Neste ano, a Missa de Natal não foi celebrada em Notre Dame de Paris, pela primeira vez desde a Primeira República Francesa, e o reitor da Catedral assegura que há uma possibilidade alta de que o edifício não possa ser reconstruído de forma segura e que termine desabando.

A igreja "não está fora de perigo", disse Mons. Patrick Chauvet à Associated Press em 24 de dezembro. "Estará fora de perigo quando retirarmos o andaime restante” acrescentou.

O andaime, que estava presente no edifício antes do incêndio em 15 de abril, quando eram realizados trabalhos de restauração, fundiu-se durante o incêndio. Estima-se que ainda há 551 toneladas de metal presentes na parte superior da catedral.

“Hoje podemos dizer que talvez haja 50% de chance (de que a catedral) se salve. Também há 50% de chance de que os andaimes caiam sobre as três abóbodas, por isso, como podem ver, o edifício ainda é muito frágil”, acrescentou Mons. Chauvet.

A última vez que a Missa de Natal não foi celebrada em Notre Dame foi em 1803, o último Natal da Primeira República Francesa. Em 1793, no meio da Revolução Francesa que estabeleceu a república, a catedral foi "re-dedicada" ao "Culto da Razão", uma religião criada pelo estado que pretendia substituir o catolicismo. Mas foi devolvida à Igreja no início do século XIX.

Mons. Chauvet disse que, uma vez removidos os andaimes, serão iniciados os trabalhos de restauração. Acredita que isso não acontecerá até 2021, no mínimo.

“Precisamos remover completamente os andaimes para que o edifício fique seguro, por isso, em 2021 provavelmente começaremos a restauração da catedral. Uma vez que o andaime for retirado, precisamos avaliar o estado da catedral, a quantidade de pedras que serão eliminadas e substituídas”, explicou.

Quando a reconstrução começar, serão necessários cerca de três anos para que a catedral possa ser aberta ao público, disse Mons. Chauvet. Embora o presidente francês Emmanuel Macron tenha prometido nos dias após o incêndio que a catedral seria reconstruída a tempo dos Jogos Olímpicos de Verão de 2024, que serão realizados em Paris, parece pouco provável.

Quando começou o incêndio, temia-se que todo o edifício pudesse ficar destruído. Depois de 12 horas de luta, só se perderam o teto e o pináculo, e a maioria das abóbodas de pedra ficaram conservadas. A grande maioria dos tesouros e relíquias que eram armazenadas na catedral, incluindo a Coroa de Espinhos, foram retirados da igreja e não sofreram danos.

Além do dano estrutural causado ​​pelo fogo, as chamas também liberaram uma grande quantidade de pó de chumbo tóxico devido ao colapso do pináculo. Os níveis de concentração de chumbo dentro e ao redor da catedral são aproximadamente 500 a 800 vezes o limite para níveis aceitáveis ​​de exposição.

Desde o incêndio, apenas uma Missa foi celebrada na catedral. No dia 16 de junho, aniversário da dedicação do altar da catedral, a celebração foi realizada em uma das capelas laterais que não tinham sido danificadas pelo fogo. Todos que compareceram tiveram que usar capacetes de proteção.

Ainda não foi determinado o que causou o incêndio. As autoridades sugerem que pode ter sido um cigarro ou um mau funcionamento elétrico.

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