O Arcebispo de Nova York, Cardeal Timothy Dolan, informou que o Cardeal Ernest Simoni, que esteve preso por 18 anos por causa de sua fidelidade à Igreja e por ter celebrado uma Missa pela morte do presidente John F. Kennedy, está visitando a cidade norte-americana.

 “Tenho a honra de lhes apresentar, da minha casa, o Cardeal Ernest Simoni, da Albânia. Foi criado Cardeal pelo Papa Francisco há três anos, em reconhecimento ao sofrimento que padeceu sob os comunistas" nesse país europeu, disse o Cardeal Dolan em um vídeo publicado, em 5 de agosto, em sua conta no Twitter.

O Cardeal Dolan explicou que o Cardeal Simoni “era um sacerdote simples e trabalhador na Albânia, quando o Papa Paulo VI pediu que oferecessem missas s pela alma de John F. Kennedy após seu assassinato. Ele ofereceu a Missa por Kennedy e foi preso”.

Kennedy foi assassinado em 22 de novembro de 1963, após receber vários tiros durante sua visita a Dallas, no estado do Texas.

O Arcebispo de Nova York lembrou que o regime comunista da Albânia colocou Pe. Simoni “em um campo de trabalho, em uma prisão. Sobreviveu, diz que foi com a ajuda de Jesus e Maria, e depois o Papa Francisco o fez cardeal como reconhecimento por ter sofrido muito pela fé”.

O Cardeal Dolan chamou o Cardeal Simoni de "confessor da fé", pois viveu "a fé em um ambiente onde há perseguição, e isso foi o que fez o meu irmão cardeal".

“Contaram-me que quando esteve com o Cardeal Giuseppe Betori, Arcebispo de Florença, as crianças lhe perguntavam por que o Cardeal Simoni usava essas roupas vermelhas. O Cardeal Betori lhes disse que é porque um cardeal deve estar disposto a derramar seu sangue pela fé. Este homem (Cardeal Simoni) derramou seu sangue não a ponto de morrer, mas pôde continuar vivendo. Nós amamos você, meu irmão!”, continuou Cardeal Dolan.

Em italiano e dirigindo-se ao Cardeal Simoni, o Cardeal Dolan disse: “Obrigado por sua visita. Obrigado pelo dom dos albaneses aqui no país. Eles realmente são um dom. Obrigado".

O testemunho do Cardeal Simoni

Em setembro de 2014, o Papa Francisco visitou a Albânia e ouviu o testemunho do então Pe. Ernest Simoni, após o qual se aproximou dele e chorou.

Em 1944, as autoridades comunistas tentaram eliminar o clero e o cristianismo. Depois de sete anos de prisões, torturas e assassinatos, reuniram os sacerdotes e disseram que os deixariam tranquilos se se distanciassem do Vaticano. Os presbíteros recusaram a oferta.

Pe. Simoni lembrou que, antes de ser ordenado sacerdote, estudou com os franciscanos de 1938 a 1948, mas quando seus superiores foram fuzilados, ele teve que continuar seus estudos clandestinamente. Foi ordenado em 1956.

Em 24 de dezembro de 1963, no final da Missa de Véspera de Natal, quatro oficiais lhe apresentaram o decreto de sua prisão e fuzilamento. Foi algemado e preso. No interrogatório, disseram para ele que seria enforcado como um inimigo porque disse ao povo, “que caso seja necessário, todos morreremos por Cristo”.

As torturas o deixaram muito mal. No entanto, "o Senhor quis que eu continuasse vivendo", lembrou o Cardeal Simoni.

Entre as acusações contra ele, estava a de ter celebrado a Missa pela alma do presidente John F. Kennedy.

“A Divina Providência quis que minha sentença de morte não fosse executada imediatamente. Na sala, trouxeram outro prisioneiro, um querido amigo meu, com o objetivo de me espionar, ele começou a falar mal do partido”, o sacerdote contou ao Papa Francisco, em 2014.

Os comunistas mudaram sua sentença de morte para 28 anos de trabalhos forçados. “Eu trabalhei nos canais de esgoto e, durante o período da prisão, celebrei a Missa, confessei e distribuí a comunhão às escondidas”, recordou.

Em 1973, Pe. Simoni foi novamente condenado à morte, acusado de instigar a rebelião, mas os seus companheiros de prisão testemunharam a seu favor e a pena não foi cumprida. Passou 18 anos na prisão até ser libertado em 1981. Exerceu o sacerdócio clandestinamente até a queda do regime comunista em 1990.

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O Papa Francisco o criou Cardeal no Consistório de 19 de novembro de 2016, juntamente com 16 outros novos cardeais.

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