A queda do Muro de Berlim em 9 de novembro de 1989 foi um sonho que se tornou realidade para os cristãos de todas as denominações e para as organizações que trabalharam para derrotar o comunismo. Entre elas estava a Ajuda à Igreja que Sofre (ACN), então dirigida por seu fundador, o sacerdote holandês Werenfried van Straaten.

O escritório da ACN no Reino Unido, por ocasião deste importante evento, compartilha uma mensagem do Pe. Werenfried enviada aos benfeitores da instituição: “Depois de esperar 42 anos para esta mudança acontecer, a nossa credibilidade estará em jogo se não formos duas vezes mais dispostos a fazer sacrifícios para ajudar a Igreja perseguida".

“Inclusive naqueles lugares onde a Igreja foi libertada de suas cadeias, ela carece de todos os meios de sobrevivência. Sua libertação será em vão se não houver sacerdotes, programas de difusão e livros”.

Em 1952, depois de receber denúncias das violações dos direitos humanos e perseguições por parte da Igreja em países que haviam caído sob o regime comunista, Pe. Werenfried expandiu seus esforços de ajuda para essas regiões.

A União Soviética era um território inacessível. Ali só era possível divulgar a Boa Nova através de programas de rádio de fora do país ou do contrabando de Bíblias. Em outros países da esfera soviética, como a Polônia e a Iugoslávia, era possível fornecer mais ajuda.

Depois da queda do Muro de Berlim em 1989, a ajuda, que sempre foi prestada secretamente, começou a ser entregue abertamente e, em alguns casos, foi até solicitada por governos.

No final de 1994, as doações da ACN para os projetos na Europa Oriental ultrapassaram 30 milhões de dólares e constituíram 40% de toda a ajuda que a organização forneceu em todo o mundo, um montante que permaneceu constante até 2000.

ACN manteve uma relação especial com a Igreja Greco-Católica na Ucrânia. Quando o Cardeal Myroslav Lubachivsky, o líder desta Igreja, pôde retornar à sua Ucrânia natal do exílio em Roma, em 30 de março de 1991, Padre Werenfried o apoiou.

Durante uma Missa em Lviv, Ucrânia, Pe. Werenfried fez uma promessa: “Em nome dos nossos benfeitores, prometo que tudo o que for humanamente possível será feito para ajudar vocês, bispos, sacerdotes e religiosas, seminaristas e todos os fiéis na reevangelização da Ucrânia”.

A construção de um grande seminário em Lviv tornou-se um dos maiores projetos da ACN. Na verdade, é um dos maiores seminários do mundo e atualmente abriga 200 seminaristas.

O financiamento para a formação de jovens sacerdotes também foi uma grande preocupação em outros países da Europa Oriental, assim como o apoio às ordens contemplativas, já que muitas delas sobreviveram aos anos de comunismo em condições extremamente difíceis ou agora estavam sendo refundadas.

Em muitos países, a Igreja estava à beira da ruína, já que todos os seus edifícios foram expropriados sob o regime comunista e careciam de uma estrutura organizacional. A ACN também prestou ajuda nesta frente a várias igrejas locais menores, como as da Albânia, Bulgária, Romênia e Cazaquistão, onde os católicos são uma minoria e têm poucos defensores na sociedade.

Uma tarefa especial de apoio à reabilitação espiritual da Europa Oriental veio da mais alta autoridade. Em 1991, o Papa São João Paulo II queria iniciar um diálogo mais intenso entre católicos e ortodoxos russos.

Por esta razão, Pe. Werenfried viajou com uma delegação à Rússia pela primeira vez em outubro de 1992. Reuniu-se com o Patriarca Aleixo II e outros líderes ortodoxos. No ano seguinte, a ACN começou a ajudar as comunidades católicas na Rússia e também financiou projetos de apoio à Igreja Ortodoxa Russa.

Pe. Werenfried estava convencido de que "a tarefa vital de voltar a evangelizar a Rússia era a missão de nossa Igreja Irmã Ortodoxa".

Desde 1990, a ACN forneceu mais de meio bilhão de dólares em ajuda à Igreja na Europa Oriental. Embora o foco dos esforços de ajuda da ACN tenha mudado para o Oriente Médio e para a África, a pequena Igreja Católica Grega na Ucrânia continua sendo um dos principais destinatários de ajuda.

Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.

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