Fé (CDF) do Vaticano já especificou que a proposta do documento "Juntos à Mesa do Senhor" de setembro de 2019 não faz jus ao entendimento católico da Igreja, da Eucaristia e das ordens sagradas.

A CDF emitiu uma carta em 18 de setembro, assinada pelo prefeito, Cardeal Luis Ladaria Ferrer, acompanhada de uma nota doutrinária na qual são explicados os diversos problemas teológicos da proposta alemã.

“O assunto da unidade da Eucaristia e da Igreja, na qual a Eucaristia pressupõe e gera a unidade com a comunhão da Igreja e sua fé com o Papa e os bispos, está minada no documento acima mencionado” dos bispos alemães, refere a carta.

Dom Bätzing disse que o texto com a proposta de “intercomunhão” será aplicado no Congresso Ecumênico da Igreja que acontecerá em Frankfurt em maio de 2021.

O Cardeal Kurt Koch, presidente do Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos, disse recentemente à revista Herder Korrespondenz que o Papa Francisco está "preocupado" com a Igreja na Alemanha e que apoia a intervenção da Congregação para a Doutrina da Fé (CDF) no debate sobre "intercomunhão".

“Não só isso, mas a situação da Igreja na Alemanha em geral”, disse o Cardeal e lembrou a longa carta que o Santo Padre escreveu aos católicos alemães em 29 de junho de 2019.

Da mesma forma, o Bispo emérito de Fulda (Alemanha), Dom Heinz-Josef Algermissen, que se encontrou com o Papa Francisco após a audiência geral de 7 de outubro, assegurou que o Pontífice sente uma “dramática preocupação” pela Igreja na Alemanha.

O Prelado disse que o Papa lhe recordou da carta que escreveu aos católicos alemães em junho de 2019, exortando-os a se concentrar na evangelização. O Pontífice se queixou de que sua mensagem foi ignorada.

O Papa emitiu a carta em meio às preocupações no Vaticano sobre o "caminho sinodal" da Igreja alemã, um evento de longo prazo que reúne leigos e bispos para discutir quatro questões principais: a forma como o poder é exercido na Igreja, moral sexual, sacerdócio e papel da mulher.

A mídia local Fuldaer Zeitung destaca que o Papa disse a Dom Algermissen que o "caminho sinodal" estava muito focado em "questões políticas", como a posição das mulheres na Igreja e o celibato sacerdotal.

Dom Algermissen disse que o Papa o exortou "de forma muito clara e expressiva" a "garantir que a carta seja lembrada".

O bispo de 77 anos disse que por onde passa lhe perguntam: "O que está acontecendo na Alemanha?".

O Prelado acrescentou que a percepção em Roma é de que o caminho que a Igreja Alemã está seguindo "deforma e distorce" o Evangelho, informou a CNA Deutsch.

Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.

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