Um estudo publicado por dois cientistas do Reino Unido assinala que os nascituros podem sentir dor no ventre de sua mãe desde a 13ª semana de gestação, invalidando o consenso de opinião médica que garante que não sentem dor até a 24ª semana.

Esta afirmação significaria que bebês que estão sendo abortados em lugares como o Reino Unido, onde esta prática é permitida até as 24 semanas, padecem um sofrimento enquanto são assassinados no ventre.

O estudo se chama “Reconsidering Foetal Pain” (Reconsiderando a dor fetal) e foi publicado em ‘Journal of Medical Ethics’, em 14 de janeiro de 2020.

Os autores do trabalho são o professor britânico Stuart Derbyshire, partidário do aborto que algumas vezes foi consultor da multitudinária abortista Planned Parenthood e outros grupos pró-aborto, e o norte-americano John C. Bockmann, que não compartilha da mesma posição de Derbyshire.

Ambos assinalaram que suas próprias “diferenças marcantes” sobre a moralidade do aborto “não deveriam interferir na discussão sobre se a dor fetal é possível”.

Na introdução do estudo, os cientistas indicam “que os abortos antes das 13 semanas de gestação não implicam nenhuma probabilidade significativa de dor para o feto”. entretanto, reconheceram “que nunca houve um consenso de que a dor fetal não é possível antes das 24 semanas”.

“Costuma-se afirmar que existe um consenso de que a dor não é possível antes do desenvolvimento do córtex cerebral e antes que a periferia se conecte ao córtex através da medula espinhal e do tálamo. Esses desenvolvimentos em geral não são aparentes antes das 24 semanas de gestação e muitos órgãos médicos e relatórios da imprensa afirmam que a dor não é possível antes das 24 semanas de gestação, que é o ponto em que a maioria dos abortos deixa de ser legal na maior parte do mundo”, acrescentaram.

Mais adiante, Derbyshire e Bockmann disseram: “Muitos documentos que discutem a dor fetal especularam com um limite mais baixo para a dor fetal por volta das 20 semanas de gestação. Observe que a contagem de votos e o consenso podem não ser a melhor maneira de decidir disputas científicas. Independentemente se houve um consenso, no entanto, agora está claro que o consenso não é mais sustentável”.

Ambos os cientistas sustentam em seu estudo que “a evidência neurocientífica atual debilita a necessidade do córtex cerebral para experimentar dor”.

“Mesmo que o córtex seja considerado necessário para a experiência da dor, agora há boas evidências de que as projeções talâmicas na subplaca, que emergem por volta de 12 semanas de gestação, são funcionais e equivalentes às projeções tálamo-corticais que emergem por volta da 24ª semanas de gestação. Portanto, as evidências neurocientíficas atuais respaldam a possibilidade de dor fetal antes do limite de ‘consenso’ de 24 semanas”, afirmaram os cientistas.

Os pesquisadores também argumentaram que atuar como se tivesse a certeza de que o feto não sente nada parecido com dor “flerta com imprudência moral”.

“Dada a evidência de que o feto poderia experimentar algo como dor durante a interrupção tardia da gravidez, parece razoável que se encoraje a equipe médica e a mulher grávida a considerar a analgesia fetal (alívio da dor)”, indicaram.

No entanto, Dr. Anthony McCarthy, diretor de Pesquisa da Sociedade para a Proteção dos Nascituros (SPUC, na sigla em inglês), disse: “Acolhemos com beneplácito a reabertura do debate sobre a dor fetal neste importante documento. Porém, fazer com que a morte seja indolor para o assassinado não significa que tirar a vida esteja justificado”.

“Às mulheres que estão justamente preocupadas em não causar dor ao seu bebê, inclusive a partir das 13 semanas, deveriam oferecer não formas alternativas de abortar o bebê, mas apoio para permitir que seu filho viva”, acrescentou.

Segundo os pesquisadores do estudo, estima-se que haja 56 milhões de abortos induzidos a cada ano em todo o mundo, o que corresponde a 25% de todas as gestações.

O jornal britânico ‘Daily Mail’ assinala que no Reino Unido foram realizados 218.281 abortos em 2018, quase um quarto (25%) de todas as gestações, e que cerca de 6 mil abortos são praticados anualmente na 18ª semana ou mais tarde.

No estudo de Derbyshire e Bockmann também explicaram que “os abortos depois de 13 semanas costumam ser médicos ou cirúrgicos”.

“Os abortos médicos implicam uma droga ou combinação de drogas que é fornecida a paciente para induzir o aborto. Hoje em dia, a combinação de drogas é geralmente o mifepristone e o misoprostol que não matam o feto. A morte fetal segue um feticídio direto (uma injeção de cloreto de potássio diretamente no coração do feto ou uma injeção de digoxina diretamente no feto ou na via intra-amniótica) ou ao trauma do parto”.

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“A técnica cirúrgica mais comum é a dilatação e evacuação (D&E). Na D&E, o colo uterino se dilata, o líquido amniótico é drenado e o feto é extraído em pedaços através de várias manobras cirúrgicas com pinças. Novamente, a morte fetal segue um feticídio direto realizado antes da D&E ou ao trauma da D&E que resulta em morte”, assinalaram.

Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Natalia Zimbrão.

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