Padre Luciano Gustavo Lustosa pediu afastamento da Paróquia de Nossa Senhora da Conceição, em Conde (PB), por estar sendo “hostilizado” após o episódio em que foi conduzido à delegacia depois de pintar um cruzeiro localizado em frente à Igreja.

O caso ocorreu em 3 de outubro, depois que o sacerdote pintou de marrom um cruzeiro que havia sido pintado de azul pela prefeitura de Conde.

Pe. Lustosa foi conduzido pela Guarda Municipal para a delegacia da cidade de Alhandra, para prestar esclarecimentos “sobre o dano causado ao patrimônio, conforme alegou a prefeita Márcia [Lucena, do PSB], uma vez que a Prefeitura havia feito um gesto para recuperar o Cruzeiro”, indicou ‘Paraíba Online’. O sacerdote, porém, declarou que o cruzeiro pertence à Paróquia.

Diante desses fatos, Pe. Lustosa informou por meio de uma nota publicada no Facebook da Paróquia Nossa Senhora da Conceição que pediu “a Arquidiocese um afastamento provisório da Paróquia”.

Caríssimos irmãos e irmãs em Cristo Jesus, e a todos quantos virem essa nota, desejo a graça e a paz de Cristo. Nos...

Publicado por Paróquia N. S. da Conceição em Terça-feira, 13 de outubro de 2020

Trata-se de uma medida para se “resguardar”, explicou o sacerdote, acrescentando: “temo por minha integridade física, uma vez que eu estou sendo hostilizado por meio de discursos de ódio e ataques verbais dirigidos a mim através de redes sociais”.

“A referida salvaguarda de minha integridade física em nada prejudica todos os procedimentos administrativos, policiais e judiciais sobre os lamentáveis fatos ocorridos, inclusive a respeito de qualquer tipo de ameaça decorrente de posicionamentos divergentes e lamentáveis”, ressaltou.

Além disso, Pe. Lustosa recordou que o caso “está sendo devidamente acompanhado pela Arquidiocese da Paraíba, através do Arcebispo Metropolitano e da assessoria jurídica, buscando assim as elucidações dos fatos ocorridos”.

“Desta forma, vivendo em um estado democrático de direito e respeito as garantias fundamentais do cidadão, desejamos que a luz da justiça, da democracia e da verdade, se evite erros, tiranias e abusos porvindouros”, afirmou.

O sacerdote também agradeceu o apoio recebido por parte dos paroquianos e moradores de Conde, bem como de pessoas de outros locais que ficaram sabendo do ocorrido.

“Procuremos construir um mundo com base na solidariedade, buscando nas divergências o complemento e não o afastamento em convívio social, respeitando sempre o próximo naquilo que lhe seja de direito, buscando o diálogo, a serenidade e a paz”, concluiu.

Após a condução do sacerdote à delegacia, a Arquidiocese da Paraíba publicou uma nota no dia 7 de outubro, afirmando que “acompanha com indignação o episódio” e que “entende que se tratou de uma exposição desnecessária no contexto de um estado democrático de direito e respeito às garantias fundamentais do cidadão”.

“Reivindicamos que o caso seja acompanhado com o devido respeito às pessoas envolvidas e às instituições públicas e religiosa, que buscarão todos os meios para elucidar o caso, à luz da justiça, da democracia e da verdade, tudo a evitar qualquer espécie de abuso de autoridade posterior”, concluiu a Arquidiocese.

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