A Secretaria Geral das Escolas Católicas no Líbano publicou uma carta aberta dirigida ao presidente do país, Michael Aoun, na qual denuncia uma grave "emergência escolar" que coloca em risco o fechamento de 80% das escolas católicas frequentadas por centenas de milhares de crianças e jovens.

A carta foi divulgada pelo Pe. Boutros Azar, da Secretaria Geral, que afirmou que “a maioria das escolas afiliadas à nossa instituição (pelo menos 80%) está caminhando para o fechamento forçado por causa das dificuldades econômicas e da negligência do Estado no cumprimento de suas obrigações. Portanto, essas escolas não abrirão suas portas no início do ano letivo de 2020-2021”.

Em entrevista ao L'Orient-Le Jour, o sacerdote destaca que, com a expressão "negligência do Estado", refere-se à lei 46/2018 que modificou a tabela de salários do setor público e colocou todos os institutos em sérias dificuldades educacionais.

Pe. Azar também comenta que para escolas de médio e pequeno porte, especialmente para aquelas parcialmente subsidiadas pelo Estado - que não contribuem com sua cota há cinco anos - a opção é fechar ou reduzir drasticamente os salários dos professores.

Na carta divulgada pela agência Asia News, o sacerdote disse que não entende "essa negligência, este favorecimento às escolas públicas em detrimento das escolas particulares. O Estado deveria reconhecer o fato de que oferecemos um serviço público e subsidiar a escola particular".

A situação agrava-se ainda mais pela desvalorização da moeda, pelo fechamento das escolas após as manifestações de outubro e após a quarentena do coronavírus, que no Líbano tem 961 casos e 26 mortes.

Tudo isso levou os pais a solicitarem uma redução nas mensalidades, proporcional ao número de dias fechados, aproximadamente 40% do ano letivo.

“O que está acontecendo hoje, tanto na Federação das Escolas Privadas do Líbano quanto na Secretaria Geral de Escolas Católicas, confirma que estamos enfrentando um desafio geral para o setor de educação privada, que permite a escolarização de mais de dois terços dos estudantes do Líbano”, explica Pe. Azar.

Estima-se que no setor privado há cerca de 710 mil alunos, enquanto nas escolas públicas há cerca de 260 mil estudantes.

"Sem dúvida, as perdas que derivam de todas as questões mencionadas acima vão muito além do aspecto material e deve ser considerada como uma perda significativa para toda a nação", acrescentou o sacerdote na carta.

"O fechamento forçado obrigará centenas de milhares de estudantes a procurar uma vaga nas escolas públicas", lamentou.

Além disso, haverá uma grande "perda de empregos para dezenas de milhares de professores, funcionários e trabalhadores, com o aumento do desemprego e da pobreza no país, e os recursos que temos não são suficientes para evitar esse perigo".

Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.

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