O Arcebispo Emérito de Havana, Cardeal Jaime Ortega Alamino, faleceu nesta sexta-feira, 26 de julho, na capital cubana, aos 82 anos, após sofrer de câncer.

"O Cardeal Jaime faleceu e, ao começar a sentir sua ausência física, revivem, junto ao carinho cheio de agradecimento, as lembranças de sua qualidade pessoal e de seu incansável zelo pastoral”, expressou o Arcebispo de Havana, Dom Juan García Rodríguez, em um comunicado emitido nesta sexta-feira.  

O Purpurado foi uma figura importante no diálogo que permitiu a reaproximação entre os Estados Unidos e Cuba em 2014, após 50 anos de tensões. Além disso, exerceu mediação ante o governo comunista para permitir a libertação dos últimos prisioneiros de consciência que restavam da Primavera Negra de 2003.

Como Arcebispo de Havana, o Cardeal Ortega participou da visita a Cuba de São João Paulo II, em 1998, Bento XVI, em 2012, e do Papa Francisco, em 2015.

Nascido na província de Matanzas, em 18 de outubro de 1936, o Cardeal foi também Bispo de Pinar del Río. O Papa Francisco aceitou sua renúncia como Arcebispo de Havana em 26 de abril de 2016 e nomeou como sucessor o atual Arcebispo, Dom Juan García.

Em seu comunicado, Dom García Rodríguez recordou o lema sacerdotal e episcopal do Purpurado: "Nós carregamos este tesouro em vasos de barro" e "A minha graça te basta". Além de suas inúmeras ações e obras pastorais, ambos os lemas "nos permitem aproximar-nos à biografia espiritual do pastor cuja ausência sofremos hoje", acrescentou.

Por sua vez, a Ermida da Caridade em Miami (Estados Unidos), afirmou que "se une à Igreja cubana em oração pelo descanso eterno do Cardeal Jaime Ortega". “Que o Senhor lhe conceda o descanso eterno e que brilhe para ele a luz perpétua”, expressou.

O Arcebispado de Havana informou que os restos mortais do Cardeal estarão expostos na catedral a partir da tarde de sexta-feira até domingo. A Missa de Exéquias será no dia 28 de julho, às 15h.

Além de convidar sacerdotes, religiosos e leigos para rezar por seu descanso eterno, o Arcebispado solicitou que, "segundo a nossa tradição, os sinos deverão soar entre meio dia e seis horas da tarde de sexta-feira e sábado".

Sua vida

O Cardeal Jaime Ortega nasceu em Jaguey Grande, Província de Matanzas (Cuba), em 18 de outubro de 1936. Foi ordenado sacerdote em 2 de agosto de 1964; bispo em 14 de junho de 1979; e criado Cardeal em 26 de novembro de 1994 por São João Paulo II.

Foi presidente da Conferência dos Bispos Católicos de Cuba por três períodos consecutivos (1988-1998) e novamente de 2001 a 2004. Participou da IV Conferência Geral do Episcopado Latino-americano em Santo Domingo, em 1992.

Apesar das restrições existentes em Cuba, em 8 de setembro de 1993, escreveu, juntamente com o Arcebispo de Santiago de Cuba, Dom Pedro Claro Meurice Estiú, e os bispos das outras dioceses, a Carta Pastoral "O Amor espera tudo", criticada pelo governo comunista de Fidel Castro e atacada pela imprensa oficial que nunca publicou este documento.

Em 2004, a Instituição de Mérito Humanitário com sede em Barcelona o condecorou com a Grande Cruz ao Mérito Humanitário. Além disso, recebeu doutorados honoris causa pelas universidades St Thomas e Berry, em Miami, Flórida; Providence, em Rhode Island; St John, em Nova York; Universidade de San Francisco, na Califórnia; e a Universidade Popular Autônoma do Estado de Puebla, no México. Também foi homenageado com o Prêmio Bonino Pulejo Foundation, de Messina (Itália), entre outros.

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