O Cardeal Jorge Urosa Savino, Arcebispo Emérito de Caracas, reiterou seu pedido para que o governo "ilegítimo e fracassado" de Nicolás Maduro na Venezuela renuncie e dê lugar a um governo de transição.

"Insistimos que esse governo ilegítimo e fracassado, que está usurpando o poder, deve renunciar, deve sair, deve dar lugar a um governo de transição, para evitar que continue ocorrendo a tragédia social, econômica e política que o povo venezuelano está vivendo", disse o Cardeal, há alguns dias, em uma entrevista concedida em Roma ao meio italiano Brújula Cotidiana.

No diálogo, o Cardeal Urosa assinalou “um dado que me parece muito grave: há 18 meses, 1 dólar custava 60 bolívares soberanos, hoje custa mais de 75 mil bolívares soberanos. Existe uma inflação espantosa por culpa do governo, porque a economia é gerenciada pelo governo nacional”.

A crise na Venezuela está se tornando cada vez mais aguda com a grave escassez de alimentos, remédios, luz, água; e com uma inflação que cresce cada dia mais.

“É vergonhoso que exista escassez de gasolina em um país petrolífero. O governo deveria renunciar somente por este motivo, por ter arruinado a nossa indústria petroleira, devem sair e os venezuelanos deveríamos insistir em que haja uma mudança de governo”, continuou o Purpurado.

Além disso, afirmou, "temos o problema dos presos políticos, a economia destruída, o alto preço dos alimentos, enfim, estamos em uma situação cada vez pior, por isso devemos trabalhar duro para conseguir democraticamente uma mudança de governo".

Sobre a forma como a crise afeta a Igreja, o Cardeal comentou que “nós sofremos as mesmas dificuldades, a mesma escassez que sofre o povo venezuelano. Sofremos a falta de gasolina. Os bispos, especialmente do interior, têm grande dificuldade para se locomover, para realizar seu trabalho pastoral. Os sacerdotes também”.

Depois de assinalar que "as paróquias subsistem graças à boa vontade de alguns fiéis", o Cardeal Urosa enfatizou que “os pastores acompanham seu povo, embora atualmente a Igreja sofra a emigração de muitos sacerdotes, por motivos de saúde, por problemas psicológicos, porque se sentem chateados com essa situação de turbulência política permanente. Perdemos muitíssimos catequistas e colaboradores pastorais da Igreja, é uma verdadeira tragédia”.

Outro problema é o da redução do "tempo hábil de trabalho, pois antes tínhamos uma grande quantidade de atividades religiosas, atividades litúrgicas, encontros e reuniões de trabalho de noite. O trabalho pastoral a partir das 18h era intenso, mas agora não é possível porque não há transporte, não há luz, não há segurança e as pessoas não podem participar”.

No entanto, destacou o Cardeal, "a igreja não parou" e continua servindo e acompanhando os venezuelanos.

Sobre a forma como a Igreja pode ser ajudada, o Cardeal Urosa disse que a primeira coisa é pedir “muito a Deus para que possamos resolver esse problema pacificamente. Mas também insistindo com os governos para que apoiem a oposição democrática”.

“Não é possível que o governo italiano, por exemplo, esteja apoiando o governo de Maduro que levou a Venezuela à ruína e que tem uma grande quantidade de presos políticos, que violaram os direitos humanos. Não é possível que um governo democrático como o governo italiano não esteja apoiando a oposição democrática liderada pelo presidente interino da república, Juan Guaidó”, afirmou o Arcebispo.

No domingo, 9 de fevereiro, Guaidó publicou uma mensagem em sua conta do Twitter, na qual comentou que “nossa agenda internacional nos permitiu explicar ao mundo a ameaça que a ditadura representa. Temos o seu compromisso para avançar em uma solução”.

“Tomaremos uma ação conjunta. Regressamos em breve à Venezuela, para que os venezuelanos, como sempre, façamos a nossa parte”, acrescentou.

Guaidó saiu da Venezuela em 19 de janeiro e visitou Colômbia, Reino Unido, Bélgica, Suíça, França, Espanha, Canadá e Estados Unidos, onde se encontrou com o presidente dos EUA, Donald Trump, depois de estar presente no discurso do Estado da União no qual o presidente norte-americano disse que a Venezuela é uma prioridade para seu governo.

Guaidó sabe que poderia ser preso quando voltar à Venezuela, mas também disse que todos os venezuelanos correm "risco" com Nicolás Maduro no poder.

Mais de 50 países reconheceram Guaidó como presidente interino. Os Estados Unidos e a União Europeia adotaram sanções econômicas e diplomáticas contra Maduro e seu governo.

Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptador por Nathália Queiroz.

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