O governo das Filipinas decidiu congelar as contas bancárias dos Rural Missionaries of the Philippines (Missionários Rurais das Filipinas), porque existe uma "causa provável" de envolvimento no "financiamento do terrorismo", informou a UCA News.

O Conselho do Governo contra a Lavagem de Dinheiro (AMLC) ordenou um congelamento por 20 dias em três contas de Missionários Rurais no Banco das Ilhas Filipinas.

Os Missionários Rurais são uma organização nacional, inter-congregacional e interdiocesana, composta por homens e mulheres religiosos, sacerdotes e membros leigos que vivem e trabalham com pequenos agricultores, trabalhadores rurais, pescadores e povos indígenas. Fundada em 15 de agosto de 1969, é uma organização da Igreja Católica e sócia missionária da Associação dos Superiores Religiosos Maiores das Filipinas.

UCA News explica que, em uma resolução de 26 de dezembro de 2019, a AMLC também ordenou que o banco apresentasse detalhes das contas bancárias relacionadas e propôs a apresentação de uma petição ao Tribunal de Apelações para estender a ordem de congelamento para seis meses.

Os Missionários Rurais expressaram sua "grande consternação", assegurando que esta decisão "coloca em grande perigo a nossa missão de testemunhar coletivamente e agir como discípulos de Cristo com os pobres das zonas rurais”.

O banco notificou a organização eclesial sobre a suspensão de várias contas no mês passado.

"Essas contas foram criadas e mantidas para projetos concluídos e em andamento dos Missionários Rurais, assim como para suas operações internas", disse a organização em comunicado publicado em 6 de fevereiro.

Também negou sua participação "em qualquer forma de financiamento do terrorismo", acrescentando que as doações e fundos recebidos pela organização são usados ​​para promover projetos e programas para ajudar os pobres.

“Temos nossa missão e sócios comunitários para confirmar isso. Ao congelar nossas contas bancárias, a AMLC está apenas privando os pobres das áreas rurais da ajuda e dos serviços que eles merecem e que o governo se recusa a fornecer”, afirmou a organização.

Apesar dos mais de 50 anos em que a fundação acompanha e apoia os mais pobres em áreas remotas ou rurais, foi acusada de ter vínculos com rebeldes comunistas.

“Fomos acusados ​​de ser uma frente comunista e terrorista. Nossos membros foram assediados e ameaçados, forçando alguns deles a procurar refúgio em outro lugar”, afirmou o comunicado divulgado pela organização missionária.

Além disso, UCA News informa que vários membros de alto escalão da organização também foram acusados ​​de vários crimes, incluindo perjúrio, incêndio criminoso, sequestro, roubo e assassinato frustrado.

Recentemente, várias escolas tribais fundadas ou dirigidas pela organização foram fechadas na região de Mindanao, no sul das Filipinas.

Em sua declaração, o grupo disse que "ajudar os pobres, como cristãos que vivem concretamente seu imperativo de fé e que seguem o mandato da Igreja de estabelecer a Igreja dos Pobres, colocará em risco a sua liberdade e a sua vida".

Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.

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