Dom Víctor Manuel Fernández, Arcebispo de La Plata (Argentina) e assessor teológico do Papa Francisco, deu a entender que para o Santo Padre os termos “convivência civil” e “união civil” são o mesmo reconhecimento legal para “uniões muito estreitas entre pessoas do mesmo sexo”.

Através de seu perfil deste Facebook 21 de outubro, Dom Fernández assinalou que “o que diz o Papa sobre este tema é o que sustentava também quando era Arcebispo de Buenos Aires”.

Em um documentário estreado nesta quarta-feira 21 de outubro em Roma, o Papa Francisco se mostrou favorável a aprovação de uma lei de convivência civil para casais homossexuais, distanciando-se do discurso da Santa Sé e de seus predecessores.

As palavras do Papa foram recolhidas em um fragmento do documentário “Francesco”, que reflete entre outros temas, sobre o cuidado pastoral para aqueles que se identificam como LGBT.

No documentário, o Santo Padre diz que “as pessoas homossexuais têm direito a estar na família. São filhos de Deus, têm direito a uma família. Não se pode expulsar ninguém da família, nem fazer sua vida impossível por isso”.

“O que temos que fazer é uma lei de convivência civil. Têm direito a estar talheres legalmente”, disse o Papa Francisco. “Eu defendi isso”, acrescentou.

Na versão original do documentário, em inglês, a frase do Papa “lei de convivência civil” foi legendada como “civil union law” (“lei de união civil”), suscitando comentários de que o Papa, na verdade, não se referia às leis específicas de uniões civis para casais do mesmo sexo, mas a algo distinto, e que seu sentido, portanto, tinha sido “distorcido” pelos meios de comunicação.

Dom Fernández é Doutor em Teologia pela Faculdade de Teologia da Pontifícia Universidade Católica Argentina (UCA), da que foi reitor entre 2009 e 2018.

Em maio de 2013, o Papa Francisco nomeou Dom Fernández, até então sacerdote, como Arcebispo.

O site da Arquidiocese de Madrid afirma que a assessoria de Dom Fernández “se deixa ver claramente nos principais documentos magistrais do Papa Francisco (Evangelii Gaudium, Amoris Laetitia, e Laudato Si)”. Este arcebispo participou nos dois Sínodos sobre a Família convocados pelo Santo Padre ao início de seu pontificado.

Em sua publicação no Facebook, Dom Fernández disse que para o Papa Francisco “a expressão ‘matrimônio’ tem um sentido preciso e só se aplica a uma união estável entre um varão e uma mulher aberta a comunicar vida. Esta união é única, porque implica a diferença entre o homem e a mulher que se unem em reciprocidade e se enriquecem nessa diferença, naturalmente capaz de engendrar vida. portanto, há uma palavra, ‘matrimônio’, que só se aplica a essa realidade. Qualquer outra união parecida requer outra denominação”.

“Não obstante, Bergoglio sempre reconheceu que, sem serem chamadas de ‘matrimônio’, efetivamente existem uniões muito estreitas entre pessoas do mesmo sexo, que não implicam de por si relações sexuais, mas sim uma aliança muito intensa e estável. Eles conhecem-se com profundidade, compartilham o mesmo teto durante muitos anos, cuidam-se, sacrificam-se um pelo outro”.

“Então pode ocorrer que eles prefiram que em um caso extremo ou de enfermidade seus parentes não sejam consultados, e sim, aquela pessoa que conhece profundamente suas intenções. E pelo mesmo motivo, preferem que seja essa pessoa quem herde todos seus bens, etc. Isto pode estar contemplado na lei e se chama ‘união civil, ou ‘lei de convivência civil’, não matrimônio”, acrescentou.

De acordo com este assessor do Papa Francisco, “Bergoglio sempre teve esta opinião, e inclusive anos atrás houve uma discussão no Episcopado argentino, onde Bergoglio defendia isto, mas perdeu. A maioria dizia que isto levaria a confundir com o matrimônio e preferiam não inovar”.

Confira: