“ISIS (Estado Islâmico) não está morto! Continuemos ajudando os perseguidos, especialmente os cristãos!”. Com esta advertência e chamado, a Fundação Pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (ACN) lançou uma nova campanha de informação na qual tenta conscientizar sobre o perigo que esta organização jihadista ainda representa para os cristãos no Iraque e na Síria.

Com o auge do Estado Islâmico em 2014, quando a organização terrorista conquistou grande parte do norte do Iraque, especialmente a Planície de Nínive, onde se encontra grande parte da população cristã iraquiana, começou um êxodo de cristãos que buscavam refúgio na região do Curdistão iraquiano, onde as tropas peshmerga acolheram e protegeram numerosos refugiados.

Na cidade de Karamless, perto de Mossul, 3.500 pessoas, quase todas cristãs, escaparam nos dias posteriores à invasão. A repressão ficou narrada em uma das histórias divulgadas pela Ajuda à Igreja que Sofre. Uma mulher, com mais de 80 anos, foi presa em agosto de 2014, nos dias após a ocupação da Planície de Nínive, e condenada à morte pelo ISIS sob acusação de infringir a lei do Estado Islâmico. Foi queimada viva.

Os cristãos começaram a retornar a Mossul e à Planície de Nínive depois que o exército iraquiano recuperou o controle da região em julho de 2017. No entanto, as marcas do ISIS foram e continuam sendo muito profundas: destruíram povoados e bairros inteiros. Todas as igrejas foram destruídas ou convertidas em quartéis para terroristas, os cemitérios foram profanados, as infraestruturas destruídas... Hoje, cerca de 2000 iraquianos, metade deles cristãos, voltaram a Karamless.

Para ajudá-los e para reativar o coração cristão da cidade, Ajuda à Igreja que Sofre está reconstruindo o Centro Pastoral de São José. Trata-se de uma iniciativa que se desenvolve na segunda fase de reconstrução da cidade, depois de ter reconstruído casas, o asilo e a escola.

Após ter perdido todo o território sob seu controle em 2017, graças às ações militares internacionais realizadas no Iraque e na Síria, após a ofensiva jihadista do verão de 2014, o Estado Islâmico está se reativando nesses dois países do Oriente Médio, segundo assinalou recentemente o Departamento de Defesa dos Estados Unidos.

O motivo seria, precisamente, a redução das forças militares dos EUA no Iraque, uma vez que a organização terrorista foi destituída de seu poder territorial. A incapacidade dos exércitos sírio e iraquiano de controlar seu território estaria favorecendo o reagrupamento e o fortalecimento das estruturas locais do ISIS.

A organização continua contando com redes clandestinas intactas e com alianças decisivas entre alguns setores da população local de identidade sunita, insatisfeitos com os governos xiitas que governam os dois países.

O sunismo e o xiismo são os dois ramos do Islã que, embora tenham vivido juntos de maneira mais ou menos harmoniosa ao longo dos séculos, agora estão sendo usados ​​por potências locais e por grupos terroristas para dividir e fazer a população entrar em conflitos civis de acordo com seus interesses.

Além disso, como informou recentemente a agência vaticana Fides, o governo iraquiano encontrou grandes dificuldades para integrar as diferentes milícias que surgiram na luta contra o ISIS e que, até agora, trabalhavam como aliados do governo iraquiano e da comunidade internacional.

Muitas dessas milícias estavam formadas por voluntários xiitas financiados pelo Irã, o principal poder xiita na região que tenta manter sua influência sobre seu vizinho iraquiano frente à sua grande rival, a Arábia Saudita, principal defensora dos interesses sunitas no Oriente Médio.

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