Antes de terminar o ano de 2019 e para nos despedir desta década, ACI Digital apresenta um reconto com os 15 fatos mais importantes que marcaram a vida da Igreja nestes últimos dez anos.

1. O Jubileu da Misericórdia

Em 13 de março de 2015, o Papa Francisco anunciou na Basílica de São Pedro a celebração de um Jubileu Extraordinário da Misericórdia, o qual começou oficialmente no final deste mesmo ano, na Solenidade da Imaculada Conceição, em 8 de dezembro, no Vaticano. Porém, o fato incomum do evento foi que, pela primeira vez, o Papa, de modo excepcional, abriu a Porta Santa da Catedral de Bangui, na República Centro-Africana, em 29 de novembro de 2015, iniciando assim um jubileu em uma Catedral fora de Roma.

O Jubileu da Misericórdia terminou na solenidade de Cristo Rei, em 20 de novembro de 2016. Durante esse tempo, o Papa enviou os chamados "Missionários da Misericórdia", um grupo de sacerdotes cujo trabalho foi levar a reconciliação de Deus a todos os cantos do planeta, com permissão para absolver pecados muito graves.

2. A crise do abuso sexual na Igreja Católica

Bento XVI e o Papa Francisco sempre se empenharam na luta direta e frontal contra os abusos sexuais na Igreja, entre os quais se pode mencionar os do ex-sacerdote chileno Fernando Karadima, os do fundador dos Legionários de Cristo, o mexicano Marcial Maciel, e o caso do ex-cardeal norte-americano Theordore McCarrick.

Em 2011, o Vaticano considerou Karadima culpado de abuso de menores e ele foi expulso do estado clerical, depois que a justiça civil o havia inocentado. Seu caso permitiu a investigação de outras pessoas e o Papa Francisco ordenou várias investigações. Devido à gravidade dos acontecimentos, o Pontífice se reuniu em 8 de abril de 2018 com todos os bispos chilenos em Roma. Nesta ocasião, todos colocaram seus cargos à disposição.

Os Legionários de Cristo foram fundados em 1941 pelo Pe. Marcial Maciel, que faleceu em 2008 em meio a graves acusações de abusos sexuais, algumas de suas vítimas foram seus filhos. Um estudo publicado pelos Legionários de Cristo em 21 de dezembro de 2019 indicou que, desde a fundação da congregação até este ano, 33 sacerdotes abusaram de 175 menores. Destes, 60 menores foram vítimas de Marcial Maciel.

Estados Unidos: As denúncias contra McCarrick remontam a 2004, quando o Cardeal Donald Wuerl, hoje Arcebispo Emérito de Washington, recebeu uma denúncia do ex-sacerdote da Diocese de Metuchen, Robert Ciolek, por "conduta inapropriada" de McCarrick e outros sacerdotes.

As reportagens revelaram posteriormente denúncias contra McCarrick por ter abusado sexualmente em série de pelo menos dois adolescentes, e que estava envolvido em comportamento sexual coercitivo com sacerdotes e seminaristas há décadas.

Os casos de abusos sexuais ocorreram em diferentes países, como Argentina, Colômbia, Espanha, Costa Rica, Peru, entre outros.

3. A anulação do segredo pontifício nos casos de abusos

Diante dos escândalos de abusos sexuais por parte do clero da Igreja, o Papa Francisco endureceu as normas eclesiais, para evitar que novos casos aconteçam e que as investigações dos atuais sejam realizadas mais rapidamente.

Nessas reformas, o Santo Padre eliminou, em 17 de dezembro de 2019, o segredo pontifício das denúncias, processos e decisões que afetam os casos de abusos sexuais. Dessa maneira, permite que a Igreja possa compartilhar com entidades públicas informações sobre investigações desses abusos.

4. O incêndio da Catedral de Notre Dame

Em 15 de abril de 2019, um incêndio ocorreu na histórica Catedral de Notre Dame de Paris, na França. Após horas de dura luta contra as chamas, os bombeiros conseguiram controlar o fogo.

Os telhados, o pináculo e parte da abóbada deste conhecido templo gótico de 800 anos e símbolo do cristianismo foram destruídos, mas as principais estruturas não sofreram danos.

Entre os tesouros resgatados estão as relíquias de um prego e a santa coroa de espinhos. Espera-se que os trabalhos de reconstrução sejam concluídos em 2024.

5. Os sínodos no pontificado do Papa Francisco

O Papa Francisco, durante seus 6 anos de pontificado, convocou diferentes sínodos, que giraram em torno dos jovens, da Amazônia e da família.

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Um dos frutos dos sínodos da Família, realizados em 2014 e 2015, foi a exortação apostólica Amoris laetitia.

No sínodo dos jovens, realizado de 3 a 27 de outubro de 2018, houve forte pressão para que as siglas LGBT do lobby gay fossem incluídas no texto final, o que não aconteceu.

No caso do Sínodo da Amazônia, realizado de 7 a 26 de outubro de 2019, o debate se concentrou principalmente sobre a ordenação de sacerdotes casados, diaconisas e na possibilidade de criar um rito amazônico.

6. As Jornadas Mundiais da Juventude (JMJ)

A cada três anos, a Igreja convoca jovens de todo o mundo em uma Jornada especial. Esta década viu uma multidão se reunir em Madri 2011 (Espanha), Rio 2013 (Brasil), Cracóvia 2016 (Polônia) e Panamá em janeiro de 2019. A primeira foi presidida por Bento XVI e as seguintes pelo Papa Francisco.

Foi em Madri onde nasceu a famosa frase “Esta é a juventude do Papa!”, que agora é um lema que distingue a juventude católica.

7. O Estado Islâmico e a perseguição dos cristãos no Oriente Médio

Em junho de 2014, terroristas muçulmanos do Estado Islâmico invadiram a Planície de Nínive no Iraque e forçaram os cristãos a irem embora, pois os ameaçavam de morte quando se recusavam a se converter ao Islamismo ou os forçavam a pagar um imposto de submissão. Inclusive em cidades como Mossul, os cristãos foram traídos por seus vizinhos e amigos muçulmanos.

Segundo informou o ministério de relações religiosas na região autônoma do Curdistão, o ISIS destruiu cerca de 100 locais de culto na Planície de Nínive e em Mossul, que eram, em sua maioria, templos cristãos.

Em outubro de 2016, as aldeias foram libertadas, permitindo que milhares de cristãos retornassem, tornando-se um sinal de esperança para o futuro da Igreja no Iraque e em outras áreas afetadas pelo Estado Islâmico.

8. A defesa dos católicos contra ataques feministas contra a Igreja

Em sua intenção de ir contra as instituições que defendem a vida dos nascituros e se opõem ao aborto, as feministas criaram o costume de terminar as suas manifestações realizando atos de vandalismo contra igrejas católicas.

Pichando paredes, destruindo esculturas, saqueando o que encontram em seu caminho, as promotoras do aborto realizam atos de violência contra a Igreja, eventos que se repetem ano após ano em diferentes cidades da Argentina, Chile, México, entre outros.

Diante disso, e como forma de defesa contra a onda crescente de ataques, muitos grupos católicos optaram por rezar e criar muros humanos pacíficos em frente às igrejas quando essas marchas ou manifestações feministas são convocadas.

9. Asia Bibi: Prisão e libertação

Asia Bibi é uma mãe católica de cinco filhos que trabalhava colhendo frutas na cidade de Shikhupura, perto de Lahore, no Paquistão. Em junho de 2009, foi denunciada por mulheres que asseguraram que ela havia bebido de um poço e, por ser cristã, o havia contaminado.

Em 31 de outubro de 2018, a Suprema Corte anulou a sentença que pesava sobre essa mãe católica e, em 7 de novembro, depois de passar 10 anos na prisão, Asia Bibi foi libertada e teve que se refugiar no Canadá para não ser assassinada, como era a intenção dos extremistas muçulmanos no Paquistão.

10. Luta dos pequenos guerreiros Alfie Evans e Charlie Gard

Durante dois anos, o mundo testemunhou a luta de duas pequenas vidas e suas famílias contra os tribunais de justiça no Reino Unido. Os pais de Alfie Evans e Charlie Gard para evitar que seus filhos fossem desconectados do suporte vital.

Em 2018, Alfie Evans tinha 23 meses e sofria de uma condição neurológica degenerativa desconhecida, quando o hospital Alder Hey, em Liverpool, decidiu desconectá-lo do suporte de vida para deixá-lo morrer, argumentando que era o melhor para a criança.

Charlie Gard sofria de síndrome de esgotamento mitocondrial, uma doença genética rara que causa fraqueza muscular progressiva e pode causar morte no primeiro ano de vida. Aos 11 meses de idade, o hospital decidiu remover o suporte de vida.

Após uma longa batalha legal, os juízes se recusaram a permitir que as duas crianças fossem transferidas para outro hospital. Alfie faleceu em 28 de abril de 2018 e Charlie em 28 de julho de 2017.

Ambos os casos fizeram com que uma multidão de católicos, incluindo o Papa Francisco, e pessoas de outras religiões rezassem por eles em todo o mundo.

11. Santa Teresa de Calcutá e São João Paulo II: Dois santos para o mundo

Esses dez anos nos deixaram uma grande lista de pessoas que, com suas vidas, mostram o caminho a ser seguido para a santidade. Entre os que foram elevados aos altares se destacam Madre Teresa e o Papa João Paulo II.

Santa Teresa de Calcutá foi canonizada em 4 de setembro de 2016 e São João Paulo II em 27 de abril de 2014, ambos elevados aos altares pelo Papa Francisco. Suas missas foram multitudinárias, recebendo milhares de fiéis de todo o mundo que foram para celebrar junto com a Igreja esses dois exemplos de caridade e amor a Deus.

12. Eleição do Papa Francisco: O primeiro Pontífice latino-americano

Com o anúncio do "Habemus Papam!", anunciou-se a eleição de Jorge Mario Bergoglio como Pontífice em 13 de março de 2013.

O Papa Francisco é o primeiro Papa da América, o primeiro de língua espanhola, o primeiro jesuíta a ser Pontífice e o primeiro a escolher o nome do santo de Assis e do grande evangelizador da Companhia de Jesus, São Francisco Xavier.

13. A renúncia ao pontificado de Bento XVI

Em 11 de fevereiro de 2013, o Papa Bento XVI anunciou, em uma decisão surpreendente e histórica, sua renúncia ao pontificado.

Apesar das múltiplas especulações, o Papa Emérito destacou que a Igreja exigia dele um “vigor quer do corpo quer do espírito; vigor este, que, nos últimos meses, foi diminuindo de tal modo em mim que tenho de reconhecer a minha incapacidade para administrar bem o ministério que me foi confiado”.

14. Ano da Fé

O Papa Emérito Bento XVI convocou em outubro de 2012 um Ano da Fé, que começou no 50º aniversário da inauguração do Concílio Vaticano II e terminou em 24 de novembro de 2013, na Solenidade de Cristo Rei do Universo.

Ao anunciar o Ano da Fé, o Papa disse que este tempo busca "dar um renovado impulso à missão de toda a Igreja, para guiar os homens para longe do deserto onde frequentemente se encontram rumo ao lugar da vida e da amizade com Cristo, que nos doa a vida em plenitude”.

15. Ano Sacerdotal

Ao comemorar os 150 anos da morte de São João Maria Vianney, o Santo Cura D’Ars, o Papa Emérito Bento XVI deu início ao Ano Sacerdotal, como uma ocasião para renovar em profundidade e em santidade a todos os sacerdotes do mundo.

Em março de 2009, o então Pontífice observou que "para favorecer esta tendência dos sacerdotes à perfeição espiritual da qual depende sobre tudo a eficácia de seu ministério, decidi que se celebre um especial Ano Sacerdotal a partir de 19 de junho de 2009 – Sagrado Coração do Jesus e Jornada para a santificação sacerdotal – a 19 de junho de 2010".

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