Depois de sua visita ao Panamá, o Papa Francisco vai empreender uma nova viagem de 3 a 5 de fevereiro, desta vez com destino aos Emirados Árabes Unidos, onde há uma comunidade cristã de imigrantes que, embora pequena, é extremamente ativa.

Alicia Vacas é religiosa comboniana, vive em Amã (Jordânia) e é responsável por esta comunidade no Oriente Médio, pois conhece profundamente a realidade dos cristãos nos Emirados Árabes Unidos.

Como declarou em uma entrevista ao Grupo ACI, ela espera que a próxima visita do Papa Francisco para Abu Dhabi (Emirados Árabes Unidos) aumente a "visibilidade dos cristãos nos Emirados Árabes Unidos e na Península Arábica para que possam ocorrer mais ocasiões de oração e reflexão, e que os cristãos não sejam vistos apenas como uma mão de obra que vem para trabalhar, mas que tenham uma vida mais ativa e presente na sociedade".

"A visita do Papa responde a um convite formal que o Emir fez pessoalmente ao Papa Francisco e ao Bispo Paul Hinder", explicou a religiosa e destacou que "faz parte do Ano da Tolerância", realizado em todo o Emirados em memória do fundador do país, Sheikh Zayed Bin Sultan Al Nahyan.

"Acredito que esta visita, com tudo o que isso implica, certamente quer transmitir uma mensagem de abertura e tolerância. Em relação a outros países [muçulmanos], a Igreja tem uma vida mais respeitosa e o governo permitiu a abertura de várias novas igrejas, algo que antes não era possível", disse a religiosa.

A Igreja nos Emirados Árabes Unidos

Os Emirados Árabes Unidos (EAU) são um país eminentemente muçulmano. Segundo o relatório sobre a liberdade religiosa da Fundação Pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (ACN), 76,7% da população pratica o Islã, enquanto 12,4% são cristãos.

A religiosa comboniana explicou que "não há cristãos locais, a Igreja é composta por imigrantes em sua totalidade e a maioria são asiáticos, indianos ou filipinos, mas também há cristãos europeus ou americanos que vivem aqui por questões de trabalho".

Também explicou à Fundação ACNque nos Emirados Árabes a sociedade "é regida pela sharia islâmica", mas sendo um país com uma alta proporção de imigrantes, "três imigrantes para cada local", "as relações cotidianas são mais fáceis, embora seja necessário reconhecer que nem o cristianismo nem o resto das religiões minoritárias têm alguma influência real sobre a vida social".

"Nos Emirados Árabes Unidos não vivemos grandes problemas, mas sabemos que os cristãos são uma minoria e que fora da igreja não é permitido qualquer expressão religiosa que não seja islâmica, então você tem que viver com respeito e prudência essa situação", assegurou à Fundação ACN.

Sustentada por leigos

Irmã Alicia explicou que "a Igreja nos Emirados Árabes Unidos (EAU) é uma realidade muito rica, muito viva e muito variada, talvez pouco conhecida no mundo, mas muito significativa". Os leigos são "muito comprometidos, vivem muito forte a sua fé e têm uma participação enorme em tudo o que se organiza em torno da igreja paroquial, que é sustentada pela colaboração dos leigos".

Por isso qualifica esta Igreja como "exemplar" e que "caminha com as pernas dos leigos", porque, "para os poucos agentes pastorais, sacerdotes, religiosos e religiosas que trabalham aqui, seria impossível coordenar todas as atividades realizadas" e sem a ajuda dos leigos que também ocupam cargos de decisão.

Indicou que na paróquia de Dubai há nove mil crianças que frequentam a catequese toda semana. "Para isso, há cerca de 200 catequistas formados e entre 200 e 300 voluntários que possibilitam o movimento de todas essas crianças na Igreja", assinalou.

Devido a esta altíssima frequência na Paróquia, Alicia aponta que uma das obras mais importantes é a "formação de catequistas, pois como são migrantes, é muito comum que tenham que mudar de país, assim, deve ter sempre alguém disposto e formado para assumir este grupo de catequese”. “É muito bonito pensar que as irmãs já formaram milhares de catequistas que agora estão trabalhando em paróquias do mundo inteiro”, indicou.

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