O Cardeal Jorge Urosa Savino enviou uma saudação especial aos fiéis da Venezuela, na qual aproveitou a oportunidade para reiterar seu pedido de que, pelo Ano Novo 2020, o presidente Nicolás Maduro saia pacificamente do poder.

Em sua saudação por ocasião do Ano Novo enviada à ACI Prensa – agência em espanhol do Grupo ACI –, o Arcebispo Emérito de Caracas encorajou a começar 2020 colocando "nossas vidas, nossa família, nossas ilusões, com profunda fé e confiança nas mãos de Deus" e "também coloquemos em suas mãos a vida e a realidade atual da nossa pátria”.

“Tristemente estamos em uma situação realmente péssima, de deterioração geral, de angústia, de êxodo de entes queridos; de dor, especialmente para os mais pobres. Uma situação impressionante, porque neste país petroleiro não há gasolina! Também não há dinheiro para as transações comerciais do povo, e os alimentos, os remédios e muitos artigos de necessidade básica estão escassos e com preços altos”, lamentou o Purpurado.

“Há muitos presos políticos que o governo promete libertar e não o faz. Temos um governo fracassado! Além disso, houve eventos políticos que deslegitimaram o governo atual, como as eleições presidenciais fraudulentas de maio de 2018”.

Por esses motivos, continuou, “os bispos venezuelanos, em 11 de julho de 2019, dissemos com toda clareza: 'Como afirmamos em janeiro passado, diante da realidade de um governo ilegítimo e fracassado, a Venezuela clama a gritos por uma mudança de rumo, um retorno à Constituição. Essa mudança exige a saída daqueles que exercem o poder de forma ilegítima e a eleição no menor tempo possível de um novo presidente da República. Respeitosamente, então, proponho de novo a necessidade da saída pacífica do presidente da República, para propiciar um novo governo que detenha esta situação da dolorosa deterioração social e econômica”.

Por outro lado, disse o Cardeal Urosa, “é urgente que os dirigentes da oposição deixem a divisão e unifiquem seus esforços para formar um novo governo; que fortaleçam a luta contra a corrupção e proponham um plano de ação ao país para solucionar esta péssima situação”.

Em seguida, o Arcebispo Emérito de Caracas alertou sobre “uma tendência que está se manifestando entre nós, na Venezuela. Apesar de ser um povo predominantemente católico e cristão, ultimamente, em algumas manifestações dos meios de comunicação, copiando uma moda secularizada e antirreligiosa de países onde há muitas religiões, não se fala mais em Feliz Natal, mas em Boas Festas. Com todo o respeito: isso é um grande erro”.

“Repito, a maioria do povo venezuelano é católica e cristã e gostamos de recordar o Menino nascido em Belém: Nosso Senhor Jesus Cristo. Não deixemos que essa corrente secularizada, pior ainda, antirreligiosa, se faça presente entre nós. Não vamos sucumbir aos ataques da indiferença religiosa e ao ataque contra a religião, que estão ocorrendo em alguns países do Ocidente”, afirmou.

O Cardeal Urosa também destacou que “as festividades litúrgicas de Ano Novo estão imersas no ambiente religioso natalino. Isso é estupendo, pois nos reafirma na fé católica de que nossas vidas, o tempo e a história da humanidade estão nas mãos bondosas de Deus. E por isso, porque sabemos que Ele nos ama, começamos o novo ano cheios de esperança”.

“No início deste novo ano, aproximemo-nos mais de Deus e façamos o propósito de viver de acordo com a sua Palavra, que é Palavra de vida e paz. Lutemos por defender nossos direitos e os direitos dos demais, e trabalhemos juntos especialmente para ajudar nossos irmãos, especialmente os mais pobres”, exortou.

“Que Deus nos conceda sua graça e sua luz para lutar todos juntos por uma Venezuela melhor. E que resolvamos nossos graves conflitos pacificamente. Confiamos o futuro de nosso país à intercessão materna de Maria Santíssima, a Virgem de Coromoto, Padroeira da Venezuela e de nossa Arquidiocese de Caracas”, concluiu o Cardeal Urosa.

Além da grave escassez de alimentos, medicamentos e itens essenciais, a Venezuela também sofre com a falta de água e eletricidade.

A taxa de câmbio na Venezuela foi cotada no domingo, 29 de dezembro, a 47.502,03 bolívares por dólar no mercado paralelo, segundo o portal DolarToday.

Ao problema da desvalorização do bolívar soma-se o da inflação que, de acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI), atingirá 200 mil por cento (200.000%) no final de 2019.

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