Apesar do impacto negativo que a pandemia de coronavírus COVID-19 está causando em seus próprios negócios, alguns empresários católicos encontraram maneiras de ajudar as vítimas.

Em um artigo recente, o National Catholic Register registra algumas iniciativas de caridade de empresários católicos, apesar de terem sido afetadas pela paralisação imposta pelo Estado e pelas restrições destinadas a proteger as pessoas contra o coronavírus.

1. Cleves Delp

Um dos casos é o de Cleves Delp e sua empresa de gestão de capitais TDC Investment Advisory Services em Maumee, Ohio. Quando a pandemia de coronavírus atingiu sua comunidade, seu primeiro pensamento foi como a sua empresa poderia ajudar as famílias.

Foi então que Delp começou a estabelecer programas de assistência aos trabalhadores com o fim de obter dinheiro e suprimentos para os profissionais de saúde que mais precisam, seja porque foram afetados pela perda do emprego de um cônjuge ou que requeiram algo mais, como o cuidado das crianças.

O esforço da TDC Investment Advisory, que considera que sua missão é ajudar famílias e empresas a definir e alcançar seus objetivos, reflete a fé católica dos membros da equipe.

“Eu diria que uma grande maioria em nossa empresa é católica e não são tímidos sobre o espaço que a fé católica deve ter no lugar de trabalho. De fato, o celebramos”, disse o vice-presidente Jim Herrick.

Herrick disse que Delp iniciou os programas porque queria fazer algo em toda a comunidade que ajudasse as famílias mais afetadas pelo vírus.

"A generosidade foi promovida por ele e deu o exemplo de que todos na empresa querem ser mais generosos com seu tempo, talento e dons", disse.

2. Mario Salerno

No Brooklyn, o empresário Mario Salerno renunciou a cobrar o aluguel de abril a quase 200 de seus inquilinos, sabendo que muitos perderam o emprego após o fechamento dos chamados negócios não essenciais.

Em diálogo com EWTN News Nightly, Mario Salerno disse que decidiu não cobrar o aluguel “porque muitos dos meus inquilinos perderam seu trabalho e eu queria que tenham alguma paz mental. Que não se preocupem em conseguir o dinheiro".

“Minha fé católica foi o que me levou a tomar essa decisão em relação ao valor da vida. Eu rezo todos os dias. Quando tenho algo de tempo extra, quando estou em quarentena, rezo e peço ao bom Deus que, por favor, derrote esse vírus malicioso”, explicou.

3. Geoff Tracy

Em Washington, D.C., o chef Geoff Tracy teve que fechar quatro de seus seis restaurantes, mas está oferecendo comida para viagem. Da mesma forma, entrega e administra uma mercearia nos dois locais que permanecem abertos.

Parte da renda diária das mercearias, que vende papel higiênico, água sanitária, luvas, lenços de papel, macarrão, lanches, frutas frescas e molhos para massas fabricados pelos restaurantes, destinam-se aos funcionários que trabalham no dia. Além disso, Tracy criou uma conta do GoFundMe para funcionários que trabalham por horas. Já distribuiu 22 mil dólares a 90 pessoas.

Tracy, formado em Teologia pela Universidade de Georgetown, disse que, quando estava averiguando o que fazer depois que seus restaurantes fecharam em 16 de março, um de seus chefes executivos, uma pessoa de fé, assegurou-lhe: "Temos que seguir adiante, avançar e Deus cuidará do resto”.

Tracy disse que o motivaram a pensar nos demais em meio de suas próprias lutas porque, desde muito jovem, sabia que era importante ajudar as pessoas.

“Seja por causa da minha fé, minha família ou meus pais, sempre fui cercado por pessoas que me lembraram disso. Eu sinto que é algo intrínseco”, contou.

4. Lee Crisp

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Em Marion, Illinois, a empresa Pepsi MidAmerica de Lee Crisp está trabalhando com restaurantes e outras pequenas empresas para ajudá-los a continuar operando em um momento em que muitos não conseguem pagar suas contas.

“Não é heroico, mas é algo individual que estamos tentando resolver com todos os nossos clientes. Todos nós tivemos desafios em nossas vidas. Ninguém está isento. E nós tivemos desafios. Quando meu avô administrava a empresa e tivemos um incêndio, supomos que tudo estava acabado. Nosso fornecedor, um fabricante de tampas de garrafas, disse: ‘Estamos aqui para ajudá-lo. Pague-nos quando receber o dinheiro'. E nunca nos esquecemos disso”, contou o empresário.

5. Peter Forlenza

Em Nova York e Nova Jersey, Peter Forlenza se aproximou aos afetados pela pandemia em seus dois cargos gerenciais: como executivo que supervisiona 800 funcionários da Jefferies LLC e coproprietário de dois restaurantes na costa de Jersey.

Como diretor global de renda variável da Jefferies, Forlenza incentivou a empresa a investir em tecnologia desde o início para permitir que os funcionários trabalhem remotamente, algo que 95% do mundo está fazendo agora. Também se preocupa com as pessoas que trabalham com ele e faz ligações de 30 minutos com várias equipes todos os dias para saber como estão.

"Eu só quero ter certeza de que as pessoas saibam que estamos cuidando delas", assegurou.

Como proprietário da rede de restaurantes Woody's Ocean Grille, apesar de ter que fechar um deles, Forlenza e seu parceiro estão tentando manter os 50 funcionários assalariados na folha de pagamento. Além de vender comida delivery no Woody’s, em Sea Bright, Nova Jersey, eles também implementaram uma opção de “pague o que puder” para clientes que sofreram perda de ingressos.

"Realmente depende da confiança. Não pedimos nada às pessoas. Faz-se apenas em privado. Quando aprovam o pedido, dizem que querem essa opção", disse Forlenza.

Ainda assim, disse, a maioria dos clientes paga algo e muitos pagam mais para ajudar a causa. Recentemente, Woody’s também enviou um carro carregado de comidas para um turno noturno de 10 enfermeiras no Hospital Mount Sinai, em Nova York, que não conseguiram encontrar comida durante um dia inteiro de trabalho.

Formado pela Universidade Católica da América e membro da direção da Busch School of Business da universidade, Forlenza disse que se sentiu encorajado a fazer o que fez por causa da maneira como ele e seus seis irmãos foram criados.

“Está no meu DNA, por ser batizado e depois formado através das escolas católicas. Toda a cultura da minha fé católica é dar e ajudar os demais”.

Como proprietário de uma empresa em Nova Jersey, Forlenza também ajudou na recuperação após o furacão Sandy. Ajudou a fundar o Sea Bright Rising, um grupo que mais tarde ingressou na SBP, um esforço nacional focado na reconstrução após desastres naturais.

Brian Becker, diretor de divulgação de microempresas do  Ciocca Center for Principled Entrepreneurship da Universidade Católica da América, disse que não é surpreendente ver pequenas empresas tentando ajudar outras pessoas durante a crise do coronavírus.

“Nas pequenas empresas, você realmente conhece algumas das melhores pessoas que já conheci. São o sal da terra, pessoas incrivelmente amorosas e trabalhadoras”, garantiu.

Em seguida, comentou que suas margens são pequenas e os enormes desafios que enfrentam em qualquer circunstância se vêm aumentados pela crise atual.

Para ajudar as empresas afetadas durante o surto de coronavírus, o Centro Ciocca oferece capacitação personalizada, oficinas virtuais, boletins informativos, entre outras iniciativas. Becker disse que o centro realizou mais de 30 consultas individuais e que mais de 700 pessoas de negócios receberam seus boletins.

“Quando vimos que todas as empresas com as quais nossos alunos colaboraram durante o ano mergulharam em uma crise repentina, soubemos que não podíamos esperar e observar. Comprometemo-nos a apoiar as empresas locais de todas as maneiras que pudermos”, acrescentou.

Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.

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