O professor do Seminário Arquidiocesano de Camagüey, Pe. Rolando Montes de Oca Valero, afirmou que a presença da Igreja nos meios de comunicação em Cuba é necessária para garantir o "direito à informação" e gerar um verdadeiro sentido crítico.

Em Cuba, a Igreja sofre restrições à sua liberdade desde que a revolução de Fidel Castro assumiu o poder, em 1959, com o confisco de propriedades, a eliminação de escolas católicas, a expulsão de sacerdotes e religiosas, entre outras medidas.

Embora depois da visita de São João Paulo II, em 1998, certas restrições tenham sido levantadas para a Igreja, ainda tem algumas limitações, como o acesso aos meios de comunicação de massa.

Em raras ocasiões, o Governo permitiu aos sacerdotes e bispos darem uma mensagem pública, no entanto, estas concessões são especiais e limitam a sua participação para esta data em especial.

Em uma coluna escrita em Vida Cristiana (Vida Cristã, em português), Pe. Montes de Oca indicou que a falta de presença pública da Igreja Católica nos meios de comunicação é uma “ausência injustificada”.

"A Igreja tem uma mensagem que merece ser divulgada e que nosso povo precisa com urgência", assinalou.

O sacerdote ressaltou que a falta de liberdade de imprensa em Cuba se reflete na ausência da Igreja e de sua mensagem nos meios de comunicação, sendo uma mostra do indispensável papel da “diversidade das fontes de comunicação”, na capacidade das pessoas para exercer o seu “direito à informação e acolher o que se propõe com sentido crítico”.  

Segundo o magistério da Igreja, "o direito à informação e à liberdade de expressão é necessário para o bom funcionamento de uma sociedade plural", acrescentou.

Do mesmo modo, enfatizou que esse pedido não se limita apenas à Igreja, mas também destaca a necessidade de que a sociedade cresça com a participação de todos os "cidadãos e instituições de boa vontade".

Para uma participação justa, o sacerdote indicou que é necessário que se possam ouvir todas as vozes nos meios de comunicação públicos, que são finalmente financiados pelas “contribuições de todos os cidadãos”.

Pe. Montes de Oca indicou que, apesar do avanço da internet em Cuba e da participação positiva de "vários cristãos e instituições católicas" nas redes, não é o suficientemente eficaz.

“Falta formação, falta um escritório de comunicação que seja uma fonte de informação segura; uma espécie de farol que ajude a retificar o percurso e nos incentive", assinalou.

O sacerdote ressaltou que, embora haja oportunidades de melhoria oferecidas pela internet, isso não significa que a Igreja não precise igualmente de presença nos meios de comunicação, especialmente devido ao difícil acesso à internet que a ilha sofre.

Pe. Montes de Oca ressaltou que, devido a este difícil acesso à Internet e ao seu alto custo, as pessoas se conectam exclusivamente para se comunicar com familiares e amigos.

Além disso, recordou que, por causa disso, “continua sendo majoritário o número de cubanos que passam suas horas de descanso em frente ao televisor”.

Finalmente, o sacerdote indicou que, embora tenha havido progresso nos últimos anos, ainda é pontual e insuficiente.

"Pensando no bem de Cuba, nem os que dirigem o país deveriam ter medo de reconhecer à Igreja o seu direito de se comunicar nos meios tradicionais, nem os cristãos deveríamos perder uma única oportunidade para comunicar a Verdade que conhecemos, cujos valores nosso povo tanto precisa”, concluiu.

Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.

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