O diretor editorial do Dicastério para a Comunicação Social, Andrea Tornielli, respondeu perguntas vindas das Redes Sociais do Vatican News em português, o serviço oficial de notícias do Vaticano, sobre temas relacionados ao próximo Sínodo para a Amazônia, que se desenvolve em Roma entre os dias 06 e 27 de outubro.

A primeira seção de respostas deu-se nesta quinta, 19, e junto a Andrea Tornielli estava Silvonei José Protz, jornalista responsável pelas mídias em português do Vaticano, que levou perguntas dos usuários ao diretor.

“Com o aproximar-se do Sínodo da Amazônia, o Vatican News quer dar a sua contribuição diante do interesse que o evento está suscitando na imprensa e nos fiéis. Toda quinta e segunda, o editor-chefe, Andrea Tornielli, responde e comenta alguns pontos levantados por nossos seguidores nas redes sociais”, afirmou Silvonei.

Segundo Protz, o Vaticanews tem recebido “muitas perguntas e muitas afirmações” sobre o “nosso Sínodo Pan-Amazônico que recordamos terá início no dia 06 de outubro aqui no Vaticano reunindo bispos de toda a nossa Amazônia não só a Amazônia do Brasil, mas a Pan-Amazônia”.

“E chegaram afirmações um pouco difíceis de digerir...”, prossegue, “a primeira delas: O Sínodo quer desmembrar territórios da Amazônia e declará-los independentes.”

À esta afirmação Tornielli responde: “Caro Silvonei, esta afirmação é uma pura falsidade, simplesmente porque o Sínodo é uma reunião da Igreja, dos bispos e não tem nenhum poder político, não é um parlamento, e portanto não pode entrar na soberania de nenhum dos nove países em cujo território se situa a Amazônia. Então é uma pura falsidade, que até mais parece uma brincadeira, uma piada”.

Em seguida, Protz coloca a segunda afirmação chegada pelos usuários das redes sociais de Vaticanews: “O Sínodo vai aprovar as ordenações de mulheres...”

“Também esta é uma verdadeira falsidade, porque em 1994 São João Paulo II publicou um documento – Ordinatio Sacerdotalis- muito claro, que exclui a possibilidade de a Igreja ordenar mulheres sacerdotes, e assim permanecendo fiel à tradição dos primeiros dois mil anos da sua história”, respondeu Tornielli.

“Além disso”, continuou o diretor, “sabemos também que os sucessores de São João Paulo II -ou seja Bento XVI e hoje o Papa Francisco- disseram várias vezes explicitamente que não têm nem mesmo a intenção de propor um passo do gênero. E portanto é algo que não está na agenda, nunca esteve nem estará. E não tem nada a ver com o Sínodo”.

“O Sínodo vai aprovar a ordenação de homens casados?”, foi a seguinte pergunta de Silvonei José.

“Em primeiro lugar, é uma questão metodológica: o Sínodo não aprova nada, porque é um órgão consultivo. O Papa é quem decide”, asseverou o Diretor.

“Nós sabemos, porque lemos, que no Instrumentum Laboris do Sínodo se fala da dificuldade que muitas comunidades de regiões distantes da Amazônia possuem, de ter os sacramentos e, portanto de ter sacerdotes que possam celebrar a Missa”, continuou Tornielli.

“Porém, devemos dizer alguma coisa. Antes de tudo, que há muitos séculos na Igreja Católica existem sacerdotes casados: são os sacerdotes das Igrejas Católicas Orientais, que voltaram à plena comunhão com Roma, que têm sacerdotes casados. Atenção: não é que os padres podem se casar. São ordenadas pessoas que já são casadas. Isto para os orientais. Mas, talvez seja uma surpresa para os nossos ouvintes, a mesma coisa existe também na Igreja de rito latino, em forma de exceção, desde o tempo de Pio XII. O Papa Pacelli acolheu ex-sacerdotes anglicanos que queriam entrar em comunhão com Roma e, como eram sacerdotes casados, ordenou-os sacerdotes e eles mantiveram as suas famílias”.

“Além disso, o próprio Bento XVI, com a Constituição Anglicanorum coetibus, estabeleceu que esta exceção pode efetivamente continuar no caso dos anglicanos. Portanto, já existem exceções”, declarou.

“O Sínodo discutirá a possibilidade, em alguns casos, para territórios como os da Amazônia, de se propor a ordenação de homens casados, isto é, de catequistas, de pessoas idosas que exercem um papel de responsabilidade nas diversas comunidades. Mas, não se trata de uma decisão tomada e não é certo que essa decisão venha a ser tomada. Em todo caso, não será uma decisão do Sínodo, mas será uma decisão do Papa”, concluiu Andrea Tornielli.

Terminando o colóquio, Silvonei José sublinha a afirmação de Tornielli, enfatizando que o Sínodo é “consultivo e não deliberativo”.

“É uma resposta que o Papa chama para o Colégio Sinodal onde se conversa, se propõe temas mas quem decide deliberativo é o Santo Padre através de uma Carta Apostólica ou uma Exortação Apostólica (...) mas é o Papa quem decide”.

Nos próximos dias 23 e 26 e 30 de setembro, o diretor responderá novamente as perguntas enviadas ao Vaticannews através das redes sociais, na série especial de perguntas e repostas sobre o Sínodo. Para enviar perguntas e assistir os vídeos, acesse:

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** Atualizada em 20 de setembro de 2019, 12:23 horario de Brasilia, corrigindo as datas das próximas exibições dos vídeos.

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