A Diocese de Maidiguri (Nigéria) foi uma das mais saqueadas pelo grupo terrorista Boko Haram. O Bispo local, Dom Dashe Doeme, agradeceu a colaboração da Fundação Pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (ACN) na reconstrução da catedral e de muitas igrejas e capelas, possibilitando assim que a situação volte à normalidade.

O grupo terrorista Boko Haram, desde 2009, semeia terror na Nigéria com o objetivo de estabelecer um estrito Estado Islâmico, especialmente no norte do país.

Há dez anos não cessaram os ataques a aldeias inteiras, o assassinato, a mutilação da população e o bombardeio de igrejas e lugares públicos, assim como o sequestro, especialmente de mulheres e crianças para forçá-las a se converter ao islamismo. 

Em declarações à Ajuda à Igreja que Sofre (ACN), o Prelado disse que durante os últimos dez anos "a Igreja da Diocese de Maidiguri sofreu uma perseguição implacável", "os membros desta seita islâmica [Boko Haram] causaram uma destruição colossal de vidas e propriedades".

No entanto, Dom Doeme apontou que nos últimos tempos “as coisas melhoraram bastante: muitas de nossas pessoas deslocadas voltaram para suas casas, a fé dos crentes está se fortalecendo e algumas das estruturas destruídas foram reconstruídas. Apesar de tudo, damos graças e louvamos a Deus pela sua misericórdia e bondade para conosco”.

De fato, em 10 de julho de 2019, a Catedral de São Patrício da Diocese de Maidiguri, no nordeste do país, reabriu suas portas ao culto, após sofrer ataques com bombas em momentos diferentes de 2012, mas nos quais não houve nenhuma vítima.

“No entanto, a catedral, a residência dos padres e os escritórios diocesanos foram severamente afetados pelas explosões. A consagração da catedral recém-reconstruída da Diocese de Maiduguri [em 19 de junho de 2019] é um sinal claro de que Deus permitiu a vitória do seu povo e marca o início da recuperação da crise”, assegurou Dom Doeme .

“Em 2014, mais da metade das áreas que pertencem à nossa diocese estavam sob o controle da Boko Haram. Naquela época, nunca imaginaríamos que agora teríamos uma nova catedral na cidade de Maiduguri”, assinalou.

O Prelado também destacou o grande trabalho realizado pelos leigos que permaneceram na diocese durante esse período, pois, de fato, foram eles que “arrecadaram até três quartos dos fundos necessários para a construção da nova catedral. Agradecemos à Fundação Pontifícia ACN por seu apoio. O bem mais valioso que a Igreja possui no meio dessa perseguição é a fé do povo”.

Mas a catedral não foi a única a sofrer os ataques do Boko Haram. O seminário de Maidiguri “foi transformado pelos terroristas em um acampamento onde reuniram os seus recrutas e guardaram os despojos das pilhagens. Quando abandonaram o seminário, atearam fogo à maior parte do complexo”.

Agora, graças à ajuda da ACN, a reconstrução do seminário já começou com o centro de formação catequética, destruído em 2014 e saqueado por terroristas, e dois conventos, dois hospitais, 15 escolas missionárias, mais de dez casas paroquiais e mais de 250 igrejas ou capelas.

O ano mais violento contra os cristãos foi 2014, quando “mais de 25 padres foram deslocados, mais de 45 religiosas tiveram que abandonar os seus conventos, mais de 200 catequistas foram expulsos dos seus locais de trabalho e mais de 100 mil católicos tiveram de fugir das suas casas” devido ao Boko Haram.

No entanto, indicou que nos últimos anos a segurança melhorou e todos os sacerdotes puderam retornar aos seus lugares de apostolado.

“Das 44 paróquias e áreas pastorais que temos na diocese, apenas três paróquias ainda não estão funcionando porque registram ainda episódios de violência. Algumas irmãs voltaram também aos seus conventos, mas outras não regressaram ainda, pois os edifícios ainda não foram reconstruídos. Mais de 90 por cento dos nossos leigos regressaram às suas comunidades”, afirmou o Bispo.

Desse modo, o Prelado agradeceu a colaboração da Ajuda à Igreja que Sofre (ACN) e disse que “tem sido a espinha dorsal da Igreja na nossa diocese. Sem o apoio da ACN, a Igreja teria entrado em colapso há muito tempo”.

Confira também:

Mais em