Um sacerdote no Sri Lanka disse que a falta de uma investigação minuciosa do governo sobre os atentados terroristas que ocorreram na Páscoa de 2019 é uma traição ao povo e teme que essa falta de seriedade incentive atentados futuros.

Em 21 de abril se cumpriu o primeiro ano do ataque terrorista islâmico a duas igrejas católicas e uma evangélica em Colombo durante a celebração da Páscoa. Os autores também atacaram hotéis de luxo em outras cidades. Nesse dia, 259 pessoas morreram e 500 ficaram feridas.

Por ocasião de sua comemoração, em declarações à fundação pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (ACN), Pe. Nishantha Cooray, que foi ministro nos funerais das vítimas, disse que as ações realizadas pelo Governo até agora são inadequadas e alertou que, se não conduzirem a investigação com mais seriedade, isso poderia favorecer mais ataques no futuro.

A polícia do Sri Lanka fez 135 prisões após os ataques, e o ex-presidente Maithripala Sirisena criou uma comissão presidencial para investigar os autores dos ataques. O atual presidente Gotabaya Rajapaksa nomeou um comitê semelhante.

"Embora já tenha passado um ano [desde os ataques], não foram realizadas medidas aceitáveis para prender as pessoas envolvidas no crime”, disse o Pe. Cooray. Recordou que os políticos prometeram uma investigação exaustiva e ganharam votos ao fazê-lo, mas não cumpriram com a sua palavra.

"O governo recém-eleito iniciou o segundo capítulo do mesmo livro no mesmo estilo de escrita... Eles não queriam prejudicar os políticos muçulmanos", assinalou o sacerdote.

“Agora, sentimos como se tivéssemos sido traídos. Só para despertar as emoções das pessoas, os representantes do Governo dizem algo sobre as investigações (sobre os ataques). É só um bom slogan para as próximas eleições”, acrescentou.

Por seu turno, a Conferência de Bispos Católicos do Sri Lanka pediu ao governo que nomeie uma comissão independente para conduzir uma investigação imparcial.

Por sua vez, o Arcebispo de Colombo, Cardeal Albert Malcolm Ranjith, também criticou repetidamente as autoridades por não darem uma explicação clara sobre como os terroristas foram capazes de realizar o ataque, apesar do serviço de inteligência supostamente saber que os ataques eram iminentes. Por isso, em março, o Purpurado disse que lideraria protestos públicos se o governo não produzisse um relatório credível sobre os atentados.

Para comemorar o aniversário de um ano dos falecidos e afetados pelo lamentável ataque, as paróquias do Sri Lanka tocaram os sinos da igreja, incentivaram as pessoas do país a permanecerem em silêncio por dois minutos e acenderam luzes para rezar em memória das vítimas mortais.

O diretor das Pontifícias Obras Missionárias (POM) no Sri Lanka, Pe. Basil Fernando, disse que, assim que o período de quarentena terminar e as Missas públicas forem retomadas, realizarão uma celebração eucarística em memória dos falecidos na nova Capela dos Mártires, em Negombo, construída graças às doações recolhidas pelas POM.

Na ocasião da celebração da Páscoa deste ano, o Cardeal Malcolm Ranjith falou sobre o ataque de 2019 em sua homilia, transmitido ao vivo em 12 de abril e disse que os cidadãos do Sri Lanka já perdoaram os agressores.

“No ano passado, alguns jovens desorientados nos atacaram e nós, como humanos, poderíamos ter dado uma resposta humana e egoísta. Mas meditamos nos ensinamentos de Cristo e os amamos, os perdoamos e nos compadecemos deles", acrescentou o Cardeal de 72 anos.

Publicado originalmente em CNA. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.

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